quarta-feira, novembro 16, 2005

Dili

Eras Dili o Arruda do olhar metálico
Era bom o gin no “Pic-Nic” onde nos sentávamos
E era sonho o que falávamos e dizíamos

Em Dili te descobri Fontes esquálido
De carnes secas e gestos largos. Lutávamos
Eu de palavras e tu com mãos. Vivíamos

Era Dili o Benfica dos volantes rápidos
Que em gipes voava voava. Era o teu conduzir
A nossa droga a nossa viagem passada

Em Vila Real encontrei Dili de poemas sabidos
Eram nossas as ruas as praias o veloz porvir
Era o bastão que partia contra uma cabra assustada

Em Dili te embebedaste de xadrez Catuazona
Dos pensos e injecções. Era jogo o que fazíamos
E eram tabuleiros os nossos sonhos de evasão

Em Dili vi o que queria e não queria
Saboreei os dias detido que não percebi
Em Dili recebi louvores e alegrias
E tristezas e pedras que não entendi

Em Dili te descobri Flor-de-Lotus
Mas era amargo o teu sabor
Não o que me diziam doce e suave
Em Dili te descobri mas não o amor

(Teorema, Dezembro 2003)

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