segunda-feira, julho 31, 2006

Expliquem lá isso, como se eu tivesse apenas quatro anos de idade

Desculpem lá qualquer coisinha, mas ao ler isto e isto, não será que os 22 dias referidos nas notícias, não reportarão aos dias de férias dos mesmos?

Ou então, melhor seria que os ilustres jornalistas fizessem o trabalho de casa e explicassem melhor tudo isto.

Ah: eu sei o que significa a palavra absentismo!
Ah: também já se sabe que Deus está com a Privada e o Demónio está com o Estado!

sexta-feira, julho 28, 2006

Intimidades

Olhou-a.
Apreciou-a
E num súbito impulso
Pousou a cabeça no seu regaço
Como se de lá nunca houvesse saído
E assim se ficou nos braços de Orfeu
Até que do galo a voz se levante

quinta-feira, julho 27, 2006

Espiritualidades

Rosas
Que são cravos

Espinhos
Que são vermelhos

Sangue
Que surge branco

Mágoas
Que não vêm sós.

quarta-feira, julho 26, 2006

O que se lê hoje

“Há muito tempo que o poder local deixou de ser uma "conquista" positiva da democracia. Mas só há pouco tempo começou a reparar-se nisso, graças fundamentalmente à disciplina imposta pelo Pacto de Estabilidade às finanças locais. E só agora se começa a dar os primeiros passos para criar um enquadramento legal que responsabilize os autarcas pelo dinheiro que gastam.”
Helena Garrido
Diário de Notícias, Editorial (É Pena), 26.07.2006

Dúvidas per[ti](ma)nentes

* Que seria dos conflitos, sem os Senhores da Guerra?
* Que seria dos Senhores da Guerra, sem os Senhores do Armamento?
* Que seria dos Senhores da Guerra e dos Senhores do Armamento, sem os Senhores dos Negócios?
* Que seria dos Senhores da Guerra, dos Senhores do Armamento e dos Senhores dos Negócios, sem os Senhores do Reino e do Império?
* Que seria dos Senhores da Guerra, dos Senhores do Armamento, dos Senhores dos Negócios e dos Senhores do Reino e do Império, sem toda esta humanidade que coloca o pescoço no cepo do Poder?

terça-feira, julho 25, 2006

Acreditar na Justiça

Supremo Tribunal investiga magistrados da Procuradoria Geral da República
Público, 24.07.2006

Isto é grave. Muito grave mesmo. Para mim, a Justiça é um dos pilares da sociedade, que nos garante os nossos direitos e os nossos deveres. Sou dos que continuam a acreditar na Justiça. Por isso, parece-me grave tudo isto. Por isso, independentemente da mórbida morosidade de outros casos, que abundam no meio de nós, espero que, sem demoras, se apure o que se passa e, se for o caso, se puna quem for culpado. A bem de nós todos. Para que possamos continuar a dizer que acreditamos na Justiça Portuguesa. Apesar de todos sermos homens e mulheres nos mais variados sectores da sociedade.

Mas já agora, o que dizem, agora, o Procurador Geral e o Presidente do Sindicato dos Magistrados do Magistério Público, outras vezes tão solícitos a botar discurso?

Há gente com muita sorte…

Conforme já o disse, há uns tempos, “tenho por Manuel Alegre muito respeito. E admiração. Comecei a conhecê-lo melhor através dos seus livros, que nos ia oferecendo a todos. Afeiçoei-me à sua poesia, desde a Praça até à Canção, desde o Canto até às Armas. Era e é uma voz que me habituei a ouvir. Com atenção e apreço. A sua poesia junta-se à que de melhor se manifestou e manifesta em Portugal”.

Mas depois de ler isto, quer-me cá parecer a mim que, nesta terra, se calhar, até há homens com muita sorte…

Ou, melhor dizendo, e para sermos bem claros: há alturas na vida em que não basta apenas afirmar a coerência pessoal, a honradez de ser humano, a solidariedade e a fraternidade como ideais de vida. É vital praticá-los. É nisto que os homens – grandes e dignos da História – se distinguem.

segunda-feira, julho 24, 2006

Epistolário

Caríssima A.:

Há momentos nas nossas vidas que mais não são que desertos de palavras. Tanta coisa gostaríamos de dizer e tanto espaço em branco permanece entre nós. Tanto ruído à nossa volta e tanto silêncio a brotar de nós próprios.

Há momentos nas nossas vidas que mais parecem, de facto, áridas áreas de palavras. Mas não desertos de sentimentos. Mas não áridas áreas de emoções. Mas não ausência de sensações.

Hoje, gostaria de te dizer muitas coisas. Ou, pelo menos, algumas coisas. Mas o que sinto, ao olhar-te, hoje, é apenas a ausência que se entranha no ar que nos rodeia. Apesar do ruído que nos circunda. O que nos envolve agora é tão-somente o silêncio que sentimos perene e inatingível. Afinal, o silêncio da ausência.

Hoje, gostaria de te dizer algumas coisas, pelo menos. Algumas coisas que não te toldassem os olhos que teimas em manter abertos, mesmo se enevoados. Algumas coisas que não te cerrassem os lábios, mesmo que trémulos.

Hoje, apenas te posso dizer que o J., o teu pai, apenas aqui está porque o sentimos bem perto de nós. Que vai continuar a animar-nos, porque talvez escutemos ainda a sua voz dentro do nosso coração.

No meio de tudo isto, creio bem, caríssima A., que é nosso dever, agora, deixá-lo subir a montanha lá à frente, enquanto nós ainda vamos continuar a percorrer a estrada no vale que é a nossa vida.

É que, mesmo já no longe da montanha, ainda vamos ser capazes de o avistar e compreender que nos acena com amor. Afinal, o mesmo amor que te faz sentir no coração um ardor reconfortante.

Do teu padrinho, que te quer bem
No vigésimo primeiro dia, do sétimo mês, do ano da graça de dois mil e seis

quinta-feira, julho 20, 2006

“Animal Farm” na FIFA (2)

Como dizia aqui, pensava eu cá com os meus botões que já tínhamos assistido a tudo quanto a FIFA poderia fazer de pior, de ridículo, de estupidez. Pensava eu que mais abaixo já não seria possível descer aquela ilustre instituição dita de desporto.

Depois de ler
isto, parece que, afinal, a FIFA lá continua calmamente a ser ela própria.

Creio bem que, como medida exemplar da FIFA, se poderia dar aos “Prémios Disciplina” o nome de “Prémio Zidane”.

Estou cansado e triste

Estou cansado e triste
Há coisas na vida
Que nos questionam em permanente inquietação

Sonhamos um percurso bem delineado
E bem organizado
E afinal quando damos por nós
O horizonte surge-nos inapelavelmente diferente
Renovado a cada hora
A cada dia
A cada passo

E assim as nossas certezas
Diluem-se como areia nos dedos duma criança

E assim as nossas dúvidas
As nossas angústias
São os teoremas do caminho a percorrer

Estou triste e cansado
Mas seguramente estou vivo

quarta-feira, julho 19, 2006

A Segurança Social a que temos direito

Reformas deverão baixar 23 por cento daqui a 25 anos
Público, 19.07.2005
Se calhar, a CGTP até tem toda a razão ao ter recusado a proposta de reforma da Segurança Social aceite há dias pelos outros parceiros sociais.

terça-feira, julho 18, 2006

Questões esotéricas

Meu caro John L. Allen, Jr. (Opus Dei, Alêtheia Editores, 2005): Cá por mim, prefiro muito mais – acredito muito mais – no Deus de José Luís Cortés (Um Deus Chamado Abba, Ed. Estrela Polar) do que no Deus de Josemaria Escrivá de Balaguer.

segunda-feira, julho 17, 2006

Histórias do meu gato - O Portão

O Amarelo está lá em baixo, pensou quando sentiu um novo cheiro vindo da rua. Era ele, de facto. Aquele gato irritante que de vez em quando aparecia aqui, e que o irritava até ao tutano. Cada vez que ele aparecia, a rua desertificava-se. O Amarelo era o “padrinho”, o líder, o “protector” da zona. Pelo menos era o que ele gritava permanentemente em altos miados. Para isso, deambulava pelo “seu” território com ostentação. De pelo eriçado, ameaçador e intimidatório, provocava muitas vezes não poucas contendas com os gatos residentes.

Pulguinha, viu-o chegar. Onde se encontrava, no telhado da pequena casa de arrumações da moradia em frente da casa dos seus donos, sentia-se minimamente protegido. Os ramos da buganvília e da roseira que evoluíam pelo telhado, formando pequenos espaços no seu interior, protegiam-no, pelo menos, temporariamente, de investidas de fora. Mas a sua posição não era bem cómoda. Nem duraria muito. E o Amarelo, bem vistas as coisas, era maior que ele. E com mais músculos. Pelo menos mais treinados, seguramente.

Entre ele e o portão verde e grande da casa dos seus donos, o Amarelo tingia de medo a cor negra do alcatrão da Rua. O portão, em ferro, de dois batentes que se uniam ao meio, estava quase sempre fechado, até porque os seus donos não costumavam arrumar o carro na garagem. Mas, embora fechado, o espaço que havia entre o chão e a barra que o apoiava, era suficiente para que ele pudesse passar. Pelo menos era, desde sempre, a sua porta privativa.

Soergueu a cabeça e olhou para lá da rua, com os olhos semicerrados. Lá estava o portão. Lá longe, no longe da presença do Amarelo. Um salto, uma corrida breve e um mergulho súbito, pensou. Levantou-se e olhou longamente a sombra que o inquietava. O Amarelo farejava o que restava do rasto da Pakera, a elegante e sensual gata da vizinha do lado.

É agora, decidiu-se. Encolheu-se o mais que podia e, esticando com violência as pernas, deu um salto e, numa inspiração apenas, olhou o portão à sua frente. Agachou-se, expirando o ar todo que ainda havia dentro de si, e mergulhou subitamente por debaixo do portão. Num momento, numa eternidade, ainda pensou que não conseguia, ao sentir-se preso. Num esforço final, a barriga e as costas a arderem do aperto do ferro e do cimento do chão, libertou-se e sentiu o portão atrás de si. Livre. Estava em casa. Lá fora, do outro lado das grades do portão, o Amarelo olhava-o, ainda de orelhas espetadas. Pareceu-lhe que sorria.

Safa, pensou, já não estou para estas coisas. Nem o coração já aguenta. A partir de hoje vou entrar em dieta. Se não, ainda entro noutras dietas.

sexta-feira, julho 14, 2006

“Animal Farm” na FIFA

Pensava eu cá com os meus botões que já tínhamos assistido a tudo quanto a FIFA poderia fazer de pior, de ridículo, de estupidez. Pensava eu que mais abaixo já não seria possível descer aquela ilustre instituição dita de desporto.

Mas ao ler isto que o
Público nos traz hoje, percebi que ainda posso ficar mais aparvalhado com as doutas decisões daquelas iluminadíssimas sumidades.

Já só me lembra o documento postado numa parede da ‘Quinta’ que Orwell imortalizou e que reza assim: “Todos os animais são iguais, mas há uns que são mais iguais que outros.”

quinta-feira, julho 13, 2006

Uma questão de direitos (?)

CP acata sentença que obriga a pagar indemnização por furto
Público, 13.07.2006

Então e se me roubarem um telemóvel na Rua do Ouro, por exemplo, também posso recorrer aos tribunais e pedir que mo paguem? E se me roubarem um automóvel, também tenho direito a que seja indemnizado pelo seu valor?

É que viajo na Rua do Ouro com ‘documento válido’ (BI, Cartão Contribuinte, carta de condução, cartão de utente de saúde, etc…) e não existe (pelo menos ainda não o descobri) nenhum aviso para eventuais furtos.

Às vezes mais me parece que vivemos num mundo mais que surrealista. E às vezes até chego a pensar que à força de tanto querermos defender os nossos direitos, chegamos a confundir o 'bom senso' com o 'senso bom'. Para não entrar noutros considerandos que têm mais a ver com a precisão cirúrgica com que nos fazem sentir alguns ‘medos’ para mais facilmente se chegar a novas ordens (se calhar mundiais).

Já agora: porque é que o homem não fica lá com o dinheiro, já que nos fez a todos nós gastar um bocado com as custas (ordenados, papéis e outros) de todo o processo?

quarta-feira, julho 12, 2006

Momentos partilhados

Com palavras abertas e livres
Descobrimos o calor da amizade

E os nossos olhos ousam o longe
E descobrem o distante da vida

terça-feira, julho 11, 2006

Apontamentos de férias (1)

Aquando do Mundial estava de férias. Os meus únicos comentários foram no seio da família e no meio de alguns amigos. Foram sobretudo as emoções partilhadas.

Mas não quero encerrar esta etapa (nesta viagem possível do meu tempo), sem deixar sair algumas ideias e sensações.

1. Também eu – como a maioria – considero que Portugal saiu dignificado da Alemanha. Mesmo que muita gente tenha trabalhado para que não atingíssemos os nossos objectivos. É, pois, de toda a justiça, o sentimento de gratidão que os adeptos portugueses manifestaram para com os elementos que compuseram a nossa selecção – dirigentes, técnicos e, sobretudo, os jogadores.

2. Por vários motivos – vários muito óbvios, mesmo – no jogo da final torci e fiquei contente com o resultado final. E fiquei com os cabelos (já poucos, infelizmente) em pé, com o que diziam os comentadores da SIC (um deles creio que o Humberto Coelho). Parece que só lhes faltou cantarem a “Marselhesa”…

3. Considero uma piada de mau gosto a atribuição do galardão “Bola de Ouro do Mundial-2006, que distingue o melhor jogador da competição”, a um atleta, cuja atitude, já no final do jogo último do mundial, foi a que toda a gente viu, incluindo aqueles que foram responsáveis por essa atribuição.

4. Considero uma atitude de “pesada consciência” a tomada pelas altas sumidades do futebol mundial, ao atribuírem a Portugal o “prémio para o futebol mais atractivo praticado no Mundial-2006”. Perderam aqui uma excelente oportunidade para estarem quietos…

5. Apesar dos elogios merecidos, não concordo com a proposta para que seja dada a isenção do IRS nos prémios de 50 mil euros conquistados pelos internacionais portugueses. Por uma questão de justiça e de respeito por todos, incluindo os jogadores portugueses.

6. A partir de agora, é tempo de nos prepararmos para a próxima etapa. Parece que começa já em Setembro. Espero que com a actual equipa técnica. É que, em equipa ganhadora, não se mexe… Creio eu.

segunda-feira, julho 10, 2006

De volta

Ora bem: cá estamos de novo!

Depois de três semanas de férias, voltamos hoje ao activo. Nesta casa. Mas também à vida profissional.

Já agora, e curiosamente – ou talvez não – já estava habituado aos calções, às ‘T-Shirts’, aos chinelos, ao tronco nu, ao pé descalço, à areia, ao Sol (embora sempre com muita precaução, que isto de ter pele sensível é chato). E também às caminhadas, à corrida (consegui finalmente aguentar cinco - 5! - minutos de corrida suave), aos livros.

Por isso, para já, foi estranho hoje sair de casa de fato e gravata. Ainda por cima com este calor!...

Mas cá estamos. Para continuar a deambular por esta casa, sem outras intenções que não sejam a de continuar um convívio que me tem dado muito prazer.

E, porque de convívio – de conviver, viver com, estar com, partilhar com – se trata, serve também esta entrada para saudar os amigos companheiros bloguistas, desejando aos que estão ou vão agora de férias, um tempo agradável de descanso. E não ficaria bem comigo próprio se não deixasse aqui uma palavra de amizade para os amigos
Armando Ésse, Paulo Cunha Porto e Polittikus, pela simpatia que manifestaram cá pelo ‘rapaz’.

Ah!: Já agora, não querem lá ver que me passou ao lado o meu primeiro aniversário destas andanças blogosferianas? É verdade, foi no dia 27 de Junho de 2005 que iniciei este Tempo de Viagem, afinal a viagem possível do meu tempo, ou o tempo possível da minha viagem sem retorno.