terça-feira, abril 28, 2009

HAIKU

Nuvens no céu
Ocultando a luz.
Cinzento em mim.

domingo, abril 26, 2009

Olhares [quase] proféticos

É preciso ver e escutar
Diz a voz profética
Dos que se sentem inquietos

E na sua inquietação
Apreendem que não podem ignorar

E na sua profecia
Descobrem-se libertos de cadeias

É preciso ver e escutar
Também hoje a voz ecoa
Aqui à nossa volta, aqui agora

E na nossa cegueira
Apenas constatamos que não vemos

E na nossa surdez
Apenas descobrimos o calar

E na nossa ignorância
Apenas conseguimos o vazio

É preciso ver e escutar
Também hoje e aqui
Voltamos a sonhar, acordados.

E apesar de nós próprios
De novo nos descobrimos.

sábado, abril 25, 2009

25 de Abril



Não sei porquê, mas hoje veio-me à memória esta frase de um grande Ser Humano:

"De nada adianta a liberdade, se não temos a liberdade de errar."
Mahatma Gandhi



Imagens daqui

quarta-feira, abril 22, 2009

Outros olhares

PONTORMO, Jacopo
Three Graces
c. 1535, Sanguine
Galleria degli Uffizi, Florence
Imagem
daqui

terça-feira, abril 21, 2009

HAIKU

Um gato espreita na janela.
No passeio fronteiriço
Um pássaro canta, ainda.

segunda-feira, abril 20, 2009

Trova da terra dos homens

Venho da terra dos homens
Tenho nos olhos o sabor do tempo

Sei da minha gente o querer sem saber
E conheço da minha árvore a vontade de ser

Sei dos meus caminhos o destino aberto
E dos meus passos o cansaço do percurso

Venho da terra dos homens
Tenho nas mãos a simplicidade do gesto

Descubro nas nossas casas janelas rasgadas
E portas livres que sabem a entrada

Descubro nas nossas praças gente que sonha
E deseja novos dias em tempos de futuro

Venho da terra dos homens
Tenho nos pés a poeira do caminho

Procuro no meio da gente que vislumbro
O âmago da vida que ainda aspiramos

Procuro no mais fundo de nós próprios
A razão e o sentido do tempo que nos espera

Venho da terra dos homens
Sonho a terra que um dia nos doaram

domingo, abril 19, 2009

Outros olhares

Cecilia Flaten
Poeterior al encuentro
oleo s/tela
Imagem
daqui

sábado, abril 18, 2009

Não sei porque te quero

Não sei porque te quero
Nem sei porque não sei
Porque te quero.
Apenas sei que te quero
E que sei que ao querer-te
Não sei se te quero mesmo
Ou se te quero
Mesmo que não saiba
Porque te quero.

Mas sei que te quero.
Apenas.

sexta-feira, abril 17, 2009

Cantiga de Amigo

Onde estás meu amigo
Que te anseio tanto e tão breve?

O tempo sem ti é como água
Que de rio se torna mar revolto.

Onde estás meu amigo
Que te espero pronta e desperta?

O tempo sem ti é como vento
Que veloz se transforma em tormenta.

Onde estás meu amigo
Que te quero tanto e tanto?

O tempo contigo é mar sereno
É brisa refrescante
É tempo de querer-te ansiando.

(Teorema, Dezembro 2003)

quinta-feira, abril 16, 2009

O meu canto

O meu canto é uma prece
Que na manhã encanta
E na tarde quase espanta.

Tem palavras soltas o meu canto
E frases que conhecem o silêncio.
Porque libertas, apenas sabem o partir.

O meu canto surge de súbito
No momento breve que fica no tempo.
E de repente apenas sabemos o cantar.

Avoamentos

Passa o vento à volta dos meus dias
E o tempo fica à espera
E a espera é tempo de passagem

segunda-feira, abril 13, 2009

Para começar bem a semana...

“Há apenas duas coisas com que você deve preocupar-se. Se você está bem ou se está doente.
Se você está bem, não há nada com que se preocupar. Se você está doente, há duas coisas com que se preocupar. Se você vai se curar ou se vai morrer.
Se você vai se curar, não hánada com que se preocupar. Se você vai morrer, há duas coisas com que se preocupar. Se você vai para o céu ou se vai para o inferno.
Se você vai para o céu, não há nada com que se preocupar. Agora se você for para o inferno estará tão ocupado cumprimentando os velhos amigos que nem terá tempo de se preocupar.
Então, para que se preocupar?”

Provérbio chinês

(Envido por um amigo, por mail)

domingo, abril 12, 2009

Boa Páscoa!

Cristo in maestà
Provincia russa, XVI secolo
tempera su tavola
Gallerie di Palazzo Leoni Montanari - Scheda dell'opera
Imagem
daqui

sábado, abril 11, 2009

sexta-feira, abril 10, 2009

Outros olhares [do tempo]

Novgorod
Discesa agli Inferi
seconda metà del XIII secolo
tempera su tavola
Gallerie di Palazzo Leoni Montanari - Scheda dell'opera
Imagem
daqui

quinta-feira, abril 09, 2009

Este é o tempo

Este é o tempo
O momento que se aproxima
O instante que se torna urgente

Este é o tempo
A decisão assume-se
Como se assume respirar

Este é o tempo
O passo a dar inicia-se
A meta adivinha-se ainda

Este é o tempo
O caminho fica a descoberto
A estrada revela-se intemporal

Este é o tempo
O tempo que está próximo
O tempo dos que vivem o tempo

terça-feira, abril 07, 2009

"Meditabundando"

“Não existe uma única idéia importante de que a necessidade não tenha sabido servir-se: esta é universal e versátil, e pode usar todos os vestidos da verdade. A verdade, pelo contrário, tem um único traje e um único caminho, e acarreta sempre desvantagens.”

Robert Musil, El hombre sin atributos

segunda-feira, abril 06, 2009

Outros olhares

Olexandr Lytovchenko
Caronte transporta os mortos para a outra margem do Estige
1861
Imagem
daqui

Contradições

Por trezentas moedas de prata
Dispensávamos os perfumes
E mesmo a mesa farta
Podia ser a tábua exposta
Ao vazio das coisas
Ao vazio, afinal, de nós próprios.

Por trezentas moedas de prata
Dispensávamos os aromas
E afirmávamos a nossa bondade.

Mas por trezentas moedas de prata
Deixávamos também de ser
E perdíamo-nos na ausência.

Porque a nossa bondade
Deverá ser apenas a descoberta
Do que somos e não podemos.

domingo, abril 05, 2009

Trova do tempo inquieto

Trazes nos olhos o tempo de querer o bem
E desvendas sem tempo olhares sedentos de sabedoria

E nos teus olhos ávidos coabitam horizontes
De histórias abertas à descoberta de novos rumos

Das tuas mãos oferecidas jorram águas cristalinas
Cascatas intensas geradoras de novos mundos, novas vidas

E os teus gestos abarcam universos re-descobertos
Em tempos imemoriais de aventuras sonhadas e repartidas

Caminham estradas abertas na memória comum de nós próprios
Os teus pés que conhecem já a aridez do sangue derramado

E são caminhos e rumos e estradas os teus passos decisivos
Que transportam a nossa história ao encontro do tempo inquieto

sábado, abril 04, 2009

sexta-feira, abril 03, 2009

Evolução

Temos pedras que não sabemos
E força para as usar.
Temos palavras que não calamos
E verbos capazes de calar.

Temos pedras que não sonhamos
E arte para as lançar.

Com medo nos atiramos
Ao encontro do mistério.
Gritamos a nossa raiva
Transformada em impotência.
Somos prisioneiros
Da nossa incerteza
Da nossa insegurança.

E agarramo-nos
Crispados
À noite que inventámos.

Condenámos a inquisição
Mas fomentámos
A escravidão.

Abolimos a escravatura
Mas descobrimos
A opressão.

Quisemos o fim da opressão
Mas sonhámos
O extermínio.

Ousámos um mundo novo
Mas assumimos
A marginalização.

Ontem, como hoje,
As leprosarias,
Os Santos Ofícios,
As galés,
Os guetos.

Ontem, como hoje,
A dúvida,
A insegurança,
A ignorância.

O mesmo medo!

(Teorema, Dezembro 2003)

Sem palavras! Ou melhor: FILHOS DA P**TA!

«Uma adolescente de 17 anos é violentamente agredida em público com diversas chicotadas. Apesar das incessantes súplicas, os três talibãs paquistaneses não páram de lhe infligir duras pancadas.

(...) o que foge à regra, neste caso, é o facto do acto de violência ter sido filmado e divulgado na internet. (...)

A pergunta que se impõe é: Quando é que este tipo de violência e brutalidade vão acabar? Pela forma como o mundo permanece impávido e sereno perante este tipo de situações, o mais provável... é que não acabe nunca

quinta-feira, abril 02, 2009

Sei de teu olhar

Sei de teu olhar
O distante da minha presença.
E do teu caminho
Conheço a estrada
Onde inventamos presenças
Quase sempre de ausência.

A minha aventura
É a peregrinação prometida
Em tempos que não desvendo.
E a partida que arrisco
Torna-se na viagem permanente
Chegada prometida e alcançada.

quarta-feira, abril 01, 2009

Até qualquer dia, amigo

O meu amigo Zé partiu.
Há algum tempo já que apenas dele sabia que da vida já pouco sentia.

O meu amigo Zé partiu.
No meu tempo, chegou como partiu. Com a simplicidade dos que sabem que a vida é apenas tempo e oportunidade para viver. Com a simplicidade dos que conhecem o sabor da palavra amizade.

O meu amigo Zé partiu.
E no ar respiro um não sei quê que me segreda que se calhar haverá um tempo em que ainda nos vamos voltar a encontrar lá no cimo da montanha que acabamos todos um dia por subir.