quarta-feira, março 22, 2006

Três anos depois

As guerras são o que são. E por vezes apenas é necessário que alguém dê o primeiro passo. E nem é preciso ter a certeza nos motivos, basta dizer que se está convencido. E depois arranjar outros que também “fiquem convencidos”.

Há três anos, o americano Bush convenceu-se que o Iraque estava diabolizado (e se calhar Sadam era de facto um dos seus - de Satã - discípulos) e tinha uma enormidade de armas de destruição massiva prontas a serem atiradas contra nós todos. Daí a convencer três outros companheiros de luta, foi um passo dado com a velocidade dos apressados. E lá foram todos contentes, convencidos que iriam livrar o mundo da diabólica presença de Satã, o todo poderoso. Era a luta do bem contra o mal.

Só que, depois da intervenção, digna de “Apocalipse’s Now”, vieram alguns dos “convencidos” a afirmar que, afinal, os motivos mais que evidentes, mais não eram que poeira na imaginação dos seus autores. E tudo lá continuou como coisa normal.

Agora, três anos passados, o que se poderá dizer? Cá por mim, que se calhar até sou dos “fracos e derrotistas”, na opinião do
grande amigo americano, fico-me a pensar nisto:

Três anos depois…

  • Mais de 37 mil mortos iraquianos
  • 2700 militares da coligação mortos (2311 norte-americanos)
  • Mais de 250 reféns estrangeiros e milhares de iraquianos raptados
  • Custo da guerra: 315 mil milhões de dólares (262 mil milhões de euros)
  • Apenas um em cada três iraquianos tem acesso a água potável (um em cada dois, em 2003)
  • Bagdade tem quatro horas de electricidade por dia (16 horas/dias em 2003)
  • Produção de petróleo: 1,4 mil milhões de barris/dia (2,4 mil milhões em 2003)
  • 70% de desempregados
  • Mortalidade infantil: 102 em mil nascimentos (32 em 1990)

Fonte: Expresso, 19 de Março de 2006

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