segunda-feira, setembro 19, 2005

O Jardim (V)

Duras secas descarnadas
As pedras.

Também existem lá
No meu jardim.

Por vezes fazem-me tropeçar
E aleijam-me.

Outras vezes afago-as
E saboreio-lhes as formas.

Algumas quiseram ser úteis
E disposeram-se em filas
Delimitando espaços
E rasgando caminhos.
Outras indolentes e cómodas
Amontoaram-se à entrada
Como que tentando opôr-se
À cancela que se abre.

Um dia peguei numa
E lancei-a ao vento.
Nunca mais a vi.

Mas são as pedras
Do meu jardim
Que só eu consigo ver.

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