domingo, novembro 30, 2008

Faz hoje 73 anos que “subiu a montanha”...


“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.”
Fernando Pessoa/Alberto Caeiro
Poemas Inconjuntos; Escrito entre 1913-15; Publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925
(In Wikipedia)
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Os meus olhares

Óbidos, Castelo

A ler [Mas a ler mesmo]

sexta-feira, novembro 28, 2008

Os meus olhares

Óbidos, Castelo

quinta-feira, novembro 27, 2008

A ler

terça-feira, novembro 25, 2008

Interpelações

Veio e falou.
Na sua voz habitava a angústia
De um caso sem solução.
Olhou para todos nós
Com laivos de bondade
E tristeza.

Falou calma e claramente,
Com voz serena,
Trazendo em si
O destino do próprio homem.

Todos o ouviram.
Quem se levantou e lhe deu a mão?

Nem eu…

segunda-feira, novembro 24, 2008

sábado, novembro 22, 2008

Poesia breve

Respiro
Por isso sou
E assim continuo
Por enquanto

quinta-feira, novembro 20, 2008

Dúvidas subversivas (XXXVII)

Sinceramente, palavrinha, palavrinha, que sempre gostava de saber o que é que um grupo de simpáticos rapazes foram, ontem, fazer até terras de Santa Maria…

terça-feira, novembro 18, 2008

segunda-feira, novembro 17, 2008

Dixit

«(...) O sinal que o Estado dá, ao nacionalizar o banco [BPN] e garantir o dinheiro daqueles que lá o puseram, é de que, afinal, não havia risco nenhum. Quem perde? Simples: o contribuinte que vai pagar e o investidor prudente que, por não acreditar na espécie de 'bacalhau a pataco' que Oliveira Costa vendeu, pôs o dinheiro noutros bancos, embora a render menos. (...)»
Henrique Monteiro
O Estado complacente, injusto e compadre
Expresso [on-line], 17.11.2008

sábado, novembro 15, 2008

Uma palavra

Uma palavra
Uma palavra apenas no silêncio cúmplice
Dos dias que nos acontecem

Uma palavra
Uma palavra apenas no ruído da agitação
Das noites que nos adormecem

Uma palavra
Uma palavra apenas na viagem permanente
Dos tempos que não escolhemos

sexta-feira, novembro 14, 2008

“HAIKU” [XXXIV]

Lama a escorrer
Desde a encosta do monte –
Um rebento de bambu!

SHIBA SONOME (1664-1726)

quinta-feira, novembro 13, 2008

Outros olhares

Francisco de GOYA Y LUCIENTES
The Fall (La Caída)
1786-87, Oil on canvas
Private collection
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terça-feira, novembro 11, 2008

Dia de S. Martinho

Hoje é dia de S. Martinho. Por acaso, é também o dia de aniversário do meu amigo Alfredo. Faz anos num dia especial. A ele ergo o meu copo de água-pé, a nossa bebida de hoje. Que conte muitos mais que os cinquentitas e tal que hoje completa. E com todos aqueles a quem quer bem, é óbvio.

Hoje é dia de S. Martinho. Conta a lenda que um certo dia, nas suas andanças, ao Santo lhe surgiu no caminho um mendigo. Que lhe estendeu o braço numa prece de ajuda. Não tendo mais que o que trazia consigo, e como o tempo agreste se manifestava com intensidade naquele sofredor da vida, apenas soube partilhar com ele o pouco que levava. E partilhou a sua própria capa. É que frio a dividir por dois é somente meio-frio, pensou, se calhar.

Hoje é dia de S. Martinho. Para além de dia de alegria e de descoberta do vinho novo, traz-nos também o gesto de um homem de antanho, chamado Martinho. Gesto solidário, porque de solidária se faz a partilha.

Hoje é dia de S. Martinho. Talvez devessemos também hoje ousar olhar para nós próprios. Talvez devesemos também hoje ousar deixarmo-nos encontrar pelos viajantes das estradas da vida. Se calhar, acabaríamos por descobrir que, por muito que falemos, nos nossos tempos, de solidariedades, de voluntariados, de fraternidades, acabamos, as mais das vezes, por apenas falarmos dos nossos próprios umbigos. Para não dizer que, se calhar, de solidariedade, de fraternidade, muito pouco tem o nosso voluntariado.

Hoje é dia de S. Martinho.
Parabéns ao meu amigo Alfredo. E longa vida aos Martinhos que por aí nos vão acompanhando num bom copo de água-pé!

domingo, novembro 09, 2008

Outros olhares

Manuel Jardim
Retrato de Mulher (ou "Le Déjeuner")

c. 1910, óleo sobre tela
Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra, Portugal
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sábado, novembro 08, 2008

Parabéns Pedro

O meu afilhado Pedro, o mais novo dos meus sobrinhos, fez hoje 6 anos.

E hoje, quando lá estava, quando nos juntámos todos para lhe cantarmos os parabéns com que normalmente brindamos os nossos aniversariantes mais queridos, dei por mim a lembrar-me duma coisa curiosa que me invadiu o pensamento há já algum tempo.

Foi há cinco anos, estávamos em finais de Agosto, quando o meu irmão e a minha cunhada resolveram levar o Pedro à Pia Baptismal. E lá estávamos, eu e a Lena, a testemunhar tudo isso e a garantir-lhes que cá estaríamos para o que desse e viesse. Afinal, era, e é, estou certo, esse, o nosso papel de padrinhos.

E nesse final de estival mês, lembro-me de ter escrito estas palavras, que reflectem bem o que tambem hoje senti:

“Nesta relação familiar – e, parece-me, muito mais que familiar – há uma enorme simbologia neste acontecimento. Ficou feita a síntese da nossa família actual, da nossa geração. Uniu-se o tio mais velho com o sobrinho mais novo. O ontem com o amanhã. E como me parece que não irão haver mais tios (estou cada vez mais convencido é que irão haver cada vez menos…), nem mais sobrinhos, a acreditar no que se ouve, fechou-se em bom estilo este ciclo.”

quarta-feira, novembro 05, 2008

Já agora, uma palavra sobre a América

E Barack Obama lá ganhou. Como era esperado. Como eu esperava.
Ainda bem. E dá-me vontade, até, de dizer, que ainda bem que o bom senso imperou.

Na verdade, a América é uma coisa bem grande. Tem de tudo, é óbvio. Tem o muito bom e tem também o muito menos bom. Tem o nada e tem o tudo, se calhar.
Nos últimos tempos tem tido até o George. O W., evidentemente. Aquele que, se não fosse tão perigoso, até tinha sido um bom alimento para a nossa boa disposição.

Mas agora, segundo parece, os tempos são de mudança. Como dizia o novo ocupante de uma casa que é branca.

Mas é bom não esquecer um dado adquirido desde sempre: não tenhamos dúvidas que a América irá de certeza continuar a ser a América. Com tudo o que isso irá implicar em todos e em tudo.

Esperemos é que os tempos que aí vêm sejam tempos novos, de verdade. Eu, pelo menos, quero acreditar que sim.

E já agora, que o 'Grande Manitu' esteja connosco.

terça-feira, novembro 04, 2008

Quotidianos [VI]

No banco de jardim, os dois amigos apenas estavam. Como quem já sabe o que é de saber, cada um olhava o outro com olhos amigos. Lado a lado, somente se deixavam estar, com o silêncio cúmplice de quem saboreia a fraternidade.

No banco de jardim, de uma praça qualquer, de um cidade qualquer, apenas os dois amigos conjugavam o verbo estar. Apenas os dois amigos importam. O espaço só é importante porque é o espaço onde o encontro se realiza. O espaço só é espaço porque é ali que se alberga o calor de bem querer. O ali só é visível porque lá é que eles estão.

No banco de jardim, os dois amigos olham-se com a tranquilidade do tempo. Para eles não há a pressa. Como não pode existir a ânsia do antes, nem a angústia do depois. Para eles o momento só pode ser a eternidade do ser.

Ao banco de jardim, os dois amigos chegam. Quase todos os dias das suas vidas já com alguma poeira do tempo que os vai acompanhando.

Do banco de jardim, os dois amigos partem. Também quase todos os dias, os dias que ali os acompanham.

E assim, também hoje, depois de ali terem chegado, depois de somente se terem deixado ali estar com a paciência de apenas se saberem encontrar, os dois amigos levantaram-se e partiram. Cada um à sua vida. Um, o João, apoiado na sua bengala, talvez o seu único amparo. O outro, o Átila, o rafeiro alentejano, sem coleira e sem dono.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Crónica de nada (2)

Falar de nada não é tão simples como talvez pareça. Sobretudo nos tempos que correm.

E estes nossos tempos são, afinal, tempos de tudo. Não de nada. Os nossos dias são de excesso, não de raridades. As nossas horas são de presença, não de ausência.

E estes nossos tempos abafam por completo o nosso espaço, que pensamos ainda ser nosso e aberto.

Falar de nada, nos dias que correm, nada mais é, se calhar, que falar do que não queremos mesmo falar. Porque, se calhar, não somos sequer capazes de olhar para nós próprios, sem nos vermos completamente cheios de qualquer coisa.

domingo, novembro 02, 2008

Os meus olhares

Lisboa, Cemitério dos Prazeres