Amanhã serei, novamente, pó.
Voltarei, de novo, àquilo donde parti,
Donde emergi, um dia,
Para ser imagem e semelhança
D’Aquele que foi, que será – d’Aquele que é.
Amanhã partirei, com ou sem saudade,
Deixando atrás muito tempo, muita gente,
Para a terra que me foi prometida.
Alguém poderá quedar-se, de olhos rasos
De água salgada, dos anos em conjunto.
Amanhã iniciarei a viagem certa e segura,
Que me conduzirá por caminhos
Nunca antes, por mim, calcorreados;
A viagem dos que vão e não regressam,
Dos que ficam à espera da partida.
Amanhã chegarei, finalmente, ao cais
Onde tantos outros barcos já aportaram.
Porto da terra do além – Terra de Nenhures,
Onde os homens se congregarão, afinal,
Para conhecerem quem os chamou.
Amanhã…
Lisboa, 1976
(In “Caminhando”, Suplemento de “A Chama”, Olivais Sul, 1983)
terça-feira, novembro 29, 2005
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3 comentários:
Belo poema.
Mas desejo que esse amanhã seja bem longíquo.
Um abraço
...fico com a sensação que enquanto vivemos...também não passamos de pó...
FORÇ'AÍ!
js de http://politicatsf.blogs.sapo.pt e http://mprcoiso.blogs.sapo.pt
Adorei, mas como disse o armando desejo que esse amanhã seja distante.
Bjs ACarlos
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