“(...) Hoje, contudo, depois de dar notícias importantes sobre guerras, massacres, ataques terroristas e quejandos e depois de algumas indiscrições prudentes sobre assuntos políticos correntes - mas sem assustar demasiado os espectadores -, os nossos programas noticiosos da televisão lançam-se em séries de matri-fratri-uxori-patri-infanticídios, assaltos, roubos à mão armada, tiroteios e - para que os espectadores não falhem nada - todos os dias parece que os céus se abriram sobre a nossa região e chove como nunca choveu antes, de tal forma que em comparação o dilúvio bíblico foi quase tão dramático como um cano de água roto.
E é aqui que achamos que há qualquer coisa por detrás disto, ou mesmo no centro disto. Dado que os directores do Canal Niagara não se querem comprometer com histórias económica e politicamente arriscadas, seguiram o caminho do Crime de Verdade. Uma boa sequência de cabeças decapitadas mantém o povo entretido e sem ideias perigosas na cabeça.”
Umberto Eco
Diário de Notícias, “Dêem-nos o crime diário”, 3 de Dezembro de 2005
(Exclusivo DN/The New York Times Syndicate)
domingo, dezembro 04, 2005
Vale a pena ler
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário