Caminhava como quem carregasse às costas a própria cidade onde deambulava.
O seu caminhar tropeçava a cada passo, como se de pedras, cascalho e vidro, fosse revestido o trilho onde se movia.
A cabeça pendia-lhe, antecedendo passos curtos e cansados. Dos cabelos, apenas a memória do branco da idade.
Numa das mãos, secas como ramos quase sem seiva, um saco de plástico, dos muitos que se esgotam nos supermercados, seguro com a força do medo e do sentimento de parca posse.
Na grande cidade, perdidos no tempo e no espaço, irmanámo-nos na diferença com que alguns nos querem confundir.
Na grande cidade, perdido ele de esperança rarefeita. E perdido eu de apatia geral.
Talvez um dia, porque não?
O seu caminhar tropeçava a cada passo, como se de pedras, cascalho e vidro, fosse revestido o trilho onde se movia.
A cabeça pendia-lhe, antecedendo passos curtos e cansados. Dos cabelos, apenas a memória do branco da idade.
Numa das mãos, secas como ramos quase sem seiva, um saco de plástico, dos muitos que se esgotam nos supermercados, seguro com a força do medo e do sentimento de parca posse.
Na grande cidade, perdidos no tempo e no espaço, irmanámo-nos na diferença com que alguns nos querem confundir.
Na grande cidade, perdido ele de esperança rarefeita. E perdido eu de apatia geral.
Talvez um dia, porque não?
3 comentários:
Lindo o texto mas triste este retrato de nós todos. Um dia, quem sabe, talvez o ser humano volte a sê-lo, se é que alguma vez o foi realmente.
Bom fim de semana.
O mistério da possível cintilação da faísca do Encontro é o mais seguro indício da Esperança que paira sobre cada desânimo.
Corações ao Alto!
Forte abraço, Caríssimo Zé Maria.
Caro Xicoxperto:
Eu, apesar de tudo, continuo um crente do ser humano. Mesmo que às vezes pareça apenas mais "ser" e menos "humano".
Caro Paulo:
É, de facto, a esperança do Encontro, ou o encontro da Esperança. Cá iremos.
Um abraço aos dois
Enviar um comentário