Queria tanto voar.
Ergo-me, lentamente, da erva fresca
Onde me estirara cansado.
Ao abrir os olhos
Surgiu-me o céu, já avermelhado,
Onde o Sol desaparecia, ainda.
Por cima de mim passou uma andorinha
Talvez migrando, já,
Batendo compassadamente as asas.
E recordei os tempos em que, criança,
Também batia os braços
Como que querendo subir, subir.
Queria tanto voar.
Por detrás de mim, um pinheiro
Dava-me o encosto amigo
Que meu corpo procurava.
Lá no alto, adivinhava uma pinha
Por entre os raios vermelhos
Que rasgavam a copa frondosa.
Apoiado nos cotovelos
Enchi bem a boca de ar,
Carregado de perfumes violentos.
Arfava. O peito subia e descia
Como se de um esforço enorme
Se estivesse queixando.
Fechei os olhos e tentei subir
Para de cima admirar
O Paraíso, onde o torpor me invade.
Queria tanto voar.
(Dezembro, 1979)
terça-feira, agosto 08, 2006
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