quarta-feira, julho 27, 2005

Uma palavra para Manuel Alegre

Tenho por Manuel Alegre muito respeito. E admiração. Comecei a conhecê-lo melhor através dos seus livros, que nos ia oferecendo a todos. Afeiçoei-me à sua poesia, desde a Praça até à Canção, desde o Canto até às Armas. Era e é uma voz que me habituei a ouvir. Com atenção e apreço. A sua poesia junta-se à que de melhor se manifestou e manifesta em Portugal.
Como poeta (maior), como escritor, estamos conversados.
Na nossa vida colectiva, na política portuguesa, também me fui habituando a não ficar indiferente perante este homem que leva a sua liberdade de pensar e de agir a expoentes raramente notados noutras latitudes.
E nestes últimos tempos, muito me tem aproximado desta figura incontornável e incómoda. Como ele, sou pela unidade. Não gosto, nem sou pela unicidade (aliás, rejeitada, e bem, já noutras épocas). Como ele, também não aprecio unanimismos, nem salvadores da pátria. (E apetece-me abrir aqui um parêntesis para lembrar um amigo que, quando A. Guterres ganhou um congresso do PS, com 95% dos votos, logo afirmou, incomodando muita gente, que, afinal, o Partido estava salvo: ainda havia 5% que não tinham votado Guterres. E com isto, nem estou a tentar beliscar ou menosprezar a pessoa e a figura do ex-Primeiro Ministro e, agora e bem, Alto Comissário da ONU para os Refugiados.)
Por isso, saudei a disponibilidade e a vontade manifestada por Manuel Alegre quando se candidatou à liderança do Partido.
Por isso, saudei a sua disponibilidade e a sua vontade em se candidatar às próximas eleições presidenciais, quando se verificava o vazio de candidaturas existente (para não dizer de ideias). Mesmo que, como parece agora, se vá verificar que não será, afinal e contra a sua vontade, o candidato do PS a Belém.
Por isso, porque acredito na sua grandeza de alma e de homem, quero aqui e desde já, com toda a minha humildade, manifestar a minha homenagem sincera a este homem grande, livre e bom. Afinal, a este poeta maior da nossa praça.Mas que foi bom sonhar, lá isso foi. Uma Presidência Poética!

1 comentário:

Anónimo disse...

Que belo texto!
Quando dois poetas se encontram à sombra da magnólia jorram as palavras em cascata, a estética da narrativa impera, as doces e ternas imagens chispam no ar... a adesão à beleza do texto é inevitável!
Meu carissimo, espiritualissimo e fraterno amigo: sobre o poeta e a sua grandeza...estamos entendidos e de acordo!
Para mim, Manuel Alegre será, SEMPRE, um dos maiores vates do Século XX e, porventura, o mais importante na LUTA pela Liberdade que irrompeu (também muito por mérito da escrita DELE!)no vinte e cinco d'Abril de 1974!
Esse Manel Alegre tem já um TREMENDO lugar na nossa História Pátria!
Tenho mesmo para mim, quase como certeza absoluta - que o seu lugar será bem maior do que o Mário Soares há-de vir a ocupar.Este, em conversa recente, tem a consciência nitida disso mesmo. Disse ele:"A história dedicar-me-á nunca mais do que dez linhas - nos manuais sobre a história do Século XX".
A poesia, a grande, e os seus cultores são ETERNOS! È o que vai acontecer ao Manuel Alegre e não é nada POUCO!