sexta-feira, julho 25, 2008

Quotidianos [I]

Era um dia como outro qualquer. Tinha acordado com os raios solares a despontarem ainda por entre o cinzento esbranquiçado das nuvens matinais. Como qualquer outro dia, este tinha espelhado no seu semblante a marca indelével do bem-estar e do bem sentir.

Ao sair de casa, encontrou-se, ainda que apenas por breves momentos, com um amigo de longa data. Na verdade, a vida só se pode desfrutar em plenitude se nos descobrirmos, não como seres isolados, abandonados a um qualquer acaso existencial, mas como membros agregados e afiliados de um grupo, de um corpo. De uma família, afinal. Seja ela qual for.

Demorou quase metade dessa manhã a chegar ao jardim onde alguém era suposto estar à sua espera. Mas a espera, por vezes, mais não é que momento de cansaços, de corpo e alma. E se a espera, de espera já desesperava, apenas acabou por se deixar ficar em ausência.

Por isso, quando olhou o vazio ajardinado do espaço da espera feita ausência, pressentiu a inevitabilidade do desencontro.

Não sem um sentimento de incómoda fatalidade, acabou por descobrir que, se calhar, a vida não é apenas feita de encontros e de achamentos, mas é talvez também impregnada de desencontros e de desalentos.

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