Açorda à portuguesa
Pão de trigo, sem ter sombra de joio;
Azeite do melhor, de Santarém;
Alho do mais pequeno, e do saloio,
Ponha em lume brandinho e mexa bem;
Sal que não seja inglês – porque é remédio.
Toda a criança assim alimentada
É capaz de deitar abaixo um prédio
Quatro meses depois de desmamada.
Com este bom pitéu, sem refogados,
Invenção puramente lusitana,
Os ilustres varões assinalados
Passaram ‘inda além da Taprobana.
Fortes p’la açorda, demos nós aos mouros,
Como se sabe, uma fatal derrota;
E abiscoitámos majestosos louros
Para os nobres troféus de Aljubarrota.
In A Cosinheira das Cosinheiras,
Por Rosa Maria
Empresa Literária Universal, Lisboa, [Século passado]
domingo, junho 15, 2008
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