domingo, junho 14, 2009

quinta-feira, junho 11, 2009

Procissão

Graves, roucas e profundas
As tubas
Marcam a cadência.
O Santo avança
Com a calma segura
Da madeira que o reveste.

À sua frente em filas ordenadas
Respeitáveis membros da Ordem
Pouco ordenam
Na multidão que se agita
E abafa a passagem.

Sob o pálio aberto em pregas
O Pregador junta as mãos
Em prece de inspiração.
E enquanto as opas se mostram
Solenes, distintas e orgulhosas
O acólito incensa sem cessar.

Graves, roucas e profundas
As tubas
Marcam o ritmo.
E atrás do pálio aberto em pregas
O povo avança lentamente
Na lentidão do percurso santificado.

E na Igreja aberta em flores mil
Os bancos esperam em silêncio
As vozes cantadas dos cânticos
Que desfilam incansáveis
Nos ouvidos insensíves já do cansaço.

quarta-feira, junho 10, 2009

HAIKU

Rio sem água,
Lago sem rio.
Barco encalhado.

terça-feira, junho 09, 2009

Pensamentos subversivos (LXXXII)

Como em muitas outras coisas na vida, para mim, as minhas vitórias não são as derrotas dos outros. Ou seja, quando os outros perdem, não quer isso dizer que seja isso a minha vitória.

Como tudo na vida, as minhas vitórias são momentos que significam apenas que consegui superar-me a mim próprio. Porque o respeito que têm de merecer os outros, adversários e parceiros de contenda, faz com que as vitórias e as derrotas sejam apenas momentos naturais no normal curso da vida. Sem mais.

E não perceber isto, significa não perceber a nossa presença nesta casa comum que é, afinal e tão-somente, a nossa própria humanidade.

segunda-feira, junho 08, 2009

sábado, junho 06, 2009

Outras palavras

XXI

É fácil transformar as paredes de Lisboa
em vidros translúcidos

Basta percorrer com veias internas
as vozes dos rostos nos passeios

ou tocar ao de leve os rastos dos olhares
com um coração sem forma

Eduardo dos Santos Nacimento
“Pedaços do meu Tempo”
(VI Prémio de Poesia Cidade de Ourense, 1985)

segunda-feira, junho 01, 2009

Os meus olhares


Cabo Espichel




Enfim, cá estamos outra vez

Pois é, quase sempre o que nos está a saber bem acaba por acabar. E como me souberam bem estes dias de paragem, estes momentos sonhados de me deixar abandonar ao sabor do apenas estar.

Pois é, lá voltámos aos dias que, afinal, não deixam [não deixaram] de ser os nossos dias. Quer queiramos ou não. Porque os nossos dias, os tempos que temos para viver, são mesmo estes.

Mas, e que me perdoem os ditos mesmos de sempre, lá que já tenho saudades da paragem, lá isso tenho...