domingo, agosto 31, 2008

sábado, agosto 30, 2008

Dixit

«(...) Mas quem não renunciou a todos os princípios e sabe que o objectivo do espírito olímpico é "pôr o desporto ao serviço do desenvolvimento do ser humano, com vista a promover uma sociedade pacífica dedicada à preservação da dignidade humana", apontou para a "cortina de fumo olímpica" e o "virtuoso baile de máscaras". O Herald Tribune intitulou um editorial: "O grande perdedor em Pequim: os direitos humanos." (...)»
Anselmo Borges
OS JOGOS OLÍMPICOS: LIBERDADE E RELIGIÃO
Diário de Notícias, 30.08.2008

Provérbios

Não digo que dessa água não beberei, porque isso nem eu sei.
In Tomás Lourenço, Provérbios Pós-Modernos, Âncora Editora

sexta-feira, agosto 29, 2008

Dúvidas subversivas (XXXVI)

Será que depois de instalados os chips nas nossas viaturas, vão deixar de se ouvir e de ver os casos de carjacking nas notícias que se ouvem e vêem hoje nos media?

quinta-feira, agosto 28, 2008

Bem dito

«(...) A grande atracção olímpica dos Jogos de Pequim não foi Nélson Évora. Nem sequer Vanessa Fernandes. Ele foi de ouro, ela levou a prata.
Mas Vicente de Moura teve lata. (...)»
Miguel Carvalho
A Devida Comédia
Visão, 28.08.2008

Pensamentos subversivos (LXXIV)

Palavra de honra que não queria dizer nada, mas a cada dia que passa, e a cada coisa [destas, por exemplo] que se vai vendo, cada vez mais me vou convencendo que eles, esses mesmos, afinal apenas continuam a ter mão bem dura e pesada para os mais fracos dos mais fracos. Porque o que se vai percebendo cada vez mais é que os outros, esses mesmos, cada vez se vão tratando com mãos bem macias, leves, suaves e, quiçá, por vezes até, bem carinhosas.
Ora porra para tudo isto!

quarta-feira, agosto 27, 2008

Vale a pena ler

terça-feira, agosto 26, 2008

“HAIKU” [XXX]

Como uma criança
A sacudir uma árvore –
Casa de Verão.

TSUDA KIYOKO (n. 1920)

domingo, agosto 24, 2008

Outros olhares

Aldemir Martins
Marinha
Acrílica sobre tela, 1976
Imagem daqui

sexta-feira, agosto 22, 2008

Há olhares

Há olhares
Que mais não são que apenas reflexos
Dos interiores da nossa existência

Há olhares
Que mais não são que apenas sinais
Do que mais escondido procuramos reter

Há olhares
Que mais não são que apenas gritos
Que ressoam das nossas incapacidades

Há olhares
Que mais não são que apenas nuvens
Que mitigam as nossas dores e inquietações

E há olhares
Que mais não são, afinal, que apenas armas
Que atingem quase sempre as nossas certezas

quarta-feira, agosto 20, 2008

Dixit

«(...) O presidente do Comité Olímpico diz que o COP prepara "os atletas desportivamente, não culturalmente. A educação não é connosco". Bingo…! Percebe-se agora por que as coisas nos estão a correr mal em Pequim. (...)»
Camilo Lourenço
Os Mamedes e a gestão olímpica
Jornal de Negócios, 20.08.2008

terça-feira, agosto 19, 2008

“HAIKU” [XXIX]

Sinto-me tão só
Enquanto escrevo o meu nome –
Quente madrugada.

UDA KIYOKO (n. 1935)

segunda-feira, agosto 18, 2008

Um pedacinho de vida

Trabalhei limpando casas,
Colhi frutos, vindimei, ...
Com alegria, voando nas asas,
De um sonho que sonhei.

A fantasia foi concluída.
Mas talvez por falta de sorte,
Depois de lutar pela vida,
Tive de lutar contra a morte.

No momento da partida,
Implorei com humildade.
Um pedacinho de vida,
Uma nova oportunidade!

Para distribuir felicidade,
A Deus pedi, a sorrir.
Por quem não tinha idade,
De ver sua mãe partir.

Estas quadras que faço,
São como um hino à vida.
Nelas ponho um pedaço,
De quando a julguei perdida.

A vida pode ser bela,
Na sua simplicidade, ...
Se passarmos por ela,
Vivendo com dignidade, ...

Helena Eusébio Santos
In Biblioteca de Óbidos’2003
Poesia Popular Obidense

domingo, agosto 17, 2008

sábado, agosto 16, 2008

Pensamentos subversivos (LXXIII)

Cá para mim, parece-me que anda por aí muita gente a confundir as coisas. [Ou, se calhar até não, o que será bem pior.]

E cada vez mais me vai parecendo que com esta nossa mania de termos de ser umas cabecinhas bem-pensantes, umas mentalidades mais do politicamente correcto do que da realidade existente, ainda vamos acabar por descobrir um dia que isto vai tudo por água abaixo.

Ou, se calhar, afinal de contas, andamos mas é todos a dormir. E nem sequer nos damos ao trabalho de pensar que, se calhar, até há gente que não dorme. E, se calhar, até é a única verdade de tudo o que acabei de escrever...

quarta-feira, agosto 13, 2008

terça-feira, agosto 12, 2008

segunda-feira, agosto 11, 2008

Olho os meus dias

Olho os meus dias como se olham as nuvens
E os meus olhos como que vão aprendendo
O sabor da liberdade que o vento lhes permite.

Olho os meus dias como se olham as ondas
E os meus olhos como que vão descobrindo
A força fecunda da profunda imensidão.

Olho os meus dias como se olha o horizonte
E os meus olhos como que vão pressentindo
A serena perenidade da própria vida.

domingo, agosto 10, 2008

Provérbios Pós-Modernos

Roda quadrada já é um espanto, mas a triangular dá menos um solavanco.
In Tomás Lourenço, Provérbios Pós-Modernos, Âncora Editora

sábado, agosto 09, 2008

sexta-feira, agosto 08, 2008

Quotidianos [V]

Tinham fechado a Rua Principal, porque uma das condutas de água que lhe inundava o interior tinha-se rompido. A água, assim liberta, tinha começado por invadir os passeios de ambos os lados e ameaçava alguns pisos térreos das casas que a ladeavam.

Quando fecharam as torneiras de segurança, a montante, ficou o alagado em que se tinha transformado a Rua Principal. E onde, como sempre nestes casos, algumas crianças aproveitavam para recreios, mais ou menos molhados.

Com tudo isto, a viagem tinha-se demorado e já não tinha a certeza de que valeria a pena chegar onde deveria chegar. Porque as esperas, quando demoradas, deixam de ser esperas. E não é o mesmo estar à espera, estando, que esperar, indo.

Quando se libertou da fila enorme que, com a calma dos conformados, aguardava a liberdade do caminho, teve um pressentimento que o inquietou. O tempo já não era o tempo da viagem. Era o tempo da demora.

Respirou fundo e acelerou, com o sentimento estranho do destino incerto. À sua frente, ainda muito tempo até que o momento esperado se manifestasse.

Lá à frente, bem lá à frente, numa mesa de uma pequena esplanada bem aquecida pelo Sol, ela lia um livro, com o coração à espera. Porque a espera, por vezes, precisa de se perder noutros momentos, noutros locais, mesmo que imaginados.

Desculpa, foi o que conseguiu articular, enquanto se deixava afundar na cadeira que o esperava à frente dela. Que o olhou com aquele olhar que só aqueles que conhecem a palavra gostar podem compreender. E partilhar. Olhar partilhado na vontade de um beijo com sabor a reencontro.

E quando é assim, a demora da espera encontra tempo no tempo de bem-querer. E quando é assim, a espera descobre-se no chegar, para se aventurar no partir da viagem que só conhece o desconhecido.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Outros olhares

DELACROIX, Eugène
The Barque of Dante
1822, Oil on canvas, 189 x 246 cm
Musée du Louvre, Paris
Imagem
daqui

quarta-feira, agosto 06, 2008

Olhares do nosso olhar

Os teus olhos
Apenas nos trouxeram
A dúvida

Os teus olhos
Apenas nos desvendaram
A incredulidade

Os teus olhos
Apenas nos revelaram
O temor

Os teus olhos
Apenas eram os teus olhos
Que nos fitaram
Se calhar sem ver
Se calhar sem nos ver

Porque os nossos
Os olhos que ainda mantemos
Parece que já esqueceram

Porque os nossos
Os olhos que ainda abrimos
Parece que já cegaram

E talvez fosse tão simples
Olhar tão simplesmente

terça-feira, agosto 05, 2008

É bem verdade [vale a pena ler]

«(…) É que quando se descobre que gostar de um clube e raciocinar não são actividades incompatíveis, o mundo ganha logo uma outra cor.»
João Miguel Tavares
OLÁ, EU CHAMO-ME JOÃO E GOSTO DE FUTEBOL
Diário de Notícias, 05.08.2008

Quotidianos [IV]

Saiu de casa com a sensação de que o dia haveria de lhe trazer algumas surpresas. Era dia 30 deste mês, o último a que cabia consultar a conta bancária para ver se o ordenado lá havia sido depositado. Para mais, também era dia, afinal o último de cada mês, que tinha que ter a conta mais ou menos preenchida, pois o recibo da renda de casa lá caía inexoravelmente.

Imaginou a bica, tomada em pensamento, com um colega que com ela partilhava a carruagem de metro e aguentou a viagem em diálogo de colega.

Antes de subir ao segundo andar, onde todos os dias cumpria as ordens que lhe competiam numa azáfama de papéis a transportar, sentiu um calafrio no coração ao olhar o pequeno papel que acabava de sair da caixa de Multibanco, com o saldo da sua conta. Repetiu a operação, agora pedindo os movimentos dos últimos dias, mas lá não constava o que já desesperava encontrar. Neste último dia do mês, dia em que devia receber o ordenado com que quase conseguia não pagar a renda da casa, o pequeno papel apenas lhe revelava o branco da ausência devida.

Jacinta, a jovem mãe solteira, que apenas consigo própria podia contar nos dias que vivia com a filha, acabava de descobrir que tinha um longo dia à sua frente. Longo, difícil e dorido, é certo. E o primeiro telefonema que recebeu, chamada privada no telemóvel, ainda sem capacidade de gerar ele próprio chamadas, foi precisamente do banco, a questionar o negativo da conta, com a renda do empréstimo por cumprir. Ao chegar à secretária, que a esperava diariamente com a paciência da imobilidade, apenas foi capaz de se ouvir: “mas como é que vou resolver isto, hoje?”

Ia ser um longo dia, isso Jacinta sabia bem. Como outros que tentava esquecer. E, nesta manhã, de um dia que iria ser, certamente, bem longo, não era de Clara, a filha, que Jacinta agora se lembrava. O que Jacinta agora se lembrava era do contrato precário que ainda ninguém tinha tido a coragem de transformar, com toda a justiça, em situação normal de trabalho. E que por isso mesmo, às vezes, permitia que a paga pelo seu esforço, pelo seu trabalho, se atrasasse sem se saber lá muito bem porquê.

E, já agora, Jacinta sabia muito bem que, se calhar, quem não tinha feito tudo ao seu alcance para que a normalidade fosse o caso, tinha a sua normalidade perfeitamente resolvida. E, bem demais, se calhar.

segunda-feira, agosto 04, 2008

Os meus olhares


A estrada de Jó

A estrada abriu-se à minha frente
E engoliu-me na pressa de chegar.
À minha espera no distante do caminho
A dúvida da sorte e da má sorte
De um momento que não se deseja.

Às vezes, a vida consegue lembrar-nos
Que também de Jó herdámos os dias.

A estrada abriu-se à minha frente
E nela me perdi, desencontrado de mim.
À minha frente, na lonjura da distância
Apenas a certeza de que o momento
Era o tempo dos caídos e dos abatidos.

domingo, agosto 03, 2008

sábado, agosto 02, 2008

Como um rio que não chega

Por mais que a ousadia se manifeste
E o risco seja parte integrante da viagem
Há sempre alguém que não chega
Há sempre alguém que se prolonga
Há sempre um rio nas areias do ocaso

Porque nem sempre o desejo se faz destino
Também muitas vezes a foz não é chegada

Por mais caminhos que se percorram
E a estrada se descubra permanente
Há sempre alguém que não parte
Há sempre alguém que não chega
Há sempre um mar que não se levanta

Porque nem sempre a vontade se conquista
Muitas vezes o desalento acaba por chegar

Por mais histórias que se manifestem
E o tempo permaneça perene e infinito
Há sempre alguém que se esquece
Há sempre alguém que se confunde
Há sempre uma ilha que nos espera, enfim

sexta-feira, agosto 01, 2008

Os meus olhares


Há agradecimentos que não devem ficar esquecidos

Depois de ontem à noite, obrigado Tony, cá o Zeca fica agradecido...