domingo, setembro 30, 2007

Provérbios

Lá em casa temos direitos iguais, só que ela trabalha mais.
In Tomás Lourenço, Provérbios Pós-Modernos, Âncora Editora

Não há dúvida, que é bem verdade

«Um Governo precisa de uma oposição forte e estruturada, porque senão o Governo pode dizer que não há alternativa e que pode fazer o que quiser»
Mário Soares, ex-Presidente da República
Diário Digital, 30.09.2007

sábado, setembro 29, 2007

Outros olhares [do dia]


Pensamentos subversivos (XLIII)

Quando se é pequeno, até a porta de saída se torna pequena.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Uma questão de princípios [de valores, de ética, de…] (2)

Não era para voltar a este assunto. Mas como a SIC-Notícias, ontem, nos seus momentos informativos, voltou despudoradamente ao mesmo erro que tinha cometido, acho que vale a pena ler o editorial do Diário de Notícias, de hoje. É que aqui não se trata de defender ou não o que diz ou pensa PSL. Aqui o que estará em causa é o desrespeito de alguém por algo que não tem relevância nenhuma. São estas atitudes que merecem reflexão.

Deixo aqui um pequeno excerto:
«A questão é que poucos políticos fariam igual a Santana Lopes. Todos ficariam tão aborrecidos quanto ele, mas a esmagadora maioria calar-se-ia ou talvez que um ou outro resmungasse qualquer coisa antes de continuar a debitar as suas opiniões com receio de não voltar a receber outro convite para tão importante tribuna de debate.»
Leia o texto completo aqui.

Outros olhares

Ernesto Shikhani
O medo transformado
Óleo s/ tela
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daqui

Citação do dia

O exemplo é a escola da humanidade e só nela os homens poderão aprender.
Burke, Edmund
Citação
daqui

quinta-feira, setembro 27, 2007

Quem servem estes ‘senhores da morte’?

Vale a pena dizer alguma coisa, quando estamos perante actos e gente que apenas olha para a vida com os olhos cegos para a vida? Vale a pena dizer alguma coisa, quando estamos perante actos e gente tão gratuitamente vazios? Vale a pena dizer alguma coisa, quando estamos perante gente que apenas sabe olhar a vida com os olhos da imbecilidade, da irracionalidade, da cobardia?

Ontem estive com um amigo meu, membro da comunidade judaica em Lisboa, que me dizia que, “no fundo, no fundo, o que importa é perceber que se lhes dermos a importância que não merecem, são apenas eles que ficam a ganhar. É isso que eles querem.”

Independentemente das respostas que importa dar nestes casos, se calhar o meu amigo acabará por ter completamente razão.

Como disse um dia Pierre Beaumarchais, “Quando se cede ao medo do mal, já se nota o mal do medo.” É bem verdade.

Pensamentos subversivos (XLII)

Uma questão de princípios [de valores, de ética, de…]

Goste-se ou não se goste dele, concorde-se ou não com ele em muitas coisas, aqui, pelo menos aqui, Pedro Santana Lopes tem toda a razão.

“O Fim da Amizade”

«(…) Na sua Ética a Nicomáco, Aristóteles distinguiu três tipos de amizade, conforme a ideia em que cada uma se fundasse. Existiria uma amizade baseada no prazer, outra na utilidade e outra na virtude, para Aristóteles a amizade mais genuína e duradoura, aquela em que os amigos se uniriam para atingir o bem e a sabedoria. A visão elevada que Aristóteles tinha da amizade não desapareceu. Mesmo se nos fomos tornando cínicos, temos esperança de que a amizade possa ser uma espécie de amor moral. Não um amor por dever ou respeito, como o que se tem pelos pais ou pelos filhos, mas um amor que se forma na simples admiração por outra pessoa. Um amor realista e altruísta. Um amor que não depende de nenhuma idealização, de nenhum desejo. Um amor que nasce de uma espécie de consciência. É a nossa maior e mais promissora ambição para a amizade. As redes sociais como o Hi5 prescindem da amizade como uma experiência de dedicação admirativa em favor da obsessão doentia por conhecer e acumular pessoas. É óbvio que alguém que junta 500 "amigos" não acredita na amizade. Encheu a agenda, mostrou a sua agilidade e ficou na mesma. E a amizade só pode ser para levar a sério, senão não vale a pena.»
Pedro Lomba
Diário de Notícias, 27.09.2007

Valha-nos Santa Paciência

"Uns são elite, outros são plebeus, mas tudo misturado, Santa Maria de Deus, que espectáculo!"
Pedro Santana Lopes
In
Público, 27.09.2007

quarta-feira, setembro 26, 2007

Democracia [bem] musculada

Independentemente de outras “polémicas”, esta é que é uma demonstração perfeitamente cabal de como se deve encarar, “livremente e com sensatez”, a ideia de democracia. Neste caso, com muito [mas mesmo muito] músculo.

Lendo os outros

Vale [mesmo] a pena dar uma vista de olhos ao post do Daniel Oliveira, [Arrastão], sobre o texto de Manuel Maria Carrilho sobre a crise dos partidos.

Outros olhares

Yole Travassos
Divergência
Bronze
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daqui

Provérbios

A palavra é como uma flecha que, uma vez lançada, não volta ao arco; assim também a palavra, não volta aos lábios.
Provérbio árabe

terça-feira, setembro 25, 2007

Há coisas que nos acontecem

Há coisas que nos acontecem que nem sempre admitimos como nossas.
Porque o nosso caminho é sempre a via que desejamos aberta e livre
Apenas sabemos ver a planura da distância e a clareza do destino.

Há coisas que nos acontecem que nem sempre descobrimos como parte de nós.
À nossa volta nunca nos apercebemos que o ar que respiramos e absorvemos
É o mesmo tónico que anima e vivifica tudo o que gerado nos foi presente.

Há coisas que nos acontecem que nem sempre sabemos compreender.
Porque quase sempre o que se torna visível é o que deve ficar escondido
Apenas apreendemos o outro lado das coisas, o além do percebível.

Pensamentos subversivos (XLI)

Ou o Correio da Manhã está enganado, ou gostava muito de saber onde é que estão os 363 euros que me caberiam a mim.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Coisas da vida

Às vezes também eu vou “aos arames” com algumas actuações das nossas entidades oficiais, mais ou menos fiscalizadoras. Sobretudo se mexem com as minhas preferências, com as coisas que gosto, ou mesmo, até, com as que não gosto, mas que me não são indiferentes.

Mas depois de ler o que diz Ferreira Fernandes, no seu artigo de hoje, “Elogio (moderado) à ASAE”, no
Diário de Notícias, lá que fico a pensar seriamente no que já chamei à ASAE, lá isso fico.

O silêncio continua [Marcel Marceau já subiu a montanha]

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Dúvidas subversivas (XIX)

Será que o governo chinês se terá esquecido de falar com o governo alemão?

domingo, setembro 23, 2007

sábado, setembro 22, 2007

"Meditabundando"

«O Poeta não é um Pequeno Deus
O poeta não é um «pequeno deus». Não, não é um «pequeno deus». Não está marcado por um destino cabalístico superior ao de quem exerce outros misteres e ofícios. Exprimi amiúde que o melhor poeta é o homem que nos entrega o pão de cada dia: o padeiro mais próximo, que não se julga deus. Cumpre a sua majestosa e humilde tarefa de amassar, levar ao forno, dourar e entregar o pão de cada dia, com uma obrigação comunitária. E se o poeta chega a atingir essa simples consciência, a simples consciência também se pode converter em parte de uma artesania colossal, de uma construção simples ou complicada, que é a construção da sociedade, a transformação das condições que rodeiam o homem, a entrega da mercadoria: pão, verdade, vinho, sonhos.
Se o poeta se incorpora nessa nunca consumida luta para cada um confiar nas mãos dos outros a sua ração de compromisso, a sua dedicação e a sua ternura pelo trabalho comum de cada dia e de todos os homens, participa no suor, no pão, no vinho, no sonho de toda a humanidade. Só por esse caminho inalienável de sermos homens comuns conseguiremos restituir à poesia o vasto espaço que lhe vão abrindo em cada época, que lhe vamos abrindo em cada época nós próprios.»

Pablo Neruda, in 'Nasci para Nascer' (Discurso na entrega do Prémio Nobel)
Citação
daqui

sexta-feira, setembro 21, 2007

Provérbios

Em terra de cegos quem tem um olho, é naturalmente zarolho.
In Tomás Lourenço, Provérbios Pós-Modernos, Âncora Editora

quinta-feira, setembro 20, 2007

Cantiga de mal dizer

Tem nos olhos a luz mortiça da palavra fácil
E nos lábios o sorriso dos matreiros

Nos gestos maneiros escondem-se esconsos
Sentimentos de quem apenas conhece o engano

No andar compassado, suave e de mansinho
Apercebem-se vontades recalcadas de vilanagem

As mãos movimentam-se macias e fingidas
E fecham-se em gestos estéreis e cínicos

Não usa a palavra clara e larga dos simples
Mas declina o verbo furtivo que inibe a verdade

Dele não se dirá o erro, o pecado, a falta da lei
Nem se verá o sentimento, a paixão, o coração

Porque da vida apenas conhece a porta cerrada
Desconhece o distante aberto em plenitude

Parco da lonjura das coisas da própria existência
Mostra, afinal, a aridez do humano que já não sabe

quarta-feira, setembro 19, 2007

Outros olhares

Mena Brito
Vagas Horas de Silêncio
1998, Óleo e técnica mista s/ tela
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terça-feira, setembro 18, 2007

“Estão os magistrados de boa fé?”

«Este fim-de-semana os portugueses foram literalmente bombardeados por uma ideia: a de que o novo Código do Processo Penal (CPP) libertava criminosos perigosos. Ente eles, o célebre cabo da GNR de Santa Comba, o mais famoso "serial killer" português.

Esta notícia foi desmentida, mas outras ficaram a remoer na cabeça de cada um. E, quando tantas notícias - praticamente o Expresso foi a excepção - dão conta dos mesmos factos, há que perguntar: onde estão e quem são os autores de tal proeza?

As únicas caras visíveis são de magistrados e de investigadores policiais. Não será, portanto, abusivo pensar que anda por esses lados a origem de tais notícias.

Assim, sabendo os interesses de quem dá as notícias, poderemos mais facilmente entender o porquê dessas notícias. E a resposta pode ser: porque o novo CPP atrapalha a tradicional modorra e lentidão da Justiça. (…)»

Henrique Monteiro
Expresso (on-line), 17.09.2007

Desabafos desabafados

Por vezes damos por nós a lamentar a nossa má sorte, por cada percalço que a vida nos proporciona. Muitas vezes, em momentos de alguma tristeza por insatisfação momentânea, apenas sabemos cantar o “miserere nobis”, com os olhos mortiços do desfalecimento.

No meio de tudo isto, desculpem lá o desabafo: em que “olimpos”, “Asgards” ou “edens” andarão os deuses e as deusas, que se esqueceram da minha cunhada L.? Já não bastava o que se tinha partido há cerca de duas semanas, e logo ontem, em tempo ainda de internamento hospitalar, tinha de conquistar mais uma fractura, só que agora, na outra perna?

Citação do dia

Uma longa viagem de mil milhas inicia-se com o movimento de um pé.
Lao-Tsé
China Antiga, [-570--490], Sábio
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segunda-feira, setembro 17, 2007

Para memória futura

«(…) "Quero aproveitar a presença da ministra para a sensibilizar. Quero que ajude a preservar algo que faz parte da história contemporânea, que ajuda a caracterizar o antigo regime e que está cada vez mais esquecido", disse. (…)

"Chorávamos pelos que se iam embora e até por nós. Eu via passar os anos, via morrer os meus companheiros. Tive momentos em que chorei, às escondidas do meu pai. Mas é natural que se chore.” (…)»

Diário de Notícias, 17.09.2007

Momentos íntimos

Quando nos queremos convencidos
De que a sorte mais não é que má-sorte
Acabamos fatalmente por descobrir
Que ainda pode mais a má-sorte
Que a sorte do acaso da própria vida.

sábado, setembro 15, 2007

Citação do dia

A não-violência não significa descompromisso, mas compromisso total.
Dalai Lama

Outros olhares

Carlos Martins
Pesqueiros em descanso
Aguarela
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sexta-feira, setembro 14, 2007

54 já cá cantam!

Acordei. Ao meu lado está quem eu quero que continue a estar. Ali, os dois que nos foram entregues para acarinharmos. Além, os que em família apostam a vida quotidiana. Mais além, quem conhece o sabor da amizade, da fraternidade, da solidariedade.

Que mais pode uma pessoa querer?

quinta-feira, setembro 13, 2007

Pensamentos subversivos (XL)

Está perfeitamente claro que esta ilustre figura, ao contrário de outros, não incomoda mesmo nada, muito pelo contrário.

E porque não pegar nele e ler?


Tratado da Magia
Giordano Bruno

Tinta da China
Janeiro 2007




Giordano Bruno (Noya, reino de Nápoles, 1548-Roma, 1600), segundo o Vidas Lusófonas, “Filósofo italiano. Frade dominicano na sua juventude, leva uma vida errante (Paris, Milão, Inglaterra, Praga, Roma…). Pensador de opiniões audazes e independentes, é sucessivamente protegido e perseguido. Conhecedor da teoria heliocêntrica de Copérnico, defende a infinidade do universo. Propugna uma lógica que nada tem que ver com a de Aristóteles e que fundamenta as suas raízes em Ramón Llull. À astronomia de Ptolomeu prefere a de Copérnico. À física de Aristóteles, ao seu mundo finito, ao seu céu incorruptível, opõe a ideia de um mundo infinito, objecto de uma evolução universal e eterna. À religião cristã opunha a religião da natureza. Nas religiões não vê senão superstições e símbolos. Também não acredita na astrologia nem na magia.
Em 1592 comete o erro de regressar a Itália, onde é preso pela Inquisição. Herege convicto, é intimado a retractar-se das suas ideias sob pena de morte. Ao recusar, é excomungado e expulso do seio da Igreja. Dá-se-lhe então um prazo de oito dias para confessar o seu erro. Não o faz, pelo que morre na fogueira como apóstata, herege e violador dos seus votos religiosos.”


Rui Tavares [introdução, tradução e notas], inicia a sua introdução a esta obra assim: “Violentas discordâncias opunham as igrejas cristãs no fim do século XVI: a existência do purgatório, a presença do corpo de Cristo no pão eucarístico, o estatuto da Virgem Maria, o uso de imagens nos locais de culto, o matrimónio dos sacerdotes, e muitas outras ainda, que matavam gente e faziam guerras. Numa coisa pelo menos estavam todas de acordo, e era que Giordano Bruno não tinha lugar em nenhuma delas.(Pg. 11)

Para Giordano Bruno, “com efeito, a Magia assemelha-se à Geometria pelas figuras e pelos símbolos; à Música pelo encantamento; à Aritmética pelos números e cálculos; à Astronomia pelos períodos e movimentos; à Óptica pelos fascínios do olhar; e, universalmente, a todas as espécies de Matemática pelo que tem de intermediária entre a operação divina e natural.(Pgs. 38 e 39)

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quarta-feira, setembro 12, 2007

Outros olhares

Gisela Eichbaum
Os Músicos
óleo sobre tela
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Uma voz a escutar com atenção

«O propósito da minha visita é promover o valor humano e a harmonia religiosa. Nestes [dois] campos os governos podem fazer pouco. O público e vocês [comunicação social] podem fazer muito mais», acrescentou o Dalai Lama.
Sol, 12.09.2007

Será que percebi bem?...

O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, avisou ontem à noite o Governo de que «as instituições devem respeitar, no quadro do direito internacional, as relações diplomáticas com outros países e, nesse sentido, não se pode ter relações económicas, políticas e diplomáticas com certos países e depois procurar contrariar essa perspectiva justa do prestígio das instituições com uma visita de circunstância».
[Sobre a visita de Dalai Lama a Portugal]
Sol, 12.09.2007

terça-feira, setembro 11, 2007

Hoje também me apeteceu falar sobre o caso Maddie McCann

Ainda não tinha aqui trazido o caso da menina que desapareceu quando dormia com os seus dois irmãos num quarto de um hotel na Praia da Luz, Algarve, em 3 de Maio de 2007. Porque, se calhar, como o barulho, a gritaria, a algazarra, a histeria era tamanha, sempre achei que mais valia ter a boca fechada, do que deixar por lá andar mosca. Tudo isto, pese embora, como é evidente, o facto – e isto é que é sério, importante – de ter desaparecido, do seio dos pais, uma criança. Mais uma, aliás, não o esqueçamos. É que, é bom lembrar, segundo dados oficiais, cerca de 1,2 milhões de crianças são traficadas por ano em todo o mundo.

Ontem estive a ver o programa Prós e Contras, na RTP1. E francamente, gostei. É que abordar este caso [como qualquer outro, aliás] desta forma, vale a pena.

Dele, gostaria de realçar alguns pontos que lá foram abordados:

1 – O grande “ponto-de-situação” que Henrique Monteiro [Director do Expresso] começou por colocar: Mas afinal, o que é que nós todos sabemos sobre este caso? Para além de que uma criança desapareceu e que três pessoas são arguidas?

2 – A questão levantada por José Miguel Júdice: o alarido, a excitação, o barulho e a histeria levantados sobre este caso, primeiro com grande emoção de apoio, de carinho para com o casal, e agora com grande emoção de acusação sobre o mesmo casal. De repente, de santos, os McCann transformam-se em demónios? Sabendo que, afinal, todos temos o direito à presunção de inocência.

3 – A excelente prestação (até pela pedagogia praticada) de Carlos Anjos [Presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal], que pôs o dedo na ferida: não ferindo o segredo de justiça, deu algumas informações que já deveriam ter sido dadas há mais tempo, por quem de direito. Com a simplicidade de quem tem pelas coisas a naturalidade da própria existência. E quanto ao segredo de justiça, não é divulgar por divulgar, mas divulgar, pensando nas pessoas.

4 – No fundo, como referiram, ainda, José Manuel Anes e Francisco Moita Flores, o que se tem passado é um verdadeiro descontrolo de emoções perante a sensação de perda. De perda de alguém que é nosso, que nos é querido. E que, no meio de tudo isto, o que parece é que a investigação está a ser vítima de fogo amigo.

Cá para mim, creio bem que o que acaba por ficar é apenas e tão-somente a convicção que cada um quer e escolhe. Sem outro conhecimento que não seja o próprio desconhecimento sobre o que aconteceu. No fim de contas, a sua própria ignorância.

Por isso, e porque, se calhar, como o barulho, a gritaria, a algazarra, a histeria vão continuar a ser uma constante, vou continuar a achar que mais vale continuar a ter a boca fechada, do que deixar por lá andar mosca.

domingo, setembro 09, 2007

sábado, setembro 08, 2007

A noite que não queremos ver [ter]

Dá mesmo que pensar o que se pode ler no texto “Gangues da noite têm ramificações na PSP”, de Hugo Franco, Isabel Paulo e Ricardo Jorge Pinto, no Expresso de hoje.

Não resisto a deixar aqui este excerto:

«Nas últimas cinco semanas, morreram quatro pessoas em episódios de violência armada em frente a bares e discotecas do Porto. Até ao momento não houve uma única detenção. A ineficácia das investigações da PJ não passa despercebida, dentro e fora das forças policiais. A direcção da PJ diz não poder comentar o assunto, nem fornecer mais dados sobre a evolução dos processos, para “não prejudicar as investigações”. Mas os crimes violentos e homicídios já acontecem como na noite do Porto há mais de um ano e os casos ainda não chegaram à barra do tribunal.
(…)
A direcção da PJ do Porto não comenta este assunto. Tal como a direcção da PSP não comentou o facto de a Direcção de Investigação Criminal deste corpo policial ter anunciado na véspera a mega-operação que montou no sábado, para averiguar irregularidades com seguranças em bares do Porto. “Toda a gente sabia que eles iam andar a vasculhar”, afirmou um gerente de uma discoteca da zona industrial do Porto. Não é de espantar que a operação não tenha encontrado armas ilegais e que apenas tenha assinado 12 contra-ordenações por situações de irregularidade com porteiros. “Apanharam os casos sem relevo”, disse aquele gerente de discoteca.
»

Dixit

«Vai haver festa em Coimbra, pátria da adolescência dos penalistas nacionais. Conseguiram! A sua especialidade, lendo os jornais estrangeiros de ontem, exportou-se. Tal como já acontecera com o queijo da serra e o pastel de Belém, a palavra "arguido" conquistou o mundo. "What is an 'arguido'?", titulava o inglês Guardian. Ao que respondia, também em título, o espanhol El Mundo: "'Arguido', figura para el sospechoso oficial em Portugal." E o francês Le Monde pediu a um jurista luso para explicar a típica palavrinha. Ele compara com "suspeito" mas alertou: "Não implica acusação exacta." E, assim, se demonstrou a paternidade portuguesíssima de "arguido". Este é uma coisa em forma de mais ou menos. Está para os touros de morte como a tourada portuguesa. Arguido é todo curvas, é uma pega de cernelha. É acusar e dizer em seguida: "Mas não leve a mal, homem." Mais português é impossível. A palavra "arguido" conquistou o mundo. Só falta convencer os juízes.»
Ferreira Fernandes
ESSA PALAVRA ARGUIDO "SO TYPICAL!"
Diário de Notícias, 08.09.2007

Outros [e calmos] olhares


sexta-feira, setembro 07, 2007

E porque não pegar nele e ler?



Uma Deusa na Bruma
João Aguiar

Editora ASA
Colecção Finisterra
2003





«Mesmo quando o mundo parece ficar de pernas para o ar, mesmo quando o “nosso mundo” parece ter-se irremediavelmente perdido e o Outono parece chegar inexorável. Mesmo quando escolhemos “virar as costas” e mergulhar nos braços de “Bandua, o Senhor da Guerra”, não cumprindo o nosso transcendente destino, mesmo nesse momento alguém espera por nós, de braços abertos e sorriso nos lábios.»

«Não te receberei contra a tua vontade, porque te amo. Mas os meus braços estão sempre abertos para os meus filhos.» (...)
«Em frente. Sempre em frente. Não tenhas medo. Não és tu o filho que eu escolhi?»
(Pgs. 321 e 322)
Nábia, a deusa

(Da dedicatória que me fez o meu mano Nelo)
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Momentos íntimos

Quando amigos se encontram
Nada mais interessa que apenas estar

Porque a amizade apenas se descobre
Em terrenos férteis em humanidade

quinta-feira, setembro 06, 2007

De certeza que estará já a cantar [o que sempre fez e continuará a fazer divinalmente] lá bem no cimo da Montanha

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"Meditabundando"

«O Engano da Bondade
Endureçamos a bondade, amigos. Ela também é bondosa, a cutilada que faz saltar a roedura e os bichos: também é bondosa a chama nas selvas incendiadas para que os arados bondosos fendam a terra.
Endureçamos a nossa bondade, amigos. Já não há pusilânime de olhos aguados e palavras brandas, já não há cretino de intenção subterrânea e gesto condescendente que não leve a bondade, por vós outorgada, como uma porta fechada a toda a penetração do nosso exame. Reparai que necessitamos que se chamem bons aos de coração recto, e aos não flexíveis e submissos.
Reparai que a palavra se vai tornando acolhedora das mais vis cumplicidades, e confessai que a bondade das vossas palavras foi sempre - ou quase sempre - mentirosa. Alguma vez temos de deixar de mentir, porque, no fim de contas, só de nós dependemos, e mortificamo-nos constantemente a sós com a nossa falsidade, vivendo assim encerrados em nós próprios entre as paredes da nossa estulta estupidez.
Os bons serão os que mais depressa se libertarem desta mentira pavorosa e souberem dizer a sua bondade endurecida contra todo aquele que a merecer. Bondade que se move, não com alguém, mas contra alguém. Bondade que não agride nem lambe, mas que desentranha e luta porque é a própria arma da vida.
E, assim, só se chamarão bons os de coração recto, os não flexíveis, os insubmissos, os melhores. Reivindicarão a bondade apodrecida por tanta baixeza, serão o braço da vida e os ricos de espírito. E deles, só deles, será o reino da terra.»

Pablo Neruda, in 'Nasci para Nascer'
Citação
daqui

quarta-feira, setembro 05, 2007

Cantiga de gente simples

Há gente
Que todos os dias se interroga
Sobre a Sua existência

E há gente
Que todos os dias se interroga
Sobre o que vê, escuta e sente

Há gente
Que passa os dias a discutir
Se, afinal, Ele existe ou não

E há gente
Que passa a vida a descobrir
Que, afinal, sem saber, até nem discute

(No dia do passamento de Mãe Teresa)

Há 10 anos, também Ela subiu a Montanha

É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.
Madre Teresa de Calcutá

Citação daqui

terça-feira, setembro 04, 2007

Parabéns Amélia [Continua a valer a pena vivermos]!

Aline Pottier
Bouquet
Pintura digital
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Serena terna e suave
Vermelha como o fogo do ocaso
Desabrochou há tempo uma rosa.

Surgiu na altura certa
Para que eu a notasse
Entre as outras flores que se exibiam.

Descobri-a por acaso
Quando um dia passeava absorto
No canteiro do amor.

Olhei-a.
Toquei-lhe.
Senti-lhe a ternura
E o carinho que só ela
Me soube transmitir.

Sorriu-me.
E desde então me prendeu
Num encanto terno e seguro
Que só o amor
Sabe descobrir.

(In O Jardim)

segunda-feira, setembro 03, 2007

Outros [e serenos] olhares

Marc Chagall
Amoureux de Vence
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sábado, setembro 01, 2007

Momentos íntimos

Como quem descobre algo de novo
Dou por mim sem saber
De coisas que não se esquecem

Tranquilo de gestos e largo de calma
Abarco o horizonte com olhos de pausa
E os meus sabem a espera e a procura