Há gente que dorme
Em camas largas e brancas
E que sonha alvoradas de sossego
Há gente que acorda
E tem o seu café com leite fumegante
E o pão barrado de quente
Há gente que passeia
Por largas alamedas trabalhadas
E se senta em esplanadas polidas
Mas há gente que acorda
E não sabe como vai poder
Olhar os seus com olhos sem leite
Mas há gente que não dorme
Porque o tecto que o devia proteger
Foi um sonho que não passou de miragem
Mas há gente que não ri
E deixa escapar uma lágrima
Sobre a criança faminta e cheia de frio
Mas há gente que se cansa
Da sua luta de dias incertos
E desespera de raiva incontrolada
Mas há gente que se esgota
Por caminhos esquecidos e marginais
E desabafa a revolta em espuma de sangue
segunda-feira, abril 24, 2006
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1 comentário:
Excelente poema, que faz reflectir, sobre os amanhãs que o 25 de Abril prometeu, e que se tornaram, vãs esperas.
Este meu comentário, saiu-me um pouco poético, mas é o que vai na alma.
Um grande abraço, amigo Zé Maria.
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