Gritaste.
Deixaste sair de ti a voz
Cansada e desanimada,
Entranhada pelo drama.
Voou das tuas mãos, já abertas,
A pomba de um olhar feito esperança.
Na casa onde te fechaste
Só resta a negritude asfixiante
De um caminho bloqueado.
Convidei-te a um passeio
Que fosse encontro, reencontro,
Com a natureza, contigo.
Passo a passo, ao som das ondas,
Cheirando a maresia, a húmus, a mar,
Conhecemos o sabor triste e amargo
Da nossa vontade paralítica,
Do nosso querer, feito impotência.
(Lisboa, 1978)
(In “Caminhando”, Suplemento de “A Chama”, Olivais Sul, 1983)
sexta-feira, novembro 04, 2005
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