terça-feira, março 21, 2006

Aquele que conhece a poesia

O sussurrar do vento nas árvores
Abanando e contornando-as
Numa carícia suave e enleante,
Eis o que basta
Para aquele que experimenta a poesia.

O cálido chilrear dos pássaros
Que sobrevoam a minha aldeia
Como nuvem de alegria, de vida,
Eis o suficiente
Para aquele que sente a poesia.

O jardim pleno de verde e flores
Onde crianças correm e saltam e gritam
E mais velhos olham, no banco das memórias,
Eis o importante
Para aquele que vive a poesia.

Os ossos, rodeados de arame farpado,
O negro do ódio nos olhos do que passa,
A víbora da mentira no coração do homem,
As trevas que habitam as casas do luto,
O vazio dos que possuem a posse,
A fome dos esquálidos e dos sedentos,
Eis o que escapa da mordaça
Que tentam colocar na boca gretada e dorida
Do que sabe, do que conhece a poesia.

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