quarta-feira, novembro 29, 2006

Encontros

A vida por vezes não nos deixa esquecer que o mais importante na nossa caminhada colectiva é descobrir que, afinal, viver mais não é que percorrer uma estrada em conjunto com outros. Que nos são iguais, porque igualmente caminhantes na aventura do tempo.

Foi o que me ajudou a descobrir o meu amigo F.R., professor, de escola noutros tempos, e de vida nos dias de hoje.

A vida, afinal, é tão-somente isto: sabermos partilhar os momentos de encontro, como sabemos partilhar uma bica e uma mesa de um qualquer “café” da nossa cidade.

Há viagens que dão que pensar...

Frei Carlos
(activo entre 1517-1539)
O Bom Pastor
c. 1520, óleo sobre madeira
Museu Nacional de Arte Antiga
Lisboa, Portugal
http://www.uc.pt/artes/6spp/f2.html

terça-feira, novembro 28, 2006

Mesmo que tenha dito que não: Fico!

Muita gente tem vindo a público debitar ideias e opiniões sobre a questão da substituição de deputados levada a efeito pelo PCP. Terão todos muita razão.

Vamos lá a ver se nos entendemos! Cá para mim, que não percebo nada da coisa, achei curioso o seguinte: É prática habitual no PCP (não sei se noutros lados tal se pratica) os candidatos a deputado assinarem uma declaração de renúncia ao seu mandato, caso o Partido assim o entenda. Foi esse, naturalmente, o caso da ilustre deputada que ora se recusa a sair. Porque, como a grande parte dos entendidos diz, tal documento não é legal, porque vai contra a Constituição e a Lei geral. Mais uma vez, terão todos muita razão.

Mas que diabo, então nada a dizer de alguém que assina um documento, na presunção de que não o vai cumprir. Mas c’um raio: Então a assinatura de uma pessoa já não tem valor nenhum? A palavra dada já não é um valor? E nem me meto já por outros caminhos, como honra, valores, ética, etc..

Para que não restem dúvidas, por mim, estou radicalmente contra esta prática do PCP. Por uma questão de valores. Obviamente.

“A Marca Marvila”

Há coisas que vale a pena fazer. Há alturas em que também é importante dizermos bem de alguma coisa. Nem tudo é mau à nossa volta, felizmente. E quando o que se realiza é pioneiro, então, vale duplamente a pena. Está, neste caso, de parabéns a Junta de Freguesia de Marvila, aqui em Lisboa, pela organização do seu 1º Congresso, realizado no passado dia 25 de Novembro (boa comemoração), no Auditório do ISEL, e subordinado ao tema “A Marca Marvila”.

Já agora, um breve apontamento, apenas para referir um inquérito que a referida Junta de Freguesia levou a efeito, elaborado por uma entidade idónea.

Realçam-se apenas aqui alguns dos dados apurados:

– À pergunta ”Gosta de viver em Marvila”, 84% afirmam que sim.
– À pergunta “Porque vive em Marvila”, 24% afirmam que o fazem por opção pessoal.
– Quando se coloca a pergunta “A que conceito melhor associa Marvila”, 22% dos inquiridos referiu a Marcha Popular (41% no caso dos não residentes).

Cá por mim, morador em Marvila, fico contente pela minha Freguesia. E, por isto felicito os responsáveis da Junta de Freguesia de Marvila por terem criado esta oportunidade de debate e de reflexão sobre o meio onde vivemos.

Que não caia em “saco roto” o que aqui se reflectiu.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Pensamentos subversivos (IV)

Que bom que é andarmos todos a assobiar para o lado…
Afinal de contas, Lisboa continua tranquilamente adormecida
.

Inquietações

Sempre que quiserem que eu seja
Saibam que posso chegar
O meu tempo de ser é sempre o tempo
De aprender e descobrir o chegar e partir

Sempre que quiserem que eu permaneça
Saibam que eu posso partir

sexta-feira, novembro 24, 2006

quinta-feira, novembro 23, 2006

A Comédia (divina) de Dante


“Quantos no mundo são considerados grandes reis,
que permanecerão aqui como porcos na lama,
deixando no mundo memórias abjectas!”

Canto Oitavo
(Ainda o Quinto Círculo do Inferno)

quarta-feira, novembro 22, 2006

Pensamentos subversivos (III)

São «tropas», Senhor; são «tropas»!”

O que faz falta é falar dele

Até porque assim outras coisas – essas mesmo importantes, porque connosco têm mesmo a ver – ficam no limbo da nossa existência.

Como diz Pedro Rolo Duarte, hoje, no seu artigo de Opinião no
DN: “Pedro Santana Lopes está para o jornalismo político como Elsa Raposo está para as revistas sociais: a todos serve o mesmo prato, e todos se servem do mesmo prato. No fim, os consumidores aplaudem. Mesmo quando as três partes sabem que há algo de podre nesta relação ocasional, feita de traições, conspirações, romances e muita areia atirada para os olhos de todos. Mas o povo gosta - e isso é que interessa, não é?”

O que faz falta é “deficetizar” a malta

Bom trabalho Senhor Campos. Estamos mesmo a poupar.

terça-feira, novembro 21, 2006

Inquietudes

Porque é que será que um dia vem sempre atrás de outro dia e que depois de chegar um dia apenas nos lembramos de que algures no tempo e no espaço um dia fomos apenas?

segunda-feira, novembro 20, 2006

Viagens...

Quando parto – quando me parto –
É comigo que fica sempre a voz
De quem me falou palavras amigas.
Quando parto, parto. Parto e chego.

(Lisboa, 7 de Janeiro de 1983)

sexta-feira, novembro 17, 2006

Pensamentos subversivos (II)

Só estou à espera da reacção de Marques Mendes, depois da entrevista do Presidente da República à SIC.

E, já agora, não se poderia colocar o homem também “entre parêntesis”?

“Santana diz continuar sem perceber por que dissolveu Sampaio a Assembleia, quando lhe disse sempre que não o faria, mesmo na véspera de tomar essa decisão. Ontem, acrescentou que Sampaio queria que Cavaco ganhasse as eleições. Porque se fosse Mário Soares a ganhar, o ex-Presidente ficaria aos olhos dos portugueses como "um entre parêntesis" da presidência.”
Santana Lopes, Entrevista à RTP1
Público, 17.11.2006

quinta-feira, novembro 16, 2006

A Comédia (divina) de Dante


“Os choques, entre os dois grupos, sempre eternos
serão: os avaros sairão do sepulcro com o punho
fechado, e os pródigos sem cabelo.

Mal dar e mal conservar privou-os
do Paraíso e colocou-os nesta luta:
qual ela seja, tu a vês.”

Canto Sétimo
(Quarto e Quinto Círculos do Inferno)

quarta-feira, novembro 15, 2006

Pensamentos subversivos

Que bom seria se o governo fosse tão actuante, tão rígido, tão exigente, tão justo connosco todos, os humildes e normais cidadãos desta terra, quanto o é com o sector da banca, por exemplo.

terça-feira, novembro 14, 2006

Dúvidas

Aqui me questiono
Em dúvidas permanentes

Há muito que me habituei
A viver com a própria dúvida

E questionando-me
Fui descobrindo em cada dia
Mais um pouco do pouco que sou

(Lisboa, 25 de Outubro de 1983)

Pior que não ver, é não querer ver

“Os funcionários públicos são mais mal pagos do que os trabalhadores das grandes empresas portuguesas. Esta conclusão – que vai contra o senso comum e um estudo publicado pelo Banco de Portugal – consta de um relatório encomendado pelo Governo à consultora Cap Gemini e cujos resultados foram parcialmente divulgados ontem pelo Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado. (…)”
Diário de Notícias, Caderno Economia, 10 de Novembro de 2006
(Sem Link, claro)

segunda-feira, novembro 13, 2006

Como é que disse?

“Viva o SNS (Serviço Nacional de Saúde)!”
Correia de Campos, Ministro da Saúde
Congresso do PS, Santarém

sábado, novembro 11, 2006

Leituras de fim-de-semana

"Eu fui à Madeira para defender a autonomia regional. Já o senhor não foi a Felgueiras há um ano, nem teve uma palavra. E enquanto nada disser sobre o assunto, em matéria de credibilidade política estamos conversados."
Marques Mendes, em resposta ao Primeiro-Ministro, noi debate do OE 2007
Expresso, 11.11.2006

Cá me queria parecer que, de facto, estamos mesmo conversados. Comparar a Madeira a Felgueiras, colocar no mesmo saco o homem da ilha e a senhora de Felgueiras... Só mesmo porque iguais. E viva a credibilização!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Convicções

Mesmo que te digam
Para desistir
Lembra-te que o dia
Não acabou ainda

É que o Sol
Surge sempre
Quando a noite adormece

(Lisboa, 26 de Dezembro de 1982)

quinta-feira, novembro 09, 2006

De greve!

Aderi à greve da Função Pública. Estou, portanto, hoje e amanhã, de greve. Por uma questão de convicção, de coerência, de honra e de dignidade.

Deixemo-nos de coisas. Podendo, eventualmente, estar de acordo com alguns aspectos da actual governação, podendo ser sensível a alguns dos motivos que estão por detrás da actuação do Governo de José Sócrates, não posso, por isso mesmo, e de igual modo, esquecer uma questão de primordial importância – pelo menos para mim – que é a de que não devem ser sempre os mais pequenos a suportar, pelo menos em primeira instância, todos os custos das crises que, ciclicamente, vão surgindo nas sociedades. E que me desculpem lá mais uma vez, mas começa a ser tempo de mudar as agulhas: a culpa não pode ser sempre dos mesmos.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Bem dito

“O primeiro país europeu que aboliu a pena capital não tinha nada para dizer, através do primeiro-ministro ou do ministro dos Negócios Estrangeiros, quando a União Europeia se demarcou da condenação à morte de Saddam Hussein. Mas não será que esse silêncio, essa ausência, reflectem também a falta de substrato e espessura, em matéria de princípios ou valores, que hoje constatamos noutras áreas da governação? E que significará o elogio de Sócrates ao modelo americano de direitos humanos no momento preciso em que os atentados a esses direitos pela Administração Bush são verberados tão intensamente fora e dentro dos Estados Unidos?”
Vicente Jorge Silva
“Pena de morte: uma herança silenciada
Diário de Notícias, 08.11.2006

A Comédia (divina) de Dante


“A facção negra longo tempo se alçará no mando,
vexando a facção branca sob grave peso,
sem levar em conta suas queixas e ameaças.

Existem lá dois justos, mas não são ouvidos;
a soberba, a inveja e a avareza são
as três faíscas, que incendeiam os corações.”

Canto Sexto
(Terceiro Círculo do Inferno)

terça-feira, novembro 07, 2006

Condenação justa! Pena justa?

Saddam Hussein foi acusado. Foi julgado. Foi condenado. É o corolário lógico, racional e justo de quem cometeu os crimes de que foi acusado. Mesmo considerando eu que o julgamento deveria ter sido antes efectuado num Tribunal Internacional. Porque Saddam Hussein cometeu todos esses crimes. É público, está confirmado. Neste caso, ninguém pode dizer que duvida.

Saddam Hussein foi condenado à morte, por enforcamento. Aqui, se me permitem, estou profundamente em desacordo.

Como já o afirmei antes,
aqui, aqui, aqui e aqui, sobre a pena de morte, tenho uma atitude de franca, decidida e sincera discordância. Sobre a Morte, a minha atitude é radicalmente contra a sua utilização como arma para atingir um qualquer objectivo. É uma questão de convicção ética e moral.

E sobre esta questão, a Pena de Morte, volto a lembrar aqui (nunca é demais dizê-lo) o que afirma a
Amnistia Internacional: A pena de morte é a punição mais cruel, desumana e degradante. Viola o direito à vida. É irreversível e pode ser infligida a inocentes. Nunca se provou que fosse capaz de diminuir o crime mais eficazmente do que outras formas de punição.

Já agora, duas reacções gostaria de referir aqui:

Por um lado, a reacção do Presidente da República,
Cavaco Silva, ao manifestar-se contra a condenação à morte de Saddam Hussein. Mesmo considerando que "todos temos conhecimento dos crimes e atrocidades praticadas por esse ditador e foi bom que o novo regime iraquiano tivesse levado até ao fim o julgamento". E disse-o claramente: "Pessoalmente, também sou contra a pena de morte e identifico-me plenamente com a declaração comum da União Europeia em que se apela para que a pena de morte a Saddam Hussein não seja executada".

Por outro lado, a atitude (reacção de regozijo soberbo) de
George W. Bush foi, para não dizer outra coisa, uma piada de muito mau gosto. Até porque, se não me engano, alguns desses crimes terão sido cometidos há uns anos atrás, época essa na qual o ditador era até um dos grandes amigos da então administração americana.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Chove

Chove
Sei que chove porque vejo
As gotas da chuva no vidro da janela
Do meu quarto

Chove
Sei que chove porque oiço
O ruído dos pingos no metal da janela
Do meu quarto

E a água que cai
Não vem apenas alimentar
As terras áridas de secas mortais
Nem apenas lavar as ruas e os caminhos
Da cidade que me envolve

Chove
E a chuva que vai caindo
Vai lavando também os meus olhos
Tão cansados da nostalgia
Do tempo que se escoa inexorável

Clareza sem sofismas

Não gosto desta América. Mas não sou anti-americano. Talvez até antes pelo contrário. Como, aliás, há uns tempos, havia quem não gostasse do nosso Portugal, mas não fosse anti-português.

Por isso, vale a pena ler o que Miguel Sousa Tavares escreveu no Expresso desta semana, no seu “God Bless américa”.

Não resisto a deixar aqui o parágrafo final do seu texto:

“Esta semana Bush vai a julgamento nas eleições legislativas americanas. Será uma ocasião decisiva para perceber se os americanos já realizaram finalmente os danos causados por este Presidente, que representa o que de pior e mais obscuro a América tem. Já vai sendo tempo de os Estados Unidos se reconciliarem com o mundo e nós com eles.”

domingo, novembro 05, 2006

Leituras de fim-de-semana

  1. Mas o que é que deu a Marques Mendes para se sujeitar a estas situações (na Madeira)? É que da parte do Senhor da Ilha só pode vir o que vem. Quer-me cá parecer a mim que, de facto, quem já é pequeno, se não está atento, mais pequeno ainda fica.
    E depois não se admire se, de novo, o proibirem de lá voltar.
  2. "Questões de segurança" levaram o PCP a não revelar, para já, o local da reunião das organizações comunistas e operárias de todo o mundo?
    Ou questões de segredo para não se revelar quem cá virá?
  3. O General e ex-Presidente da República, Eanes vai defender a sua tese de doutoramento, este mês de Novembro, numa Universidade de Espanha. E qual vai ser essa Universidade? Vem no Expresso desta semana.
    De facto, grande "Obra"!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Visitas a registar

Já andava há algum tempo para saudar aqui um espaço que me vai dando algum prazer em visitar. Ao meu amigo AR, da Quinta Coluna, um grande e fraterno abraço.

Saber pensar a palavra livre
É conhecer a Via Láctea
E percorrer o universo.

(Lisboa, 24 de Outubro de 1983)

quinta-feira, novembro 02, 2006

As “cenas” do nosso quotidiano

Estou mesmo curioso em saber o que isto vai dar. Pelo andar da carruagem, pela qualidade dos “intérpretes”, ainda se arrisca esta “peça” em ser considerada uma das “cenas” do século.

E depois dizem que não temos motivos para dar uma boa e farta gargalhada!!!