sexta-feira, outubro 28, 2005

Bom Fim-de-Semana

Todas as vezes que me esperarem

Todas as vezes que me esperarem
Saibam que me posso demorar

Fui já muitas vezes
Pelo menos neste tempo imperfeito
O esperado de viagens inesperadas

Todas as vezes que me esperarem
Saibam que posso antecipar-me

quinta-feira, outubro 27, 2005

Desassossego

Sinto-me perdido e sem norte
Na praça dos que giram sem bússola.

O meu desassossego é considerar-me
Preso ao que não compreendo.

Sinto-me do lado de lá da fronteira.

Entre mim e os que habitam a Praça
A barreira das convenções, das regras, da lei.

Dos moradores da Praça para mim
A indiferença, o esquecimento, a porta fechada.

De mim para os de dentro
A compreensão da sua cegueira.

Por isso, as minhas incursões
Em terras que não me pertencem.

Lisboa, 1977
(In “Caminhando”, Suplemento de “A Chama”, Olivais Sul, 1983)

quarta-feira, outubro 26, 2005

Desabafos de privilégios (2)

Hoje de manhã, vi e ouvi, na RTP, um dos Juízes em greve, a justificar as suas posições. Continuei de boca aberta. Por decoro, não reproduzo aqui o que me veio ao pensamento (ou até o que se me escapou verbalmente, sem querer, o que motivou, aliás, reparos da minha companheira).

Palavra de honra, é não ter vergonha nenhuma na cara. Sobretudo é não ter respeito nenhum por todos aqueles que, como disse ontem, são os verdadeiros deserdados da vida, os que levam da vida o sabor amargo da necessidade básica não resolvida, os que nunca contaram para nada (nem para esta comunicação social tão atenta e solícita a estes tão dignos representantes da soberania enquanto órgão).

Então não é que estes Senhores, que se julgam acima de todos os outros seus concidadãos (basta ver quem julga os seus recursos, quem define – ou quer definir – as regras das suas greves - serviços mínimos, etc.), vêm agora carpir – tipo viúva sofrida – sobre o estado da Justiça em Portugal. Só agora? Por onde têm andado eles todos estes anos?

Parece, de facto, que hoje tudo está parado nos serviços de justiça. Bom, se se perguntar à geral, creio que ninguém vai reparar, tal o atraso que por lá anda.

terça-feira, outubro 25, 2005

Rosa Parks


Faleceu, hoje, em Detroit, Rosa Parks, considerada um dos ícones do movimento dos direitos civis dos negros, nos Estados Unidos. Tinha 92 anos.

É bom saber que há pessoas, como o Armando Ésse (A Fábrica), por exemplo, que cá estão para nos lembrarem do que é importante.

Desabafos de privilégios


Cá para mim já está a cheirar mal (mas mesmo muito) todas estas situações ligadas às questões dos magistrados do ministério público e dos seus funcionários.

Depois de ouvir, hoje na comunicação social, os argumentos dados por um juiz, pasmei e fiquei de boca aberta. Para não dizer outra coisa (o pensamento é livre e escapam-nos muitas vezes expressões bem mais fortes). Na verdade, são uns desgraçados, cheios de problemas com a vida que levam, com ordenados de miséria, com cargas horárias sobre-humanas, trabalhando debaixo da tirania de patrões execráveis, que os não deixam levantar sequer a cabeça. E se protestam ou recorrem do que lhes impõem, as sentenças são sempre contra si.

A sério, a sério, quer-me cá parecer a mim que um dia os verdadeiros deserdados da vida, os que levam da vida o sabor amargo da necessidade básica não resolvida, os que nunca contaram para nada (nem para esta comunicação social tão atenta e solícita a estes tão dignos representantes da soberania enquanto órgão), poderão dar-lhes a resposta adequada. E, se calhar, necessária. E, curiosamente, com a calma, a mansidão, a paz, a justiça que, por agora, esses Senhores parece não terem.

E já agora, para que não hajam dúvidas sobre algumas coisas, vale a pena ler este post do Câmara Corporativa sobre os vencimentos dos juízes e procuradores por essa Europa fora.

Haja Deus, meus Senhores!

Cá vamos cantando e rindo…


Hoje à tarde, não estarei de certeza no Hotel Ritz, na apresentação do manifesto da candidatura de Mário Soares à Presidência da República.

E por falar nisso: porque será que quando olho a candidatura de Mário Soares, me lembro logo de sucessões monárquicas? Ou que quando olho a candidatura do Senhor Silva, me lembro logo de caudilhos?

Que me desculpem o desabafo. Mas serei eu, estou certo, que estou a precisar de me recompor.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Trova do meu jardim

Ai vento do meu País
Que novas do meu Jardim?

São tempos difíceis e turbulentos
Estes dias de gente estranha e esquisita.

Ai vento do meu País
Que novas do meu Jardim?

São dias e dias de desalento
Em horas e horas desiguais.

Ai vento do meu País
Que novas do meu Jardim?

São dias de caras longínquas e disformes
Feitas esgares de impropérios sonoros.

Ai vento do meu País
Que novas do meu Jardim?

Espero tempos de mudança segura
Em momentos drásticos de incerteza.

E são tempos de ocasos vermelhos
Do sangue que já nem bebemos.

Ai vento do meu País
Que novas do meu Jardim?

Trazes tão somente o sonho
Que teimamos ainda respirar.

(Teorema, Dezembro 2003)

sábado, outubro 22, 2005

Bom Fim-de-Semana

Dias dos Reis
Quinta da Regaleira, Sintra

O Senhor Silva (2)

"É este D. Sebastião do século XXI que deixou o país numa profunda crise após dez anos do seu governo"
Jerónimo de Sousa, sobre Cavaco Silva num comício em Lisboa
(Público, “A Frase”, 22 de Outubro de 2005)
Embora nem sempre, nisto, pelo menos, estou de acordo com Jerónimo de Sousa.
Na verdade, eu não diria melhor.

sexta-feira, outubro 21, 2005

O Jardim (I)

Há de tudo no meu jardim.

Não é muito grande.
Mas tem alguns canteiros
Plenos de cor e vida
Porque as flores crescem viçosas
E não se cansam de cantar.

Tem uma árvore grande
Ao centro - é claro!
A sua sombra suave
Acolhe como um pai
Aqueles que se abandonam
Às suas carícias ternas.

E tem algumas pedras
O meu jardim pequenino
Como o planeta do pequeno príncipe.
E são duras e secas e soltas
E às vezes aleijam.

E tem ervas e cardos e espinhos
Que se escondem a um canto
E por vezes surgem e desaparecem
Traiçoeiros e maldosos.

Há de tudo no meu jardim.

É pequeno como um ninho
Mas quando o olho e sinto
Parece enorme como a Via Lactea.

É um jardim que é só meu
Porque só eu sou capaz de o ver.

quinta-feira, outubro 20, 2005

O Senhor Silva

Parece que é hoje. Finalmente vai acabar o folhetim (tabu contra o ruído…). Segundo dizem os seus fiéis “sacerdotes”, os que, nos tablóides e noutros que tais, andam à tempos imemoriais a arengar-nos a paciência com as doutas virtudes do mesmo, o “desejado” vai ser revelado, hoje, no altar do Centro Cultural de Belém. Qual querubim, serafim, ou seráfico ser, digno das mais elevadas primícias eternas, ele aí está, com todo o seu esplendor.

Cá por mim, cheio de dúvidas e que me engano muitas vezes (porque ser humano, afinal), desconfiei desde sempre daqueles que se assumem como os que “nunca têm dúvidas e raramente se enganam”.

Por isso, cá por mim, o Senhor Silva poderia ter ficado lá por Boliqueime. Acho que ficaríamos todos a ganhar…

quarta-feira, outubro 19, 2005

Ditadores e Ditadores (2)

Depois de ter escrito o post anterior, deparei com esta notícia no Público.

No entanto, e pelo andar da carruagem, não vamos ter com este ex-ditador do Chile, a mesma pressa, a mesma pressão, a mesma urgência que estamos a ter – e muito bem, diga-se – com o ex-ditador do Iraque.

Cá para mim, está-se à espera que Augusto Pinochet parta para a derradeira viagem, para depois lamentar-se que já não se pode fazer nada. Coitado.

(Em memória dos que pereceram por pensarem diferente…)

Ditadores e Ditadores


Segundo rezam as crónicas, começa hoje, em Bagdad, o julgamento de Saddam Hussein, ex-ditador do Iraque. Como diz o Público, “o «grande líder», como se fazia descrever, comparando-se a Nabucodonosor, que conquistou Jerusalém, ou a Saladino, que venceu os cruzados, sonhava unir todos os árabes numa só nação sob seu controlo.” É, segundo consta, o primeiro líder do mundo árabe a sentar-se no banco dos réus.

Se Saddam Hussein cometeu os crimes de que é acusado – e tudo leva a crer que os tenha cometido – então que seja julgado e condenado. Sobre a pena a atribuir não me quero pronunciar, para além de que, por motivos sérios de consciência, continuo a acreditar que a pena de morte não tem justificação ética, nem moral.

E sobre a pena de morte, subscrevo o que afirma a Amnistia Internacional:

“A pena de morte é a punição mais cruel, desumana e degradante.
Viola o direito à vida.
É irreversível e pode ser infligida a inocentes. Nunca se provou que fosse capaz de diminuir o crime mais eficazmente do que outras formas de punição.”

Mas, já agora, que vem também a jeito, gostaria de lembrar outros casos de ex-ditadores, para os quais não se usou o mesmo critério, a mesma medida, o mesmo rigor e a mesma pressa na condenação. Lembro-me, por exemplo e tão-somente por agora, de Augusto Pinochet, ex-ditador do Chile. Quer-me cá parecer que os que morreram no Chile eram de segunda classe, em relação aos do Iraque.

Julgue-se, pois, Saddam Hussein. Com seriedade, com liberdade, com justiça.

terça-feira, outubro 18, 2005

O meu Tio Francisco

O meu tio Francisco partiu. Embarcou na barca que o levará ao encontro com as origens de tudo. Origens que, ao serem encontradas, se transformarão em ocaso. Ocasos de origens perenes.

O meu tio Francisco era um homem bom. O meu tio Francisco tinha um coração grande como grande era o sorriso que surgia quando nos via. E se sorria – até à gargalhada franca, liberta e sincera – quando connosco se sentava a conversar das coisas que a vida nos dava.

O meu tio Francisco era nosso tio porque um dia a tia Benvinda o descobriu bem lá no fundo do seu coração. E estou mesmo em crer que a descoberta foi, de facto, mútua. Daí até aos dias de hoje, eles foram, tão-somente, os nossos tios.

O meu tio Francisco partiu.
Cá por mim, até sempre, T’Chico!

segunda-feira, outubro 17, 2005

Viagem Incompleta

Gosto de viajar.
Porque viajar é sempre partir
E descobrir novos lugares.
É também chegar
E esperar novos tempos
De um tempo que por vezes não retemos.

Eu sonho viagem
Na memória do meu tempo
E descubro novos caminhos a percorrer.

Porque incompleta – a minha viagem – a minha viagem
Não tem início nem ocaso.
(Que eu saiba…)

sábado, outubro 15, 2005

Renascer


Depois da onda, vaga estrondosa,
A calma necessária e repousante.

Depois da tempestade fustigante,
A bonança útil e agradável.

Depois do desânimo, quase desespero,
A esperança a bailar nos teus olhos.

(Lisboa, 1978)

sexta-feira, outubro 14, 2005

Intervalos (involuntários)

Para já, as minhas desculpas, pela confusão que vai por estas bandas.
É que, por vezes, quando não queremos, isto dos computadores estraga-nos o que desejamos. Coisas de quem anda continua aprendiz destas novas maneiras de comunicar.
Prometemos "acalmar" brevemente.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Tem valido a pena!

Eu sei que é difícil viver comigo.
Porque viver comigo
É descobrir a incógnita
E o inimaginável.

Eu sei que comigo a vida é um risco.
Porque eu sou a aventura
De uma estrada por rasgar.
(E a minha estrada está cheia
De buracos e de pedras soltas.)

Eu sei que é difícil viver comigo.
Porque sou eu o desconhecido
A fera por amansar.
Sou mar revolto por amainar.

Eu sei que é difícil viver comigo.
Porque é duro viver comigo.

Mas eu não sei viver sem ti!

gggggggggnnnnnnnnggggggggnnnnnnnggggggggggg
Ah! Hoje faço hoje 26 anos de casamento.
Eu e a Senhora que faz o favor de viver comigo na mesma casa, merecemos, de facto os parabéns.

terça-feira, outubro 11, 2005

Linhas


Uma linha ténue
Fraca, ingénua, insegura
Sustém com vigor
O branco omnipotente
Que se espraia
Sob a caneta colada
À minha mão
Ainda insegura

segunda-feira, outubro 10, 2005

O Baú da memória (Coisas antigas)

Não sei porquê, hoje, lembrei-me deste poema, que escrevi há tempos…

Cantarei o meu povo!
Mesmo que o dia que surgiu desapareça
E seja substituído
Por uma longa e escura noite.

Cantarei o meu povo!
Embora a alegria que me invadira
Tenha caído no poço negro e profundo
Da desilusão que me abraçou.

Cantarei o meu povo!
Mesmo que a esperança tardia
Que me tinha prendido
Tenha sido transformada
Numa entorpecente mágoa.

Cantarei o meu povo!
Porque sem ele não vivo,
Não existo, não respiro, desespero.
A ele fui ligado por um acto
Tão belo, tão vital: nasci.

Cantarei o meu povo!
Porque me canto.
(Lisboa, 1980)

(In “Caminhando”, Suplemento de “A Chama”, Olivais Sul, 1983)

sábado, outubro 08, 2005

Quadras - I

Vós que me falais direito
E de falinhas tão mansas
Olhai que tenho no peito
Olhares cheios de esperança.

O que eu vi nesta cidade
Passeando por tantos cantos
Deixou-me nesta ansiedade
De ver assim tantos prantos.

Gente que entra e que sai
Gente que vem e que foge
Gente que vai e não vai
Gente que parte ‘inda hoje.

Vi olhos de compaixão
Vi olhos cheios de medo
Vi olhos que dizem não
Vi olhos que são segredo.

Senhores do mundo donos
Tendes olhares mortiços
Julgais que tendes abonos
E só vos restam postiços.

De mim dizeis a loucura
Da gente que sujeitais
Olhai que a nossa frescura
Vence sempre os generais.

sexta-feira, outubro 07, 2005

As Palavras do Presidente

O discurso do Presidente da República, nas comemorações do 5 de Outubro, já começou a dar que falar. Ao ponto de merecer, até, da parte da Presidência, de explicações (para dissipar dúvidas, dizem) sobre as palavras proferidas. Discurso claro, no entanto, que parecia ter uma leitura simples, que era a de que quem possuísse bens ou riqueza acima dos seus rendimentos declarados, deveria provar a legitimidade desses bens ou riqueza. Disse-o clara e simplesmente:

"Quem enriquece sem se ver donde lhe vem tanta riqueza terá de passar a explicar à República como e quando, isto é, a ter de fazer prova da proveniência lícita dos seus bens".


As reacções não se fizeram esperar e conseguiram trazer para a discussão pública, não o que o Presidente afirmara, mas sim a questão (dizem técnica) de ‘inversão de ónus de prova’. E já muito se anda a discutir isso mesmo. O importante não é haver quem detenha riquezas e bens enormes, declarando rendimentos de ‘salário mínimo’, mas sim quem é que tem de provar isso.

E as reacções foram as que se podem esperar hoje na nossa sociedade: uns assustaram-se e atiraram logo com a questão dos direitos fundamentais, outros, poucos é claro, apoiaram com entusiasmo as palavras do Presidente da República, e outros, talvez a grande maioria, continuam a assobiar para o lado.

Cá por mim, continuo – e cada vez mais julgo que com mais razão – a pensar que, quem tem mais bens ou riquezas do que o que declara, para fins fiscais, deve ser ele (ou ela) primeiramente a esclarecer a proveniência dos mesmos. Por uma questão de princípio. De lisura, é óbvio. De ética, claro. E se forem culpados de enriquecimento ilícito, então que sejam julgados e punidos – já agora, com alguma rapidez, por favor, e se os Srs. Juízes não se importarem, claro… (É que ainda poderemos ver, por exemplo, donos de restaurantes de luxo a declararem o ordenado mínimo como rendimento, ou a haverem contas chorudas em bancos no estrangeiro a não serem declaradas pelos seus donos.)

Ah! Desculpem-me lá: já sei que sou um ignorante, um iletrado, nas questões das leis, do direito, da justiça. É verdade, não tenho formação jurídica. Nisto de direito, sou um completo zero à esquerda.

Cá por mim continuo, apenas, a ver-me à rasca para que os dias de ordenado correspondam aos dias de mês. Vá lá, vá lá…

quinta-feira, outubro 06, 2005

As Feras


Vêm em bandos,
Alguns,
E sôfregos sugam o néctar.

Correm a pressa
Das muitas coisas que desejam.

Mas depressa se quedam
Porque trôpegos de idéias.
(Teorema, Dezembro 2003)

quarta-feira, outubro 05, 2005

Dúvidas existenciais

Porque é que será que quem escreve (será o Director?) o artigo "Despesa Pública pode aumentar quatro por cento", no Público de hoje, ao referir-se ao Ministro das Finanças, o trata como "o sucessor de Campos e Cunha"? Porque não tratá-lo tão-somente pelo seu próprio nome? Que trauma, que fobia tem o Público (e, já agora, outros iluminados da nossa praça) para sistematicamente terem estes preciosismos? Serão os mesmos que, quando Campos e Cunha era Ministro, o desancaram até à exaustão? Serão remorsos?...

E, já agora, embora completamente leigo nestas questões (pelo menos nestas) de economia, não percebo muito bem o medo e a fobia que J.M. Fernandes e o seu Público têm pela despesa pública. São os horrores da nova mentalidade economicista que grassa por aí. Devem estar na onda dos ‘sábios’ do Conselho de Cooperação Económica (CCE)... (Sobre isto, vale a pena ler o Canhoto)

Como diz E. Prado Coelho, também no Público de hoje, na sua coluna de opinião, "(...) E a grande distinção: os que vêem apenas a economia na economia e os que vêem também a necessidade do social. E procuram reduzir o desemprego, dar-lhe um tratamento específico, criar formas de apoio. Mas há os outros que são insensíveis. Em nome de uma felecidade futura que nunca chega a ser nomeada, sacrificam tudo. Falariam com mais veemência e envolvimento, se os desempregados fossem eles. Mas entre piscinas em residências secundárias, jaguares, andares na EXPO e viagens às Maldivas, o desemprego é um tema mais leve."

Ah! Bom 5 de Outubro. Que os valores que inspiraram e motivaram esta revolução nos façam continuar a acreditar no futuro, por muito distante que ele esteja.

terça-feira, outubro 04, 2005

O Jardim (XI)

Esverdeadas de fel
Projectam rancores em ebulição.

São as eternas contradições
Dos sonhos feitos utopias
Que acordam a vida que permanece.

Escondem frustrações ambíguas
Feitas ânsias de loucura.
E surgem os mitos
Os enganos
As invejas
Os sorrisos.

E surge a mentira
A hipocrisia
A prepotência
A intolerância.

Dos dias escolhem
A noite
Dos mortos que permanecem.

São os fantasmas do real
A ironia do ser
Feito não ser.

Fogos-fátuos da existência
São as azedas do quotidiano
Da vida que arriscamos.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Os pequenos nadas…

Foi bom o meu fim-de-semana. Fora da Cidade Grande, no aconchego de um pinhal/praia, tão perto e tão longe de tudo. De há uns tempos a esta parte não tinha tido uns dias assim tão tranquilos. Tão cheios de nada. Tão agradavelmente vazios de tudo. Tão satisfatoriamente ausentes de notícias.

Tirando uma fugaz passagem por algumas estações televisivas, que demorou tão-somente o tempo necessário ao carregar da tecla do comando de televisão, até o meu fim-de-semana televisivo se resumiu a um filme e um documentário sobre animais. Refrescante, pois!

Mas, hoje de manhã, tudo voltou ao que era. Ao acordar, e para me lembrar, se calhar, do que aí vem, lá estava uma viatura de som, de um partido concorrente às autárquicas próximas, determinado a lembrar-me da cruz no branco do voto. (Ou, se calhar, com o ruído que fazia, a lembrar-me de votar noutro qualquer.)

sábado, outubro 01, 2005

Bom Fim de Semana

Ramiro Ribas
Horizonte Marino
Óleo sobre tabla., 50 x 35 cm.