Espelho
Cheguei.
O cansaço invade-me
Após um dia de automóvel.
Entro no meu quarto
E fecho-me.
Olho o livro que tenho nas mãos
E as letras fogem-me
Para o papel, onde rabisco
Algumas palavras sem sentido.
(Palavras sem sentido,
Porém, sentidas.)
No espelho onde me miro,
Não vejo a barba que possuo,
Não vejo os olhos com que enxergo,
A boca com que calo,
O corpo que não sinto.
No espelho que espreito
Vejo-te!
Viseu, 1979
(In “Caminhando”, Suplemento de “A Chama”, Olivais Sul, 1983)
terça-feira, novembro 15, 2005
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