quinta-feira, setembro 27, 2007

“O Fim da Amizade”

«(…) Na sua Ética a Nicomáco, Aristóteles distinguiu três tipos de amizade, conforme a ideia em que cada uma se fundasse. Existiria uma amizade baseada no prazer, outra na utilidade e outra na virtude, para Aristóteles a amizade mais genuína e duradoura, aquela em que os amigos se uniriam para atingir o bem e a sabedoria. A visão elevada que Aristóteles tinha da amizade não desapareceu. Mesmo se nos fomos tornando cínicos, temos esperança de que a amizade possa ser uma espécie de amor moral. Não um amor por dever ou respeito, como o que se tem pelos pais ou pelos filhos, mas um amor que se forma na simples admiração por outra pessoa. Um amor realista e altruísta. Um amor que não depende de nenhuma idealização, de nenhum desejo. Um amor que nasce de uma espécie de consciência. É a nossa maior e mais promissora ambição para a amizade. As redes sociais como o Hi5 prescindem da amizade como uma experiência de dedicação admirativa em favor da obsessão doentia por conhecer e acumular pessoas. É óbvio que alguém que junta 500 "amigos" não acredita na amizade. Encheu a agenda, mostrou a sua agilidade e ficou na mesma. E a amizade só pode ser para levar a sério, senão não vale a pena.»
Pedro Lomba
Diário de Notícias, 27.09.2007

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