quarta-feira, fevereiro 28, 2007

O mártir

Os sonhos de juventude costumam ser empolgantes. O de Abbu era tornar-se mártir do Islão. Não foi difícil, para um universitário, acompanhar a formação em explosivos. A táctica era simples: dissimulação para entrar num autocarro carregado de inimigos e accionar o detonador, causando o maior número de baixas possível. As cargas de explosivo plástico eram acondicionadas junto ao corpo e reforçadas com esferas metálicas. Alguma coisa deve ter falhado, porque se viu rodeado de soldados que o levaram para interrogatório. Depois da sentença viu-se condenado a trinta anos de prisão e privado das prometidas trinta virgens no Paraíso.

Contos do Insólito, António Moreira, Ed. Utopia, Maio 2004

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Teorema

Como escadas íngremes
Que se erguem sem tibiezas
Assim a memória de nós.

Espaço
Tempo


Matéria orgânica que se renova
Como sopro de vida ardente

Criação
História


Devir feito dúvida inquieta
Em teorema re-estabelecido.

(Teorema, Dezembro 2003)

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Excelências confusas…

Ontem, “Diga lá Excelência”, na RTP2, com jornalistas do Público e da Rádio Renascença.
Ou estava eu a ver mal, ou os entrevistadores estavam enganados, ou era Nuno Gaioso Ribeiro quem não sabia muito bem o que fazia ali.
No fundo, no fundo, continua a ser Lisboa quem mais vai continuando a perder e a sofrer.

sábado, fevereiro 24, 2007

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Zeca Afonso – 20 anos depois


Traz outro amigo também

Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também

Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também

In: http://alfarrabio.di.uminho.pt/zeca/cancoes/57.html

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

“A História deveria ser um livro aberto de inspiração para os governantes”

“A questão da rede nacional de urgências é bem mais sensível. Como é possível convencer as pessoas a prescindirem de um serviço de primeira necessidade, em função da sua transferência para algures, a algumas dezenas de quilómetros, com o argumento de que assim serão beneficiados mais alguns milhares de portugueses? Na solidão de um gabinete de trabalho, com o mapa de Portugal à frente, a medida pode fazer todo o sentido, mas não se espere que o Portugal moderno, bem mais exigente e consciente dos seus direitos individuais e colectivos, reaja com indiferença. Porquê nós, os sacrificados?, perguntarão muitos. Não se percebe, por sinal, porque foi divulgado um plano que ainda está longe da sua versão conclusiva. Numa conjuntura de descontentamentos variados - mais ou menos aceitáveis -, o resultado não poderia ser muito diferente do que se está a assistir.”

Mário Bettencourt Resendes
Diário de Notícias, Os governos tremem nas pontes”, 22.02.2007

Dúvidas subversivas (IV)

Porque é que será que cada vez que penso na guerra instalada entre laranjas e azuis, por causa de questões de casas, me vêm à lembrança dedinhos da Tia “Paulinha”?

“Fado tropical”

Ai, esta terra ainda vai perder seu ideal
Ainda vai tornar-se um imbróglio monumental.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

“A Quarta-Feira de Cinzas do PSD”

“São danças a mais para um líder que tem abusado dos seus dons manifestamente insuficientes de dançarino político e que, agora, depois de tanto trocar passos e tropeçar nos pés, corre o risco de estatelar-se ao comprido no salão de festas. A Quarta-Feira de Cinzas anuncia-se, assim, verdadeiramente desolada para Marques Mendes: já não é apenas a permanência de Carmona Rodrigues à frente da Câmara de Lisboa que se mostra insustentável; é o seu próprio destino como líder do PSD que se encontra cada vez mais num beco sem saída.”

Vicente Jorge Silva
Diário de Notícias, 21.02.2007

Não era brincadeira?...

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Outros olhares

Pensamentos subversivos (XV)

Quer-me cá parecer a mim que, se calhar, se o Primeiro não se puser a pau com este, ainda se arrisca a perder a dianteira da prova.

sábado, fevereiro 17, 2007

Outros olhares

Gonzalo Fuenmayor
Carnaval de la Arenosa
Collage y acuarela (18x24)
http://www.interarteonline.com/G_Fuenmayor.htm

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Pensamentos subversivos (XIV)

Há coisas que não posso dizer. Até por uma questão de reserva pessoal. Até por uma questão de princípio.

Mas lá que me está a apetecer desancar em alguém, lá isso apetece.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Citação do dia

"A nossa inveja dura sempre mais tempo que a felicidade daqueles que invejamos"
François, Duque de La Rochefoucauld
In: www.citador.pt

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Dia de S. Valentim

Sir Edward Burne-Jones
The Mirror of Vénus
Oil on canvas
The Gulbenkian Foundation, Lisbon, Portugal
http://www.abcgallery.com/B/burne-jones/burnejones51.html


- Vens comigo?
- Vou. Fico ali em Santa Apolónia. Lá, já me consigo safar melhor.
E lá nos abalámos, no meio do trânsito que, esta manhã, até nem parecia estar muito mal.
Antes de me deixar, como se apenas nesse momento tivesse reparado:
- Ah! Hoje é dia dos namorados!!!

E soube-me mesmo bem o beijo que me deixou na despedida.
Sem dúvida, uma boa maneira de começar o dia.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Missão (quase) cumprida

E pronto. Já está. Ontem lá fui até ao local próprio, cumprir o que, para mim, mais que um direito era um dever. E votei.

Votei convencido de que o que estava por detrás de tudo era, afinal e tão-somente, o podermos afirmar claramente o que desejamos na nossa história (existência) comum. E comum, porque diz respeito a todos. Não apenas de alguns.

Votei convencido de que o que estava no centro da questão era, afinal e tão-somente, o próprio ser humano. Com a sua dignidade e a sua razão de ser. Com a sua liberdade. Com o seu bem-estar. E de todos. Não apenas de alguns.

Ontem lá fui até ao papelinho, onde uma cruz simbolizava o querer e o desejo dos que lá quiseram estar.

E pronto. Já está. Mas ontem lá vi que mais uma vez o nosso colectivo, de colectivo apenas mostrou o desprezo de alguns pelos outros. Ontem mais uma vez o colectivo, de colectivo apenas se soube mostrar no nome. Não na essência.

Cá por mim, valeu pelo resultado. Ainda bem. Muito embora o que se passa a montante e a jusante, o ser humano ainda tem capacidade para usar a tolerância, o respeito por cada qual. Vá lá que o bom senso ainda anda por aí.

sábado, fevereiro 10, 2007

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Sombras

Link da Imagem

Está escuro lá fora. No céu, as nuvens vestiram-se de negro como a noite que se aproxima. O ar respira-se turvo, como turvo se mostra o horizonte.

Está escuro lá fora. Do lado de lá, para lá do vidro que protege os meus olhos cansados, a mesma humidade a burilar no ar que ainda respiramos.

Está escuro lá fora. Apenas a penumbra a invadir o nosso espaço, que de torpor se deixa adormecer de mansinho.

Está escuro lá fora.
Como está a ficar cá dentro.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Momentos

No tabuleiro que se interpunha
Entre nós
E nos unia na competição
Avancei um peão
Com movimentos lentos.
Na peça que toquei
Senti-te companheiro
De lutas imaginadas
E conseguidas.
E olhei-te matreiro
E superior.

Eu estava seguro
No meu peão escondido.

E tu abandonaste a mesa
Deixando-me solitário
De mim perdido.

sábado, fevereiro 03, 2007

Pensamentos subversivos (XII)

Quer-me cá parecer a mim que quando estes castiços ligueiros acordarem, já deveremos estar todos nós outros a dormir o sono profundo.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Estados d'Alma

De novo aqui me questiono
De novo a dúvida
Do que sou

Que faço aqui?
Olho este papel
Amarfanhado
Onde rabiscos dançam
E me invadem a caneta

E neste gesto de desenhar
Palavras e letras e frases
Me encontro
Me descubro
Me exploro
E me inquieto