sexta-feira, setembro 29, 2006

O amigo dos pobres

Reformados da função pública passam a descontar para ADSE
(…) Estas alterações vão aplicar-se apenas aos activos e aposentados, cujos salários ou pensões, não ultrapassem o valor de um salário mínimo e meio, ou seja 579 euros. (…)
Público, 29.09.2006

A ser verdade isto, não haja dúvida alguma que o Governo do Senhor Engenheiro José Sócrates é, de facto, o governo mais amigo dos que menos ganham…

Estou mesmo em crer que até o “pobre” JC deverá estar a ponderar seriamente sair da Cruz em que O enfiaram e vir até cá com o “chicote” nas mãos…

quinta-feira, setembro 28, 2006

A Comédia (divina) de Dante


“Roma e o Império, a querer dizer a verdade,
foram estabelecidos pela Providência
para serem o trono dos sucessores de Pedro.”
(…)

Devem-se só temer aquelas coisas
que têm poder de causar mal;
de outras não, que não são temíveis.”

Canto Segundo
(Preâmbulo do Inferno)

quarta-feira, setembro 27, 2006

Histórias da terra da brincadeira

“O Partido Socialista chumbou hoje o requerimento apresentado pelo Bloco de Esquerda para a audição no Parlamento do ainda Procurador-geral da República, no âmbito do caso do envelope 9, por "não querer dar esse incómodo" a Souto Moura, ironizou a deputada socialista Helena Terra.”
Público, 27.09.2006

Se o caso não fosse tão sério e grave, até poderia pensar que estávamos perante uma daquelas operetas bufas…

Momentos mágicos



As Bodas de Fígaro
Música de W. A. MOZART
Libreto de Lorenzo da Ponte
Teatro da Trindade



“E naquele dia estava um tão transcendente tempo quente por dentro dos corações que os pássaros ficaram doces, os jardins enganosos, os portões irreais e os salões abriram todos para o mar – que o ser humano não suporta demasiada realidade. A isso fomos sensíveis.”
(Do Folheto Promocional)

terça-feira, setembro 26, 2006

Bem dito

“Desconfio sempre de quem não se permite um prazer ou um vício.”
Ricardo Araújo Pereira
Sol, Entrevistas imprevistas, 23.09.2006

segunda-feira, setembro 25, 2006

Questão de preferências (Sejamos claros!)

Goya y Lucientes, Francisco de (1746-1828)
La maja desnuda
Oleo sobre lienzo
Ubicación: Museo del Prado (Madrid)
http://perso.wanadoo.es/e/juanro23/su_obra.html

Depois de tanto alarido à volta das liberdades individuais, à volta de imposições pessoais, etc., etc., já agora também me podiam explicar melhor porque é que apenas uma meia dúzia de gente me há-de impor a mim que o esqueleto é melhor do que a carne?

sexta-feira, setembro 22, 2006

Olhares


Despertos pelo sabor do tempo
Olhares discretos se manifestam
E distantes na proximidade
Do ser enquanto não ser

Despertos
Discretos
Distantes
Próximos
Apenas olhares

quinta-feira, setembro 21, 2006

A Comédia (divina) de Dante


“Mas tu, porque voltas a tão grande pena?
porque não sobes o deleitoso monte
o qual é princípio e causa de toda a alegria?"
Canto Primeiro
(Preâmbulo Geral)

Ele há coisas

Há coisas, de facto, que me conseguem fazer ficar baralhado. Como, por exemplo, agora que já foi escolhido o sucessor, desaparecerem as vozes que se ouviram durante muito tempo barafustando contra o ainda Procurador-Geral da República, Souto Moura. Não cabe aqui, nem defender o titular do cargo, nem atacar a figura pública. Cabe aqui, tão-somente, estranhar a coisa. Se calhar, ainda, assistir, impávidos e serenos, à cerimónia de homenagem a esta ilustre autoridade, exaltando os seus altos, capazes, extraordinários e competentíssimos feitos em prol da justiça em Portugal.

Mas ao ler
isto e isto, acho que já vou começando a ficar mais esclarecido. E mais calmo, porque, se calhar, tudo continua na Santa Paz do Senhor.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Questão de preferências

RENOIR, Auguste
Baigneuse
Óleo / lienzo
http://www.antiqvaria.com/
E não é que estou perfeitamente de acordo com os promotores que decidiram que os modelos participantes na Pasarela Cibeles, em Madrid, teriam que ter um peso mínimo, ou como eles disseram, abaixo dos valores “nutricionalmente” saudáveis.

É que, na verdade, para mim “palitos” só aqueles que me aliviam os dentes.

terça-feira, setembro 19, 2006

E porque não pegar nele e ler?

A Criação do Mundo
Miguel Torga
Círculo de Leitores, Maio 2001
Dom Quixote





Estes seis dias da Criação do Mundo, de Miguel Torga, são, afinal e tão-somente, a história da criação do seu próprio mundo. O mundo do seu ser, o mundo do seu saber, o mundo do seu sentir, o mundo do seu fazer.

Cada um de nós tem a sua própria história, a sua própria caminhada pela vida. Com as suas alegrias, as suas ternuras, os seus deslumbramentos, as suas vitórias, as suas conquistas. Mas também com as suas tristezas, os seus desânimos, os seus desalentos, as suas derrotas, as suas perdas.

Cada um de nós, ao longo do tempo, vai descobrindo o seu próprio espaço. Vai re-criando, afinal, o seu próprio mundo. Onde aprende a conhecer-se. Onde aprende a conhecer os outros. Onde aprende a relacionar-se. Consigo próprio e com os outros. Esta a história de cada um, na história de nós todos.

Torga ficou-se pelos seis dias da criação do mundo. Do seu. Apenas. Como ele disse, a terminar, “Sim, a vida ia continuar. Outros dias viriam cheios de Sol, de flores e de frutos. Mas não seriam meus.”

Pois claro! Não seria seu o sétimo dia. Esse seria o dia de Outro. Está bem de ver.

segunda-feira, setembro 18, 2006

A intolerância dos tolerantes

Parece que S.S. o Papa terá tido na Universidade de Ratisbona, na sua Alemanha natal, a intenção de apenas dar uma aula, de apenas lembrar os seus tempos de professor.
Mas quer-me cá parecer a mim que S.S. o Papa não deveria nunca esquecer quem é; que é, apesar de tudo, todos os dias, o pastor supremo e universal da Igreja Católica Apostólica Romana.
Aliás, na sequência do que costuma ser “norma” nos gestos do Vaticano. (Terá sido em favor dessa mesma “norma” de cuidados extremos que não terá, por exemplo – e que me intrigou, no mínimo, bastante na altura – o então Sumo Pontífice beijado o solo, aquando da sua chegada a território de Timor-Leste.)

Mas já agora, caramba (para não dizer outra coisa mais forte) para algumas reacções – como
esta e esta – a estas palavras de S.S. o Papa.
Parece-me a mim que cairia o “Carmo e a Trindade”, ou outros monumentos quiçá mais imponentes, se por causa de algumas palavras de um qualquer ilustre dirigente muçulmano, alguns energúmenos (é esse, no mínimo, o termo) deitassem fogo, por exemplo, à Mesquita de Lisboa.

E não me venham dizer que não estamos a falar da mesma coisa.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Ainda branco o papel

Ainda branco o papel
Impressão apenas
A gerar emoções e sensações

Ainda branco o papel
Deserto aberto no longe
Como longe as minhas ideias

Ainda branco o papel
Silêncio pleno de ausência
Em tempo de subtis ruídos

Ainda branco o papel
Sem espaço para preencher
Sem tempo para sentir

Ainda o papel
Branco de palavras
Diluído de saudade

quinta-feira, setembro 14, 2006

Uma boa colheita, estou em crer

Estávamos em 1953. Samuel Becket escrevia “À Espera do Godot”. Em cinco de Março morria Estaline e em 19 de Junho era executado, nos Estados Unidos, o casal Rosemberg.

Em 14 de Setembro, na sempre mui nobre aldeia do Outeiro Pequeno, no concelho de Torres Novas, a Sra. D. Maria dava à Luz, filho do Sr. Manuel, um garboso varão, de seu nome José Maria... que podereis contemplar embevecidamente na foto ao lado.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Outros ditos

Stefano Sabotig
Il tempo passa mentre noi ci mettiamo in affitto
http://www.shiribia.it/dolphin/bacheca/bacheca43.htm

Aqueles que gastam mal o seu tempo são os primeiros a queixar-se da sua brevidade
La Bruyère , Jean de

Quando os meus estão contentes, por mim, só posso estar contente também

Não vi o jogo de ontem, entre o Sporting e o Inter. Já pouco vejo de bola, mesmo quando nos intervenientes se encontra o meu SLB. Coisas da minha mania de gostar da coisa.

Mas quando, ontem, vi o meu filho mais velho entrar em casa, depois do jogo, vi logo quem tinha ganho, tal o brilho e a alegria que resplandeciam no seu olhar.

Por isso, pelo menos, ao David e ao meu mano Manel, os meus parabéns. Com a agravante de terem ganho, segundo parece, muito bem.

terça-feira, setembro 12, 2006

Cá para mim, estes é que merecem o nosso respeito e a nossa admiração

Os atletas que participaram nos Mundiais de Atletismo para deficientes em Assen, na Holanda, chegaram ontem a Lisboa. O grupo conquistou cinco medalhas e foi recebido com muitas palmas, abraços e flores. Estão garantidos nove lugares nos Jogos Paralímpicos de Pequim2008.
Sic, Desporto, 12.09.2006

E porque não pegar nele e ler?


A Irmandade do Santo Sudário
Júlia Navarro
Editora Gótica
Colecção Cavalo de Tróia, 2004




“É realmente o rosto de Cristo que está gravado no Santo Sudário?
O Santo Sudário é um pano de linho puro com três pés e sete polegadas de largura por catorze pés e três polegadas de comprimento, que ostenta a imagem pormenorizada, de frente e de costas, de um homem que foi crucificado de maneira idêntica à de Jesus de Nazaré segundo é descrito pelas Escrituras.”

Um inexplicável incêndio na catedral de Turim pode ser mais do que um simples acidente. Este incêndio e a morte de um homem a quem tinham cortado a língua são o detonador de uma investigação policial do «Departamento de Arte» dirigido pelo detective Marco Valoni e sua equipa de investigadores.

Quem teria interesse em destruir o Santo Sudário? É verdadeiro o Sudário, ou uma cópia? Convivem connosco, no silêncio, subterrâneos, discretas, comunidades secretas?

Tendo partido da notícia da morte de um dos cientistas que estudou a autenticidade do Santo Sudário – datado para alguns do século XIII, a autora constrói uma ficção em torno do que poderia ter sido o percurso até aos nossos dias da relíquia. Enquanto a equipa de investigadores do Departamento de Arte tenta descobrir quem se esconde por detrás dos incêndios que quase destruíram Santo Sudário, guardada em Turim desde o século XVI, uma jornalista vai desvendando a importância dos Templários na guarda da relíquia.

Da Turquia a Constantinopla, de França aos subterrâneos de Turim, a viagem faz-se entre tempos e lugares. Do passado ao presente mantém-se o mistério, o secretismo que envolve ainda hoje o Santo Sudário.

Os protagonistas são homens de negócios cultos e refinados, cardeais e outras importantes figuras da Igreja, ou seja, uma elite cujo único elemento comum é serem solteiros, ricos e muito, muito poderosos.

“O cavaleiro templário esporeou a montada. (…) Retumbava-lhe nos ouvidos a voz profunda de Jacques de Molay convocando Filipe, o Belo, e o papa Clemente para o Juízo de Deus. (…)
A Jacques de Molay arrancaram a vida, mas não a dignidade, porque nunca houvera homem mais digno e corajoso nos últimos momentos da sua existência.”

De facto, há coisas, que até podem nem ser verdade. Ou pelo menos, não serem totalmente verdadeiras. Mas lá que são grandes histórias, lá isso são.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Cá estamos nós, outra vez.


De regresso, depois de uns dias que foram, sobretudo, calmos e tranquilos. Onde a caminhada (alguma) andou de mão dada com a leitura. (E não é a leitura, afinal, uma caminhada?)

Souberam tão bem estes dias, que até (desculpem lá este meu estado tão pouco politicamente incorrecto…) já estou bem saudoso de voltar.

Já agora, o meu obrigado ao Misantropo e ao Polittikus pelas suas palavras.