terça-feira, janeiro 31, 2006

Coisas da democracia

Hamas acusa Quarteto de servir interesses de Israel
Público, 31 de Janeiro de 2006

Bush não apoiará um Governo palestiniano formado pelo Hamas
Público, 30 de Janeiro de 2006

Pois é! Segundo parece, o combate, o empenho, a luta (a guerra, nalguns casos) era para levar a democracia onde ela não existia. Deixemos os resultados concretos dalguns “empenhos” manifestados.

Mas na Palestina, houve eleições gerais. Parece. Não foram democratas? Será que aqui o povo se enganou? Ou será que também em democracia, há democracias mais democratas que outras? Razão tinha, se calhar, George Orwell na sua história bacoriana...

Ontem como hoje

“(…) Meus senhores: há 1800 anos apresentava o mundo romano um singular espectáculo. Uma sociedade gasta, que se aluía, mas que, no seu aluir-se, se debatia, lutava, perseguia, para conservar os seus privilégios, os seus preconceitos, os seus vícios, a sua podridão: ao lado dela, no meio dela, uma sociedade nova, embrionária, só rica de ideias, aspirações e justos sentimentos, sofrendo, padecendo, mas crescendo por entre os padecimentos. A ideia desse mundo novo impõe-se gradualmente ao mundo velho, converte-o, transforma-o: chega um dia em que o elimina, e a humanidade conta mais uma grande civilização.
Chamou-se a isto o Cristianismo.
Pois bem, meus senhores: o Cristianismo foi a Revolução do mundo antigo: a Revolução não é mais do que o Cristianismo do mundo moderno.”

Antero de Quental
“Causas da decadência dos povos peninsulares nos últimos três Séculos”
Discurso pronunciado na noite de 27 de Maio de 1871, na Sala do Casino Lisbonense
Editorial Nova Ática, Fevereiro 2005

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Desabafos "netcabianos"

Há alturas na vida em que o desabafo é, se calhar, a única maneira para nos sentirmos um pouco melhores connosco próprios. E, até, com os outros, porventura.

Posto isto, deixem-me manifestar, hoje e aqui, o meu protesto, a minha indignação, o meu desgosto, o meu desalento, pela forma como a Netcabo tem tratado alguns dos seus clientes. Se bem que saiba de outros casos semelhantes, pelo menos fica aqui lavrado o meu.

Para que conste: Nos últimos seis meses (de contrato), não houve um só em que não tivesse alguns dias sem acesso à rede. Pelo menos num mês, estive metade dos dias sem acesso. Vá lá, vá lá, que depois de algumas reclamações, lá me descontaram uma parte do que me cobram mensalmente. Vá lá, vá lá. Mas que continuo a ter a sensação de que estou todos os meses a pagar um serviço que, afinal, não me é fornecido, lá isso também é verdade.

Para acabar: Ao receber a última factura com a mensalidade de Janeiro/06 e o descriminado de tráfego respeitante a Dezembro/05, verifico que o tráfego que me cobram, por exemplo entre os dias 24 e 31 de Dezembro, lá está preto no branco. Só que nesses dias não tive acesso à rede. Fiquei em branco. “Prenda de Natal da Netcabo”, como comentou um familiar meu…

É obra. Até ver. Veremos, seguramente.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Procura permanente

Procuro no profundo de mim próprio
A razão e a forma do meu ser.
E o silêncio revela-me a pequenez
Da minha história por decifrar.

Procuro no interior do meu corpo
O sinal da memória do meu tempo.
E o silêncio revela-me a escassez
Do meu espaço entretanto ocupado.

Procuro no fundo do meu quarto
A forma e o jeito do meu sentir.
E o silêncio revela-me a ausência
De sensações que recusam manifestar-se.

Procuro no meio da minha gente
O som da palavra re-descoberta.
E o silêncio revela-me a vida
Novos rostos livres e de bons costumes.

Procuro em mim e em ti
O sentido e o motivo da nossa história.
E o silêncio revela-se enfim
Em partilha de descoberta perene.

(Teorema, Dezembro 2003)

Há 250 anos nasceu Wolfgang Amadeus Mozart. Esta a minha humilde homenagem.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Água

A água é um bem essencial. Diz-se que onde há água, aí há vida. Diz-se ainda que a haver um futuro conflito global, ele será quase de certeza motivado pela questão da água. Daí a sua importância na vida de todos nós. Vital, mesmo.

Por isso, saúda-se, desde já, o discurso do Ministro do Ambiente que, segundo o
Público, de hoje, assegura que a privatização do grupo Águas de Portugal "está completamente fora de questão" por duvidar que essa medida traga benefícios para o sector.

Depois de tanta polémica e tantos ziguezagues, espera-se que este seja um forte ponto final no assunto. A bem de todos nós. É evidente.

Citação do dia


Sabedoria é esquecer saberes
Autor: Lao Tsé (sábio chinês)

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Procuro o tempo

Procuro o tempo
Com o tempo dos meus dias
Tão cheios e tão vazios

Os caminhos que procuro
E desejo desvendar
São como veredas áridas
Que desconhecem ocasos
E limites impostos

E os meus pés
Gretados e sangrados

Procuro-me no tempo
Com os meus dias
Tão cheios de espinhos
E tão vazios de tempo

Estradas esburacadas
E desventradas de vida
Eu as conheci e palmilhei
Com amor
Com esperança
Com raiva
Com desespero
Com vida
E com morte

E os meus olhos
Tão secos de querer

Procuro nos meus dias
A plenitude do meu tempo

E a minha boca
Abre-se e não cala

terça-feira, janeiro 24, 2006

Santa (e política) ingenuidade

Mas haverá alguém nesta terra que ainda acredita que o facto de o nosso PM ter interrompido o discurso do 2º candidato mais votado nestas presidenciais, foi um mero e ingénuo lapso? Até, e sobretudo, por parte das televisões?

Não me digam que, na parte que lhes toca, NINGUÉM do Gabinete do PM, dos seus assessores, dos seus adjuntos, da Direcção do PS, enfim, NINGUÉM dos que estavam no Largo do Rato, reparou no que estavam a dar nas televisões? Mas então, o que é que estavam lá a fazer?

Rescaldo das Presidenciais

De certeza em certeza, até à certeza final. Este poderia ter sido o lema dos últimos tempos. Do candidato que antes de o ser já o era, do vencedor das eleições que antes do dia já o era. Tudo bem previsível, está-se a ver. Viu-se.

Para fecharmos este dossier, e até para exorcizarmos os nossos fantasmas e as nossas desilusões, apenas dois ou três apontamentos.

1. Há muito tempo, talvez desde há mais ou menos dez anos, que se estava a preparar o cenário que agora se desenrola à nossa frente. Para Cavaco aparecer, tiveram que se afastar, primeiramente, os potenciais perturbadores do seu caminho. E um a um, lá foram indo para outras paragens. Lá fora e cá dentro. Por isso, os “normais e eternos” tabus, tão necessários. Depois foi o que se viu. Caminho a uma só velocidade e a uma só rota. Até à consagração final. “Fumo branco”, pois.

2. Poder-se-ia dizer que Mário Soares e o PS, nunca perceberam muito bem o que se estava a passar. Ou, se calhar, talvez não. Ou, se calhar, leram muito bem os sinais do tempo. A mim quer-me cá parecer que, afinal, tudo correu de feição para o nosso José Sócrates. Tem o Presidente que, estou convencido, ele queria. É que parece-me, e mais alguns amigos, que novo ciclo começou agora. Desiludam-se todos: o PS que conheciam, acabou. É tempo de um novo PS. Melhor ou não, não cabe agora e aqui analisar. Ficará para outras calendas. Mas diferente, de certeza. Por isso, creio que se passou de tempo de “alternativa política” ao tempo de “alternância política”. Talvez seja a globalização da vida política portuguesa a manifestar-se. Muito mais perto, se calhar, da Nova Ordem Mundial.

3. Manuel Alegre, o candidato que ficou em segundo lugar, teve a meu ver uma vitória de Pirro. E parece-me que, apesar de tudo, por aqui vai ficar. Serviu para saciar, para catalizar os descontentes da política deste Governo (e que até tinham, muitos, votado PS nas últimas legislativas). E serviu também para legitimar a vitória de Cavaco Silva. Creio bem que o seu espaço, por mais que alguns digam o contrário, se esgotou nestas eleições. Se sair agora, sairá em alta, estou certo. E já agora aproveito para dizer que a poesia, a literatura, precisam bem mais dele. É lá que, seguramente, gostaria de voltar a vê-lo.

O povo escolheu, está escolhido. Mal ou bem, quer gostemos ou não (e eu definitivamente não gostei), Cavaco Silva é o Presidente – eleito – da República Portuguesa.

Muitas vezes o povo vai por um caminho e eu vou por outro. É da vida. Mas não deixa de ser o meu povo, nem eu deixo de ser quem sou.

Por isso, desejo as maiores felicidades e sucesso ao Presidente agora eleito. A bem de todos nós, é óbvio. Tão-somente.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

sábado, janeiro 21, 2006

sexta-feira, janeiro 20, 2006

O meu amigo João (*)

O meu amigo João tem um coração grande, como grande é a sua gargalhada quando está contente. Tão grande que, às vezes, até a mim surpreende.

O meu amigo João tem um coração grande. Tão grande que até é capaz de gostar de uma coisa, porque esse gostar resolve um problema de um amigo.

O meu amigo João tem um coração grande. Tão grande como grande é o silêncio com que cala os seus gestos. Por norma o que faz, fá-lo porque sim. Porque não é capaz de dizer não ao seu amigo.

O meu amigo João tem um coração grande. Porque grande é a sua amizade. Porque grande é a sua capacidade de olhar os outros com o afecto de quem sabe acolher.

O meu amigo João quando gosta, gosta mesmo. Sem subterfúgios, sem hesitações, sem equívocos. Porque frontal, sabe a palavra aberta e directa. Sabe que a amizade é da família da fraternidade, que se escreve com solidariedade.

O meu amigo João quando olha, olha com o coração. E que grande é o seu coração.

(*) Nome fictício, mais pela modéstia do meu amigo, que pela minha vontade de manter o anonimato

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Adolescência

Eis a mimosa flor da adolescência
O calor e a ternura de quem canta
A pureza da terra da abundância
A flor da amizade de gente tanta

Da adolescência vêm os verdes anos
A paz de quem vive o amor e a esperança
É vida feita retalhos em panos
Em mares carpidos já de bonança

Vêm as flores em mãos de criança
- Sonhos dum mundo novo ainda velho -
E se abrem em gestos de confiança

É tempo de nascer um tempo novo
Que tenha do Sol o nascer vermelho
Eu por mim canto a gente do meu povo

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Mais uma do Actor / Governador

Mais uma. Mais um gesto que fica por fazer ali para os lados da Califórnia. Soube-se ontem. “Califórnia executa homem de 76 anos cego, surdo e confinado a uma cadeira de rodas”, dizia o Público.

E mais. Mais uma daquele actor (menor) que descobriu um dia que era alguém. E parece que ainda não percebeu algumas das coisas tão simples que a vida nos dá. O sabor da reconciliação, do amor, do perdão. O sabor agradável da vida, afinal de contas.

E sobre esta questão, a Pena de Morte, volto a lembrar aqui o que afirma a
Amnistia Internacional: A pena de morte é a punição mais cruel, desumana e degradante. Viola o direito à vida. É irreversível e pode ser infligida a inocentes. Nunca se provou que fosse capaz de diminuir o crime mais eficazmente do que outras formas de punição.

Por mim, nada mais a dizer do que já
aqui disse: a minha atitude é radicalmente contra a sua utilização como arma para atingir um qualquer objectivo. É uma questão de convicção ética e moral.

Na verdade, ele há homens que até podem ser grandes, mas de certeza que não são grande coisa. É pena.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Cenas Bélicas

Parece que as hostes têm andado agitadas ali para os lados do D. Maria II. Com críticas, cartas-abertas (ao Primeiro Ministro), abaixo-assinados, comunicados. Os ânimos andam exaltados, de facto.

Só que, sendo verdade alguns dados vindos a público, nomeadamente sobre os custos das produções apresentas nesta “casa” nos últimos tempos e os números de espectadores que aos mesmos assistiram, quer-me cá parecer a mim que os motivos para tanto alarido não terá lá muito a ver com a cultura, ou com a boa governação do país.

E se pensarmos no que significou a passagem do D. Maria II a Sociedade Anónima (em 2004), então deveriam todos estar calados. No mínimo. Parece que esta transformação terá sido muito boa para os seus órgãos directivos. Apenas, creio.

Haja decoro, Senhores. Cultura não é negócio para meia dúzia de Senhores, ou Senhoras.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Parar para pensar

Há uns tempos atrás, alguém veio a público com a defesa de que estaria a existir uma cabala sobre certos membros, nomeadamente da comunidade política. Na altura, muitas vozes se levantaram, indignadas umas, despeitadas outras, contra quem tinha avançado com tamanha enormidade. Outros levaram tudo isso ao ridículo. Eram coisas de quem, no mínimo, não sabia muito bem o que andava a fazer.

O resultado de tudo isto toda a gente o conhece. Não vale a pena dizer mais nada.

Agora, nos dias que correm, ao olhar a comunicação social, ao ver o que se tem estado a passar, não posso deixar de parar para pensar. E meditar nisto tudo. É só o que eu posso fazer.

E, se calhar, olhar para trás e verificar que quem falou em cabalas, políticas ou não, talvez não tivesse razão. Deveria, porventura, falar em realidades.

sábado, janeiro 14, 2006

História súbita

- Ambrósio, apetecia-me algo.
- Tomei a liberdade, Senhora.
- Bravo, Ambrósio!

E foram felizes para sempre.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Sonho de uma manhã imprópria

Como eu gostaria de poder
Subir a montanha das neves eternas
E respirar a brisa rarefeita.

Como eu gostaria de encher os pulmões
Dos odores inebriantes das estrelas
E possuir o vento do universo.

Como seria bom escutar os cometas
E reter as suas longas histórias.

E os meus olhos abrirem-se
No azul eterno de mil galáxias
Onde o espaço se cruza com o tempo.

Como seria bom... Tu e eu.
As nossas vidas no fulcro do tempo.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

É pena

Ao “andar” pelo meu “baú da memória”, descobri um pequeno texto que tinha escrito em Novembro de 1996, num dos meus diários. Por me parecer que, se calhar, até o poderia dizer hoje, aqui fica:

É pena. É pena as pessoas confundirem as coisas. É pena as pessoas confundirem relações pessoais com outras. É pena que a política interfira nas relações de amizade entre as pessoas. É pena que a profissão interfira nas relações de amizade entre as pessoas.
Por isso, este meu escrever vermelho. De pena. De desilusão. De protesto.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Direitos fumantes

Admiro a frontalidade. E admiro e respeito aqueles que são capazes de afirmar o que, muitas vezes, não é lá muito “politicamente correcto”.

Perante a “histeria” que se vive nos nossos tempos sobre as questões do tabaco, bato palmas, com toda a força, ao artigo de Daniel Oliveira, no Expresso (07.01.06), na rubrica Choque e Pavor, com o título “Os direitos do fumador”.

Posso nem sempre estar de acordo com ele (nomeadamente nas presidenciais, por exemplo), mas neste caso estou com ele. Sem hipocrisias, nem assobiadelas para o lado. Até porque estão em causa, por mais que me venham dizer o contrário, valores que muito prezo. Por exemplo, como diz Daniel Oliveira, o direito ao respeito pela sua liberdade, pela sua inteligência.

Ah! E, já agora, para que fique claro: sou não fumador, que já foi fumador. Não fumo há ano e meio. Razões de coração (aberto) me obrigaram a tal. Livremente, é óbvio. Se calhar, até, sorte a minha.

terça-feira, janeiro 10, 2006

As ofertas dos deuses

As ofertas recebidas dos deuses
Ficaram retidas na terra.
E seguro de que não erra
O homem viveu anos e dias e meses.

São muitas todas as vezes
Que o homem o homem enterra.
Ficaram retidas na terra
As ofertas recebidas dos deuses.

Na terra ficaram os deuses
Retendo ofertas recebidas
Do homem seguro das vezes.

E vivendo terras prometidas
Por dias e anos e meses
Morreu o homem em camas esquecidas.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Gente boa

Fui surpreendido pelo Kamikaze, parceiro destas andanças blogosferianas. Agradavelmente surpreendido, diga-se.

Não pela honra da linkagem deste pequeno e humilde Tempo, mas pela imagem com que o envolveu. Está lá tudo. Afinal, o que vem no texto que tenta descrever este meu Tempo.

Com surpresas destas, só digo que tem valido a pena andar por aqui.

Profetas da desgraça

Para aqueles que passam a vida a carpir mágoas pela nossa sociedade portuguesa, chorando-se pela maneira como vivemos, considerando que somos o pior povo da terra, onde tudo de mal (e só isso) existe, aconselho o pequeno (curioso) texto de Tony Jenkins, correspondente em Nova Iorque, publicado no Expresso, de 07.01.06.

Quando passamos a vida a dizer que neste cantinho à beira mar plantado, é só corrupção e temos os piores políticos do mundo, é “reconfortante” conhecer as práticas “refrescantes” doutras latitudes. Muito embora me pareça que desculpas destas nem ao diabo servem…

É que calma e bom senso nunca fizeram mal a ninguém. E, generalizar é, por vezes, bem redutor. E, “Profetas da desgraça”…

domingo, janeiro 08, 2006

Começou (??) hoje a campanha

Parece que a campanha eleitoral para as Presidenciais começou hoje. Enfim, parece. É que não sei bem o que têm sido, então, estes últimos tempos. Enfim, preciosismos e mais preciosismos. Ou então…

Em rigor, em rigor, creio bem não ter candidato nestas presidenciais. Porque não me revejo nuns quantos, porque não concordo com outros, até porque não percebi muito bem como surgiram ainda outros.

É evidente que me sinto mais próximo de alguns e que não me identifico mesmo nada com outros.

Mas no dia da votação, lá irei à câmara de voto colocar o meu. Porque entendo que não me posso demitir da escolha que vai estar em jogo. É para mim, para lá de um dever cívico, um imperativo de consciência. Social e de cidadania.

Para já, e embora me sinta órfão de candidato, sobre os actuais, posso dizer:

Cavaco Silva – Além do mais, não gosto dele, pronto. É um direito que me assiste. (Que fique claro, no entanto, que o não gostar não significa que lhe queira mal. Não. Seja muito feliz. É o que lhe desejo. Mas a dar aulas, a fazer conferências, ou até a passear por Boliqueime…) Disse uma vez que nunca se engana e raramente tem dúvidas. Como errador q.b. e pessoalmente cheio de dúvidas, eu não posso votar nele.

Mário Soares – Se calhar, até compreendo a sua candidatura. Se calhar, até percebo onde o leva o seu combate. Se calhar, até estou de acordo com ele sobre os perigos que nos espreitam. O que (e quem) representam. Mas acho que é demais para ele. Há mais gente na terra. Há alturas para estar e alturas para apenas permanecer.

Manuel Alegre – Apenas isto: quando deveria ter aparecido, não avançou; quando deveria ter recuado, avançou.

Francisco Louça e Jerónimo de Sousa – É pá, a festa está boa, mas agora vai ser a doer. Desculpem lá, mas até logo.

Os outros candidatos (peço desde já, humildemente, desculpa por não referir os nomes) – Bem, o recreio até está bom, mas os trabalhos vão continuar.

Cá por mim, se calhar até gostaria muito de ver a poesia em Belém. No entanto… E há alturas na vida em que devemos deixar-nos levar pelo coração. E já agora, também serve dizer que, para mim, os afectos contam. E muito.

sábado, janeiro 07, 2006

Ti Manel Bento

Ficou-me na memória o teu bigode
Pequeno e ralo do tempo já gasto.
E as carícias!... Saudades de criança.

Os teus olhos vivos e inquietos
Que me fitavam manhosos e alegres
Faziam-me tremer e rir ao mesmo tempo.

As tuas mãos eram carreiros
Abertos na terra pelo arado fecundo.
E os teus dedos eram suaves como a lua.

Ficaram gravadas no tempo a lembrar
As tuas calças ruças de águas muitas.
E o teu colete cinzento que nunca se fechava.

Por vezes ao acordar estremunhado com o galo irritante
Estremecia com a figura gigantesca de sombra
Que o teu corpo franzino projectava na porta.

Surgias na casa com a alvorada
De enchada na mão e trapalhão no andar.
E no ar ficava o cheiro inebriante do mata-bicho.

Acompanhavas-me pela estrada grande
No teu passo lento e arrastado.
E eu sentia-me seguro na tua sabedoria.

Um dia cansaste-te e partiste.
Não mais aquele falar engasgado
Nem aquela casa que me acolhia.

(Teorema, Dezembro 2003)

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Citação do dia

“A liberdade agita o coração humano, e o medo imobiliza-o.”
Daniel Estulin

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Luís Delgado no seu melhor

Segundo Luís Delgado, no DN, de ontem, “Mário Soares perdeu a cabeça ao acusar os grupos de comunicação social de terem "combinado" apoiar Cavaco”. E enxofrou-se todo, considerando inclusivamente que era “o desespero total”.

Nem me vou incomodar neste desiderato. É evidente que há candidaturas que se transformam naturalmente (induzidas, é evidente) em “unicidades” políticas.

Ó Dr. Delgado, francamente… Não me diga que o ilustre comentador/opinador político ainda é daqueles que continua a acreditar que o Senhor Silva de Boliqueime apareceu, por mero acaso, um certo dia, lá para os lados da Figueira da Foz, a fazer a rodagem dum citroen.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

A Abrir

E cá estamos. Este 2006 chegou inexoravelmente como surgem todos os anos ao longo do tempo. E como, certamente, irão surgir no futuro.

Para já, e como tem sido uma constante na comunicação social, este ano chegou com vários aumentos nas nossas vidas. Coisa normal, nos tempos que correm. Tempos de crise, dizem. Que existe, ou nos querem fazer crer que existe. Crise económica? Será, talvez. Mas, seguramente “outra” crise. E tenho para mim que se se resolvesse essa “outra” crise, a económica não tinha razão de existir. E não existiria, certamente. Porque o ser humano viveria em paz consigo próprio. E com os outros.

E, já agora, como curiosidade, e sem outros comentários, atentemos nos valores dos aumentos que “ganhámos”, como vêm apregoados na comunicação social, e já sentimos na pele:

· Tabaco – 15%
· Pão – 10%
· Produtos petrolíferos – 10%
· Portagens (Pontes) – 5%
· IMI – 4,37%
· Portagens (AE) – 2,8%
· Imposto Automóvel – 2,3%
· Transportes – 2,3%
· Habitação (Rendas) – 2,1%
. Electricidade – 1,2%

· Função Pública – 1,5%
· Salário Mínimo – 3%

terça-feira, janeiro 03, 2006

Santa (e enevoada) ingenuidade

Tem piada! Mas alguém ainda acredita que a grande “preocupação” com o tabaco, por parte de algumas “pessoas ou organizações” tem alguma coisa a ver com questões de saúde? De bem-estar público?

Um destes dias até seremos capazes de voltar a este “assunto”.

(Já agora, que estamos a jeito: O Expresso, do Dr. Balsemão, parece estar mesmo a cumprir a sua “obrigação”…)

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Novo Ano

E cá estamos.

Lá chegou mais um ano. 2006 apresentou-se como sempre. Festas, foguetes, sons e luzes, alegrias esfusiantes e bem regadas, desejos de boa e feliz fortuna. Mas também com exageros, desrespeitos, violências, ódios, desamores, tristezas, azares. E, como tantas outras vezes, morte e destruição.

Mas, apesar de tudo, cá estamos. Com vontade de ficar. Com vontade de continuar.

E, apesar de tudo, desejando que o pior de 2006 possa ser o melhor de 2005. Creio que poderia bastar. A bem de todos nós.