quarta-feira, setembro 14, 2005

Mais um ano nos anos da vida

Hoje acordei com uma sensação diferente. Reparei que tinha mais um ano na minha caminhada na aventura da vida. Mais um ano nas andanças e desandanças nas estradas da descoberta das coisas. Do que me rodeia. Dos outros, que por mim vão passando. De mim próprio, afinal e tão simplesmente.

E dobrar o cabo de mais um ano é sempre oportunidade para olhar para a poeira do caminho que passou e que lá continua a olhar-nos, as mais das vezes, com a serenidade do tempo.

Mas é também – e sobretudo – oportunidade especial para olhar o horizonte, o distante, o quase fundo do caminho, a montanha lá à frente, que nos precede e espera, as mais das vezes, com a paciência do tempo.

Por mim, hoje, que me sinto um pouquinho mais pesado de tempo – de outros pesos não falo, e pronto! – olho para a estrada calcorreada e sinto a benevolência da poeira a descer sobre mim. E ficam-me, na pele e na carne, as sensações dos que comigo partilharam o pó do caminho. Da família que me recebeu e amparou, ao sabor do tempo, ao encontro com a vida. Dos amigos que me foram acompanhando nas peripécias do caminho. Enfim, dos que gostei, amei, respeitei. Mas também dos outros, os que, algumas vezes, me abanaram e abalaram, me feriram e exasperaram.

Por mim, hoje, olho o distante, o quase fundo do caminho, a montanha lá à frente, e descubro-me, afinal e simplesmente, um afortunado da vida. Não pelo que possuo. Não pelo que tenho. Mas tão-somente pelos que aceitam que os possa acompanhar no caminho que nos leva a todos ao encontro da montanha lá à frente. Apesar de tudo. Apesar de mim próprio.

Por isso, por tudo isso, tem valido a pena.

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