sexta-feira, setembro 30, 2005

Dom Figurão

Muito espera Dom Figurão
Do pouco que resta à plebe.

Fala alto com palavras sonoras
Mas cala o olhar a quem o descobre.

Assume a imponência com bravura
Mas foge quando o combate é iminente.

Muito alcança Dom Figurão
Com o silêncio da plebe adormecida.

Usa o poder seguro da sua grandeza
E despreza a força dos fracos e indefesos.

Só tem uma palavra. A sua.
Os outros apenas podem ouvir. E anuir.

Muito pode Dom Figurão
Com a fraqueza da plebe submissa.

Sonha reinos libertos e vivos
Que produzam consumidores paralíticos.

Desce à plebe com gestos esquivos
Árido de sentimentos e afectos.

Muito quer Dom Figurão
Tanto, tanto... mais não.



(Teorema, Dezembro 2003)

Sem comentários: