terça-feira, outubro 31, 2006

Os bons sabores da vida

Na semana passada fui visitar um grande amigo que tinha sido internado num hospital da nossa área, com um problema algo sério.

Havia já algum tempo que o meu amigo andava sofrido, sem saber o que tinha. E, de repente, sem saber de novas ou antigas, ficou a saber que alguma coisa lhe chegou àquela parte do corpo que, naturalmente, não pode parar. O coração. Aquele órgão que, afinal, quase tudo comanda.

E, assim, de nova em nova, o meu amigo lá se irmanou comigo em intervenções que de cardíacas nos levam à descoberta do que é mais importante na vida.

Mas ainda não esqueci o pedido que o meu amigo me fez, quando com ele estive naquele espaço e naquele tempo que nos aperta o peito e faz pensar que a vida é das coisas mais imprevisíveis que conhecemos: um bom cozido à portuguesa!

É que, fraco, sim senhor; debilitado, também; mas, como eu, convicta e firmemente, ontem, hoje e sempre, um garfo de respeito!

segunda-feira, outubro 30, 2006

"O que aconteceu ao ensino público gratuito?"

(…) "o que acontece é resultado do desinvestimento na escola pública". António Castela, porta-voz da Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais, não tem dúvida de que "as escolas têm necessidades que não são satisfeitas pelas verbas que lhes são atribuídas". E não se opõe ao "voluntarismo". Mas exige transparência. E deixa o alerta: "As actividades de enriquecimento curricular são uma boa ideia da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, mas ainda ninguém falou no que aí vem, que é a necessidade de comprar livros de Inglês e de Música. Vão ser os pais a pagá-los?"
DN, 30.10.2006

Vamos lá a ver se nos entendemos. Então a educação – como a saúde, entre outras, por exemplo – não é um dos direitos básicos e fundamentais do ser humano? E como tal, não é considerado ser gratuita para todos? Pelo menos durante os primeiros três ciclos de ensino – escolaridade obrigatória?

Cá para mim, parece-me bem que o que deveria fazer-se era chamar o dito pelo nome próprio. Não o andarmos com remendos e com os favores de apenas alguns – acabará sempre por poderem andar melhor os que “mais” podem. O que será injusto, diga-se. E contrário, afinal, ao que está na lei que “alguns” usam como argumento para tudo e para nada.

sexta-feira, outubro 27, 2006

A Comédia (divina) de Dante


“Ali está Minos, horrível e rangendo os dentes;
à entrada do Círculo examina as culpas; julga e
ordena segundo o número das voltas da cauda, em que se enrosca.
(…)

Compreendi que a tão áspero tormento
são condenados os pecadores carnais,
que submetem a razão ao apetite.”

Canto Quinto
(Segundo Círculo do Inferno)

quinta-feira, outubro 26, 2006

Às vezes é preciso também saber dizer mais ou menos bem

Com todos os seus defeitos, pecados e pecadilhos – matéria afinal de que são feitos todos os seres humanos – ainda há alguém que, embora à sua maneira e medida, sabe tirar em devido tempo as suas devidas ilações.

quarta-feira, outubro 25, 2006

“Animal Farm”


Regulamento

Artº Único: Todas as empresas são iguais.
§ Único: Mas há empresas mais iguais que outras.

terça-feira, outubro 24, 2006

Convicções (se calhar antigas…)

Tenho para mim que a palavra dada é sempre uma urgência de afirmação de coerência, de verdade, de lealdade.
Tenho para mim que a honra de cada um é uma urgência de afirmação de respeito, de seriedade, de humanidade.
Tenho para mim que o ser humano, enquanto ser humano, transporta em si mesmo uma urgência de vida.

Por isso, não posso compreender aqueles que têm para si a negação do respeito que à palavra dada deve ser dado.

sábado, outubro 21, 2006

Brincadeiras “à séria”

Deixem cá ver se percebo. Estamos a comparar laranjas com melões, não é? Isto só pode ser um devaneio de quem não tem mais nada para fazer, não é verdade?

Ou, afinal, é a sério. E então estão a “brincar” comigo. Pelo menos.

Uma questão de gostos

Depois de ter assistido, curioso, ao parto de uma obra, dei por mim sem astro. Mas expressamente me recompus.

sexta-feira, outubro 20, 2006

A Comédia (divina) de Dante


“Grande dor me apertou o coração, quando o ouvi,
vendo que pessoas de muito valor
se encontravam suspensas naquele Limbo.
(…)

Do fogo estávamos ainda um pouco longe,
mas não tanto que eu não distinguisse em parte
que gente, digna de honra, habitava aquele lugar.”

Canto Quarto
(Primeiro Círculo do Inferno)

quarta-feira, outubro 18, 2006

Eis-me aqui (III)

Eis-me aqui
Sem tempo
Sem espaço

Sem som
Sem cor

Eis-me aqui
Mesmo assim
Apesar de tudo

terça-feira, outubro 17, 2006

Há quem diga

Nunca a liberdade acendera fogueiras e queimara o espírito. O crime das inquisições pertencia aos inquisidores.
Miguel Torga
A Criação do Mundo, IV Dia

segunda-feira, outubro 16, 2006

O que faz falta é bater na malta

Muito se tem falado, sobretudo nos últimos tempos, no pessoal da Administração Pública. Para muita e “santa gente” a solução é até bem simples: mandavam-se embora uns míseros duzentos mil funcionários públicos, e todos os nossos problemas ficariam resolvidos.

Por isso, li com bastante curiosidade os artigos de
Carla Aguiar e Manuela Arcanjo, saídos hoje no Diário de Notícias. E nem preciso dizer mais nada.

Ah! Já agora, repiso um dado que me vem à cabeça: Os funcionários públicos são das poucas (para não dizer quase únicas) pessoas que, há bastos anos, não têm fugido (nem podem, aliás) quer aos seus compromissos fiscais, quer aos compromissos com a segurança social. Curioso, não é?

Epistologias (As preocupações da minha gente)

"Exmos. Senhores Administradores (do Banco …)

Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.

Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal? (…)"

(De um e-mail [que corre na net], que recebi de um amigo, sobre as relações de alguém com uma instituição bancária da nossa praça.)

sexta-feira, outubro 13, 2006

Há dias felizes (mesmo sendo dia 13)

Sou, na verdade, e assumo-o com toda a força (e com toda a humildade, diga-se), uma pessoa de muito bom gosto.

Foi seguramente por isso, que há 27 anos, no dia 13 de Outubro, numa modesta e pequena capela desta nossa Lisboa, assumi, perante familiares e amigos, que o testemunharam, o compromisso de viver com uma Grande Senhora. Aquela que continua a arriscar viver comigo.

Por curiosidade, refira-se que também o meu irmão António, no mesmo dia, se irmanou comigo no mesmo compromisso com outra Grande Senhora. Por isso, também o seu extraordinário bom gosto. É uma questão de família, que querem? …

Hoje, passado todo este tempo, passadas todas as alegrias e tristezas, por mim, vou teimosamente continuando a reafirmar que tem valido a pena. Como tenho a certeza de igual sentimento do meu irmão António, manifestado lá no alto da montanha, onde tenho a certeza que ele está.

quinta-feira, outubro 12, 2006

A Comédia (divina) de Dante


“POR MIM ENTRA-SE NA CIDADE DOLENTE,
POR MIM ENTRA-SE NA DOR INFINITA,
POR MIM ENTRA-SE NA ESTÂNCIA
DA GENTE PERDIDA.

A DIVINA JUSTIÇA PUNITIVA MOVEU DEUS
A CRIAR-ME; FUI EDIFICADA PELA DIVINA
POTESTADE, A MAIS ALTA SABEDORIA
E O PRIMEIRO AMOR.

ANTES DE MIM NÃO FORAM CRIADAS
SENÃO COISAS ETERNAS, E EU ETERNAMENTE
DURO. DEIXAI TODA A ESPERANÇA,
Ó VÓS QUE ENTRAIS!”

Canto Terceiro
(Porta Infernal)
Inscrição que encima a porta

quarta-feira, outubro 11, 2006

A “reforma” da nossa Segurança Social”

"Mais justo", assim considerou José Sócrates o sistema que vai vigorar a partir de Janeiro de 2007 e que será "completamente diferente."

Cá para mim, tenho sérias reservas ao dito pelo PM. É que não me parece mesmo nada justa esta Segurança que o actual governo quer fazer Social. E de Vieira da Silva esperava mesmo muito mais. Veremos se não será um dia destes convidado a participar nalguma reunião “clubista”…

Neste particular, perfeitamente de acordo com a CGTP (vá lá…), central de onde, embora me tentem cada vez mais (ela própria muitas vezes), não consigo sair.

terça-feira, outubro 10, 2006

Coerências

Nisto, tem razão João Cravinho. É evidente que não lembra a ninguém, pelo menos àqueles que desejam livre, consciente, seria e convictamente uma sociedade mais justa, mais livre, mais fraterna, mais solidária.

Iberismos

Andam no ar, nos tempos que correm, algumas ideias que vêm, estou certo, e quer se queira quer não, provocar uma reflexão sobre todos nós, os descendentes dos povos que se espraiaram ao longo dos séculos neste pedaço de Terra a que se chama a Península Ibérica (ou, quiçá, a “Hispânia”).

Nesse sentido, e porque me parece que um dia ainda vamos ter que pensar muito seriamente sobre isto, creio que valerá bem a pena ler o artigo de opinião de Santiago Petschen (Prof. catedrático de Relações Internacionais na Univ. Complutense de Madrid), publicado hoje no
Diário de Notícias.

Dá que pensar (Haja gente…)

Terra está em saldo negativo ecológico desde ontem
Público, 10.10.2006

segunda-feira, outubro 09, 2006

Há quem diga

Não nos devemos encerrar na nossa mediocridade. Se acarinhares a tua magia, ela libertar-te-á de todas as camisas-de-forças.
Christian Jacq
Mozart, O Filho da Luz

sábado, outubro 07, 2006

Uma história de José(s)

Tadinho do José. Afinal ele até era e é um bom rapaz. No fim de contas, a culpa será de tudo e de todos, menos dele próprio. A culpa será, sobretudo, daquelas “coisas ocultas”. Esquisitas e (porque não?) demoníacas.

Isto é o que vem agora dizer o outro José. Se calhar, querendo fazer santo quem apenas merece o sabor insonso e insalubre. O José sabe bem que tem que dizer o que disse. Por causa “deles”. Por “eles”. Com “eles”.

Mas, caramba, o homem não tinha mesmo, nem tem, jeitinho nenhum para a coisa. É que às vezes não basta sermos muito bons numa determinada coisa para sermos igualmente muito bons noutra coisa. Por exemplo, um óptimo médico poderá não dar um bom ministro da saúde. Ou um competente e exemplar engenheiro ou arquitecto poderão não dar um bom ministro das obras públicas. Como até, porventura, um óptimo vereador poderá não dar um bom presidente de câmara.

Ora, ao José parece ter-lhe faltado mais qualquer coisa. Mas isso não importa ao outro José.

Porque o que importa para “eles” é irem pondo as coisas no seu devido lugar. De um lado o Bem, “eles”, e no outro lado o Mal, os “outros”.

Como se não viessem, afinal e porventura, todos do mesmo sítio.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Questão (hoje) de convicções

Cá por mim, prefiro muito mais a “coisa pública” que a “eternidade de um príncipe”.

Estranhos sentimentos

Sinceramente que não compreendo isto. Cá para mim continuo a pensar que o caso do "Envelope 9" ainda não está cabalmente esclarecido. E por isso estranho muito – pelo menos – esta atitude manifestada por Vitalino Canas, em nome do seu PS.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Ele há coisas (2)

Como já aqui afirmei, cada vez mais me parece que a “recuperação” de alguém até há bem pouco considerado o “bombo da festa” está em marcha.

Por isso, vale a pena dar uma olhada ao texto de Vicente Jorge Silva, de hoje, no
DN. Vá lá, ainda há gente que não confunde as coisas.

Dores de “Maestro”

Estranho. Muito estranho. Ao ler isto e isto.

Muito mal irá o meu SLB se aqui também funcionar a lógica que parece funcionar noutros locais. A de apenas serem responsabilizados os “mensageiros” da coisa.

terça-feira, outubro 03, 2006

As preocupações da minha gente

Tem razão o Movimento dos Utentes dos Serviços de Saúde.
É mesmo para ficarmos bem preocupados.
De facto, o homem sabe bem o que está a fazer…

Registos incómodos

Portugal ganha três medalhas nas Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática
Portugal conquista quatro medalhas nas Olimpíadas Ibero-americanas de Física


Isto, estou em crer, ninguém está com muita vontade de reflectir. E é pena.

No meio de tudo isto – e embora tudo isto – apenas as minhas felicitações para estes campeões.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Cantiga de amigo

Sonho novas de meu amigo
Que me não chegam nesta hora de o querer


É partido em dia de horas ausentes
Em momentos de névoas salgadas e perdidas

E é sonhado em noites perturbadoras
Em leitos abertos à saudade e desfeitos de prantos

Sonho novas de meu amigo
Que me não chegam nesta hora de o querer


Não sei por onde anda o meu ausente
Nem caminhos descubro por chegar

Porque de viagem é a hora que procuro
E chegar ainda não revela o meu sentir

Sonho novas de meu amigo
Que me não chegam nesta hora de o querer


Que me não chegam novas do que anseio
Nem palavras nem trovas por compor

Porque em meu amigo me perdi sem remorsos
E em meu amigo me descobri sem voltar a perder-me