terça-feira, novembro 29, 2005

Amanhã

Amanhã serei, novamente, pó.
Voltarei, de novo, àquilo donde parti,
Donde emergi, um dia,
Para ser imagem e semelhança
D’Aquele que foi, que será – d’Aquele que é.

Amanhã partirei, com ou sem saudade,
Deixando atrás muito tempo, muita gente,
Para a terra que me foi prometida.
Alguém poderá quedar-se, de olhos rasos
De água salgada, dos anos em conjunto.

Amanhã iniciarei a viagem certa e segura,
Que me conduzirá por caminhos
Nunca antes, por mim, calcorreados;
A viagem dos que vão e não regressam,
Dos que ficam à espera da partida.

Amanhã chegarei, finalmente, ao cais
Onde tantos outros barcos já aportaram.
Porto da terra do além – Terra de Nenhures,
Onde os homens se congregarão, afinal,
Para conhecerem quem os chamou.

Amanhã…


Lisboa, 1976
(In “Caminhando”, Suplemento de “A Chama”, Olivais Sul, 1983)

segunda-feira, novembro 28, 2005

O Jardim (X)


Imagens obscuras
Na poeira do tempo.

Rostos esquecidos
Inertes insensíveis
Povoam a memória dos dias.

Sinto a dureza das horas
No meu jardim
Flor-de-pedra.

domingo, novembro 27, 2005

Leituras interessantes

CHE – Ernesto Guevara,
Uma lenda do século
Pierre Kalfon
Terramar, Março de 1998
Tradução: Manuela Torres

"CHE (pronunciar tché) é a interjeição característica da linguagem argentina familiar para interpelar, chamar a atenção do interlocutor. Consoante a entoação, as circunstâncias, CHE, que é sinal de tratamento por tu, pode significar mil e uma coisas: ó pá, olá, ouve lá, incrível!, etc. Por vezes, raiando o vulgar, CHE distingue as pessoas do Rio da Prata da maior parte dos outros hispanófonos."

"9 de Outubro de 1967: uma rajada de metralhadora liquidou Ernesto Guevara, universalmente conhecido pela alcunha, tão afectiva, de Che. Aconteceu num lugarejo perdido, na Bolívia. Assassinado precipitadamente, como se fosse forçoso extirpar o vírus, o Che tornou-se o verdadeiro símbolo do revolucionário íntegro, indefectível, que abandonou o poder para manter a coerência revolucionária, tentando conciliar Marx e Rimbaud.
Nesta biografia extremamente documentada, Pierre Kalfon reconstitui a existência fulgurante deste autêntico Dom Quixote dos tempos modernos, intensamente marcada pela paixão revolucionária. Havia que distinguir entre o mito e a realidade, entre o “santo” e o homem de carne e osso, havia que separar da lenda a verdade vivida, desde a infância e a juventude na Argentina até ao decisivo encontro com Fidel Castro no México, desde a epopeia da luta armada em Cuba até à vitória da revolução, desde o exercício do poder até ao regresso à guerrilha (tentando criar outros Vietenames), até ao trágico desfecho na Bolívia.
Graças a dezenas de testemunhos directos e à análise rigorosa de fontes inéditas, Pierre Kalfon conseguiu produzir uma biografia que já se impôs como obra de referência indispensável, para quem quiser conhecer de facto um dos protagonistas políticos mais generosos do Século XX. E, talvez, o mais amado."
(Texto da contracapa)

Ernesto Guevara de la Serna, “um asmático apressado", nasceu a 14 de Junho de 1928, em Rosário de Santa Fé, na Argentina. Grande contestatário, foi também um semeador de sonhos. Numa carta de despedida aos pais, diria um dia: “Muitos dirão que sou aventureiro, e sou-o. Com a diferença que eu arrisco a pele para defender as minhas verdades.”

Goste-se ou não dele, concorde-se ou não com as suas ideias, com a sua vida, com os seus actos, com as suas palavras, o Che foi, na verdade, um vulto destacado no seu tempo. Ficou, pois, na História. Na História de nós todos.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Li, ouvi e concordei


Muitas vezes até nem estou de acordo com Francisco Louçã. Até mesmo sobre as próximas presidenciais. Mas quando estou de acordo com ele, não me custa nada afirmá-lo. Com toda a tranquilidade e serenidade de quem sabe que a verdade está às vezes onde menos se espera.

É o que faço aqui, ao citar o que a
TSF hoje nos trouxe.

Louçã critica acusações de Nunes da Cruz ao Governo
Francisco Louçã criticou, esta sexta-feira, as acusações ao Governo feitas pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), sublinhando que os juízes «não são um partido político» para fazerem intervenções políticas.

«No exercício da sua magistratura, os juízes não devem ter uma intervenção política. Não são um partido, não deve haver esse tipo de sobreposição», disse o candidato presidencial, durante uma acção de pré-campanha em Viana do Castelo.Na quinta-feira, na abertura do VII Congresso dos Juízes Portugueses, o presidente do STJ considerou que o Governo tem dito mentiras sobre os juízes, quando é «obrigação» do poder político prestigiar e dar os meios à magistratura».

«Em vez de troca de acusações que nos vai enchendo o dia-a-dia, gostava de ter a certeza que a violência sobre as mulheres é julgada a tempo e horas, que não há um impedimento dos pobres de aceder à Justiça (...), que não se espera onze anos pelo julgamento de um processo por atropelamento», sublinhou Louçã.

Quadras III

Eu tenho uma canção
Que canta o homem novo
Eu tenho uma cantiga
Para andar de mão em mão

Eu tenho uma cantiga
Que fala de amor e paz
Eu tenho uma palavra
Para aquele que é capaz

O meu poema não é novo
Outros já o cantaram
Foi feito com as histórias
Dos que por cá passaram

Eu tenho mil palavras
Que de mim querem saltar
Eu tenho mil verbos
Mas só um é o de amar

A minha canção é linda
Como é linda a Primavera
Quando a sinto fico mudo
E falar quem me dera

quinta-feira, novembro 24, 2005

SLB

Mas afinal o que é que se passa com o meu Benfica?

Segundo parece, agora é moda no meu clube de sempre os jogadores lesionados serem obrigados a jogar. Eu até acreditava que essa moda já tinha acabado no SLB (caso do Mantorras, por exemplo). Mas, parece que não. Infelizmente.

Pena que o Presidente do Clube e o homem forte da SAD, que falam tanto (as mais das vezes, demais até), não venham agora explicar e opinar sobre isto. Curioso, no mínimo.

E já agora, que vem na calha, era bom que o técnico principal do SLB, o Sr. Koeman, fosse igualmente visitar a equipa B (e, porque não, os Juniores), porque também lá estão em actividade mais defesas. Poderia assim, quase, construir uma equipa à sua medida: um guarda-redes e 10 defesas. É obra!

terça-feira, novembro 22, 2005

O Jardim (VIII)

Da implacabilidade das suas decisões
Da eficácia sonora dos seus passos
A injustiça fria do humanismo.

Eis o Dente-de-Leão
Feroz destemido arrogante.

Bebe à saciedade o sangue
Dos que lhe passam perto.
E esquece a lonjura da sua fraqueza.

Despreza a história dos fracos
Mas por vezes é absorvido
Pela segurança dos esquecidos.

Os trovadores cantam-lhe as vitórias.
É o que se conhece.
O resto...
Tempo de mentira
Em rostos de máscaras obscenas.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Que tempos


Que tempos! Que gente! Nos dias que correm, não interessa o que somos. Não interessa o que fazemos. O que importa mais é, sem dúvida, a imagem do que somos. O que conta é, definitivamente, a maneira como fazemos as coisas. E andamos para aqui a correr de um lado para o outro – "Não tenho tempo para nada, nem sequer almocei hoje..." – para darmos a ideia de que a nossa vida é uma azáfama sem fim. E por isso inventamos mais e mais projectos, mais e mais competências, como se não houvesse mais ninguém à nossa volta. De facto, apenas nos vemos a nós próprios. Cegámos dos outros. Tentamos fazer muitas coisas, se calhar para esconder a nossa incapacidade de fazer apenas uma. Mas fazer bem. Queremos o muito porque somos incapazes do pouco com qualidade.

E nesta bagunça toda, nem interessam os outros. Com os seus próprios ritmos. Eles que venham connosco (atrás de nós). Se não... deixem-se ficar, fracos e vencidos...

sexta-feira, novembro 18, 2005

As maleitas da nossa “normalidade”


Escrevia há dias o meu amigo , que, afinal, tudo estava a atingir a normalidade na nossa vida colectiva. Entre alguns considerandos, de inegável realidade, um me terá chamado a atenção, não só pela sua gravidade, mas pela atenção que os media lhe têm dedicado. Estamos a falar, é claro, nos acontecimentos recentes surgidos em França, sobretudo à volta de Paris (mas não só, infelizmente).

Não é minha intenção abordar aqui e agora as várias questões que, incessantemente, têm vindo a ser dissecadas nas diversas opiniões públicas, nacionais e internacionais. Muito se tem já falado de violência, xenofobia, racismo, intolerância. E também de exclusão, inclusão, integração, até. E ainda de delinquência, traficância, crime. E terrorismo, sobretudo. E, já agora, porque também se tem vindo a abordar, as questões do diálogo de civilizações, das relações entre religiões (ou entre Igrejas, para usar outra linguagem). Afinal, se calhar, o mundo ocidental versus o mundo oriental. Ou até, para ser politicamente correcto, o diálogo Norte - Sul.

Aqui e agora, como dizia no comentário que lá coloquei, apenas quero referir que, se calhar, valia a pena pensar também em como o mundo dito Ocidental, parece que o do Norte, enfim, o mundo desenvolvido, se esqueceu de um pequeno pormenor: o de que era também importante o desenvolvimento dos outros países, os do dito terceiro mundo.
Ou não? E aí é que a porca torce o rabo.

Haveremos de voltar ao tema.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Casa Pia


Vieira da Silva, o Ministro da Segurança Social, resolveu manter, para já, Catalina Pestana na Casa Pia. A decisão já estava manchada há algum tempo, tendo em conta as reacções de vários sectores, que surgiram “a anteriori”.

A única certeza que tenho é tão-somente a de que, se a decisão fosse outra, teríamos uma verdadeira revolução na opinião pública (a mesma opinião pública, aliás, que andou bem quieta quando se foram lançando para a lama vários nomes que, afinal de contas, agora estão fora das acusações). Cairiam, não o Carmo e a Trindade, mas seguramente o Centro Cultural de Belém, com o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém a reboque.

Por mim, Catarina, a omnisciente Provedora de uma casa que cada vez mais é menos pia, bem que poderia ir descansar do cargo que ocupa agora. Só lhe fazia bem. E até nem me pareceria mal que ficasse apenas nomeada para acompanhar o julgamento que está a decorrer. E sobre isto, vale a pena lembrar o que Fernando Madrinha dizia há dias no Expresso, na sua crónica “Preto no Branco”: “Para já, o que se pode dizer é que, à medida que os processos avançam, mais dúvidas se instalam sobre a hipótese de se fazer a justiça reclamada por todos num caso que durante dois anos dominou a vida pública nacional. Se há vítimas, decerto que houve agressores. Mas no meio de tantos erros «grosseiros», «dúvidas insanáveis» e malabarismos processuais, pode acontecer que nunca sejam encontrados. A não ser que confessem, claro. E, sendo assim, o mais certo é que Carlos Silvino acabe por pagar sozinho pelos crimes de todos.”

E, já agora, que falamos no caso, parece que o modelo da Casa Pia vai ser reestruturado. É o sentido do relatório apresentado pela Comissão que estudou a instituição. Quer-me cá parecer que não irão ser os mais desfavorecidos o objecto principal e primordial da instituição. E, neste caso, e para já apenas neste caso, até estou de acordo com o que disse Adelino Granja, numa crónica sua num diário, quando afirmou que o Intendente Pina Manique deve estar a dar voltas no túmulo ao ver o que estão a fazer à instituição que ajudou a fundar.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Dili

Eras Dili o Arruda do olhar metálico
Era bom o gin no “Pic-Nic” onde nos sentávamos
E era sonho o que falávamos e dizíamos

Em Dili te descobri Fontes esquálido
De carnes secas e gestos largos. Lutávamos
Eu de palavras e tu com mãos. Vivíamos

Era Dili o Benfica dos volantes rápidos
Que em gipes voava voava. Era o teu conduzir
A nossa droga a nossa viagem passada

Em Vila Real encontrei Dili de poemas sabidos
Eram nossas as ruas as praias o veloz porvir
Era o bastão que partia contra uma cabra assustada

Em Dili te embebedaste de xadrez Catuazona
Dos pensos e injecções. Era jogo o que fazíamos
E eram tabuleiros os nossos sonhos de evasão

Em Dili vi o que queria e não queria
Saboreei os dias detido que não percebi
Em Dili recebi louvores e alegrias
E tristezas e pedras que não entendi

Em Dili te descobri Flor-de-Lotus
Mas era amargo o teu sabor
Não o que me diziam doce e suave
Em Dili te descobri mas não o amor

(Teorema, Dezembro 2003)

terça-feira, novembro 15, 2005

100 Entradas


Esta é a entrada nº 100

Esta viagem começou em 27 de Junho de 2005, dando continuidade ao que vinha saindo no irmão mais velho “Sibilon”, que, cansado, se reformou, convicta, serena e naturalmente (embora sem atingir os 65 anos de idade e muito menos os 40 de serviço, o que nos parece uma ilegalidade completa).

Neste espaço têm entrada as palavras, os sentimentos, as razões, os protestos, as alegrias, as desilusões, as tristezas, os estados de espírito de quem aqui vai evoluindo de caneta (ou teclado) em riste.

Por isso mesmo, todos os textos aqui colocados, se não tiverem a fonte devidamente identificada, são da autoria deste vosso humilde (e recauchutado) escrevinhador de palavras. (Espero, com isto, ter respondido às amáveis palavras do amigo
Armando Ésse.)

Já agora, o meu obrigado a quem cá vem visitar-me. É uma honra que espero continuar a merecer.

O Baú da memória (Coisas antigas)

Espelho

Cheguei.
O cansaço invade-me
Após um dia de automóvel.
Entro no meu quarto
E fecho-me.

Olho o livro que tenho nas mãos
E as letras fogem-me
Para o papel, onde rabisco
Algumas palavras sem sentido.
(Palavras sem sentido,
Porém, sentidas.)

No espelho onde me miro,
Não vejo a barba que possuo,
Não vejo os olhos com que enxergo,
A boca com que calo,
O corpo que não sinto.

No espelho que espreito
Vejo-te!

Viseu, 1979
(In “Caminhando”, Suplemento de “A Chama”, Olivais Sul, 1983)

segunda-feira, novembro 14, 2005

A Citação do dia

O mal não é apenas a ausência de bem; é a ausência de tudo o que humano, o buraco negro num cosmo destruído em que nem sequer a face de Deus é eternamente visível.
Morris West

Leituras de fim-de-semana


Pelo interesse que ele tem e pela clareza de raciocínio que revela, não resisto a transcrever este texto (excertos):

Acertar ou não nos agressores

O acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa que iliba Paulo Pedroso, Herman José e Francisco Alves, no processo Casa Pia, acusa o Ministério Público de «tentativa de manipulação grosseira» dos depoimentos das alegadas vítimas para incriminar os arguidos. Isto significa que, não só os indícios recolhidos eram pouco seguros e fiáveis, como terá havido da parte dos investigadores, segundo a análise e a opinião dos três juízes-desembargadores, o propósito deliberado de os sobrevalorizar com vista à incriminação dos arguidos. (…)

Perante este acórdão, o Ministério Público não pode fingir que não se passa nada, porque a suspeita de que algum ou alguns dos seus membros manipulam depoimentos de testemunhas para perseguir cidadãos é fatal para a sua imagem e para a confiança que tem de inspirar na opinião pública. Aguardam-se, pois, as reacções prometidas. Para já, o que se pode dizer é que, à medida que os processos avançam, mais dúvidas se instalam sobre a hipótese de se fazer a justiça reclamada por todos num caso que durante dois anos dominou a vida pública nacional. Se há vítimas, decerto que houve agressores. Mas no meio de tantos erros «grosseiros», «dúvidas insanáveis» e malabarismos processuais, pode acontecer que nunca sejam encontrados. A não ser que confessem, claro. E, sendo assim, o mais certo é que Carlos Silvino acabe por pagar sozinho pelos crimes de todos.”

Fernando Madrinha, “Preto no Branco”, Expresso, 12 de Novembro de 2005

domingo, novembro 13, 2005

Bom Domingo!

Poesia

A poesia é palavra nascida
Dentro de mim
De ti
Do outro.

A poesia é palavra brotada
De tanto sentir.
Rio de anseio
E de luta.

A poesia é palavra gritada
Por bocas que não conhecem
A mordaça.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Leituras interessantes

O Maçon de Viena
José Braga Gonçalves
Ed. Primebooks


José Braga Gonçalves dá-nos, neste livro, uma visão diferente de Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), 1º Conde de Oeiras e 1º Marquês de Pombal, célebre ministro do rei D. José I, o mais notável estadista do seu tempo, não só de Portugal, como de toda a Europa.

Numa história, dentro de uma outra “mais actual”, JBG procura encontrar a linha condutora da vida de um homem do Sec. XVIII, reformador na mais larga acepção da palavra, que tinha Richelieu como seu ideal. Como ele, desejava consolidar o régio poder com o fim de introduzir alterações profundas no regime do Estado. Com o terramoto de 1 de Novembro de 1755, que veio converter Lisboa num montão de ruínas, aproveitou Sebastião de Carvalho para mostrar o seu génio organizador e a sua assombrosa energia.

No fundo, o que parece ficar desta procura é a questão que JBG lança ao vento: Afinal, Sebastião José, o Marquês de Pombal, o reformador, o admirador de Richelieu, Cardeal e Chanceler de França, era apenas Maçon (iniciado em Viena de Áustria), ou também – e sobretudo – membro dos “lluminati”? E não é inócua, nem ingénua, esta diferença. Estará JBG a falar de quem? Apenas do Marquês de Pombal?

“A sua atenção recaía sobre a vida e não a morte, abissal diferença entre o ritualismo dos illuminati e dos maçons.” (Pg. 96)


Quer-me parecer que José Braga Gonçalves começou, desta maneira, a ajustar algumas contas. Primeiramente consigo próprio. Depois com os outros todos (amigos, ex-amigos, companheiros, ex-companheiros…).

E de uma coisa parece estarmos certos: ele sabe bem com quem. E quer-me parecer também que eles o sabem igualmente.

Um livro que vale a pena, seguramente, ler.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Os amigos fazem anos


A Fábrica faz hoje um ano de vida.

Como eu dizia, um dia destes, dobrar o cabo de mais um ano é sempre oportunidade para olhar para a poeira do caminho que passou e que lá continua a olhar-nos, as mais das vezes, com a serenidade do tempo. Mas é também – e sobretudo – oportunidade especial para olhar o horizonte, o distante, o quase fundo do caminho, a montanha lá à frente, que nos precede e espera, as mais das vezes, com a paciência do tempo.

Ao amigo Armando Ésse, responsável por este acolhedor espaço, aqui deixo com um abraço de parabéns, uma mensagem, com votos de bom e saudável sucesso para os próximos tempos. E, já agora, que sejam longos e plenamente realizados.

Que é a liberdade
Se não houver homens livres?

Que é a tolerância
Se não existirem homens tolerantes?

Que é a fraternidade
Se não se encontrarem homens fraternos?

A Associação do Dr. Cordeiro (2)


Depois de ouvir, ontem na SIC, uma representante de um estabelecimento com permissão para vender medicamentos sem receita médica, aliás na sequência de notícias da comunicação social do mesmo teor, afirmar que as empresas de distribuição de medicamentos da zona centro não as forneciam, ficam-me, para além das dúvidas que tinha ao escrever isto, outras ainda maiores e mais preocupantes.

- Será que as empresas distribuidoras são, afinal, já tão ricas que já não precisam de mais volume de negócios (aliás como é seu objectivo)? Masoquismo puro?

- Ou será que alguém lhes assoprou ao ouvido para tomarem tais medidas? E, neste caso, quem lhes repõe o negócio que não é feito?

- Será que a dita associação é assim tão forte que já consegue ser ela a ditar as leis de todas as demais empresas do sector? Manda mais até que o Infarmed, ou o próprio Ministério?

- Será que na minha terra tudo se pode? Não há limites à ambição desmedida?

É claro que tudo isto são dúvidas que me assolam. Dúvidas, apenas.

terça-feira, novembro 08, 2005

A Associação do Dr. Cordeiro


Dá que pensar, ao ler isto.

É que, quer-me cá parecer que quando me dirijo a uma farmácia para adquirir um qualquer produto que lá se venda (remédios, cosmética…), julgava eu que estava a pagar, com a ajuda do Estado (Segurança Social), o que precisava para tratar da minha saúde, e afinal estamos, eu e todos os contribuintes, tão-somente a contribuir para que a Associação do Dr. Cordeiro possa aumentar os seus proveitos com a aquisição de participações em diversas empresas.

Se isto não é a concretização de um império económico (para não dizer outra coisa menos simpática), então já não percebo nada de nada. (Se calhar até é verdade!...)

segunda-feira, novembro 07, 2005

Trevas sobre Paris

Foto: Le Monde

De Paris não nos chegam novas de paz.
De Paris, apenas nos chegam os clamores da dor.
De Paris, apenas se ouvem as vozes da intolerância, do desespero, da raiva, da surdez, do ódio.
Em Paris, apenas correm rios de tristeza, de amargura, de sofrimento.

Em Paris sofre-se.
E de Paris chega-nos o medo da nossa própria insegurança.

domingo, novembro 06, 2005

Manifestos


Manuel Alegre apresentou, publicamente, na Sexta-feira passada, o seu manifesto eleitoral. Sem mais comentários, não resisto, para já e a quente, a algumas citações:

“(…) A primeira proposta que quero apresentar aos portugueses é a construção de uma sociedade de confiança, mais próspera e mais justa. Confiarmos mais uns nos outros e na nossa capacidade produtiva, confiarmos nas palavras que trocamos e nos compromissos que assumimos, confiarmos na nossa comum honradez contra a corrupção. E resolver uma velha questão nacional: fazer com que o Estado confie mais nos cidadãos e com que os cidadãos confiem mais no Estado. (…)

Não basta que um candidato faça afirmações genéricas sobre a necessidade de intransigência perante o laxismo e a corrupção. Não se pode, por exemplo, deixar de perguntar se um cidadão pronunciado, ainda que sem pôr em causa a presunção de inocência, poderá ser candidato a cargos políticos.

Se for eleito, não deixarei de colocar esta pergunta em mensagem dirigida à Assembleia da República. (…)”

sexta-feira, novembro 04, 2005

Coisas da vida

Depois de ver isto e isto, mais razões encontro para o que escrevi aqui.

O nome dele ainda está na Comissão de Honra?

Solidariedade

Gritaste.
Deixaste sair de ti a voz
Cansada e desanimada,
Entranhada pelo drama.
Voou das tuas mãos, já abertas,
A pomba de um olhar feito esperança.
Na casa onde te fechaste
Só resta a negritude asfixiante
De um caminho bloqueado.

Convidei-te a um passeio
Que fosse encontro, reencontro,
Com a natureza, contigo.
Passo a passo, ao som das ondas,
Cheirando a maresia, a húmus, a mar,
Conhecemos o sabor triste e amargo
Da nossa vontade paralítica,
Do nosso querer, feito impotência.

(Lisboa, 1978)
(In “Caminhando”, Suplemento de “A Chama”, Olivais Sul, 1983)

quinta-feira, novembro 03, 2005

O Jardim (VII)

A um canto isoladas
Furtivas e esconsas
Algumas ervas daninhas.

Sorriem agitadas
E de soslaio
Na mesquinhez dos seus gestos
Crispados e viscosos.
E nos seus olhos descobrem-se
Ironias de sentimentos reprimidos.

Afastam-se da vida colectiva
E escondem-se mordazes
Na hipocrisia das suas palavras.

São escorregadias e sinuosas
E calam a verdade.
Trazem no ventre o escuro
E destroem a cor e a luz
Que habita o jardim.

O seu futuro
É a foice da sabedoria.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Coisas da vida

Procuradores com Soares
O Procurador-Geral-Adjunto do Ministério Público, António Cluny integra a Comissão de Honra da candidatura presidencial de Mário Soares.
Expresso, 29 de Outubro de 2005-11-02

Cada vez mais razões para não se apoiar Mário Soares.


Há coisas que me têm incomodado em Manuel Alegre. Falo até como militante de um
partido.
Joana Amaral Dias
(Dirigente do BE, mandatária da juventude de Mário Soares)
O Independente, 28 de Outubro de 2005

Quer-me cá parecer que também há coisas que me estão a incomodar em Joana Amaral Dias. Falo até como eleitor.