quarta-feira, abril 11, 2007

A minha estrada de Emaús

- É o Zé Maria, não é? Já o tinha visto há algum tempo aqui perto, mas não quis incomodá-lo.

À minha frente estava alguém que não via há mais ou menos uma década. Reconheci-o com alguma facilidade, pese embora os anos que nos tinham afastado. Na verdade, estava quase na mesma. O mesmo olhar, a mesma expressão de gente simples. Mas a mesma dignidade a impor-se na sua atitude.

Lembrámos tempos que soubemos partilhar em causas que descobrimos comuns. Tempos que foram de trabalho em conjunto com gente que era, afinal, a nossa gente.

Este encontro trouxe-me a sensação de que, apesar de tudo, se calhar, apesar de não termos conseguido grandes coisas de concreto, se calhar, apesar de mais parecer ter sido vão o esforço feito e o tempo gasto, afinal de contas, valeu a pena o termo-nos encontrado um dia num gabinete onde ainda se sonhava construir alguma coisa.

- Que bom tê-lo encontrado, Sô Zé, disse-me à despedida.

E, se ele estava feliz com o encontro, cá por mim, tenho a certeza que fiquei muito mais.

Em verdade se diga, há dias assim, que nos marcam. E que nos aquecem bem cá dentro.

2 comentários:

AC disse...

Caro Zé
Que texto lindo... pura poesia.
Um abraço
ACarlos

Zé Maria disse...

Cara ACarlos
Sinceramente, gostei da tua visita.
Já era tempo.
E já que estamos no tempo próprio, parece-me que é já tempo.
Volta sempre. Por mim conta mesmo que cá estarei.
Um abraço