sábado, julho 30, 2005
sexta-feira, julho 29, 2005
Limitação de mandatos: Era uma vez...
“Autarcas limitados em 2013 - O PSD não viabilizou a intenção dos socialistas de limitar o número de mandatos do primeiro-ministro e dos presidentes dos governos regionais (…)“
A Capital, 2005.07.29
“2013 é o fim dos dinossauros autárquicos
Desde 1989 que se discutia a limitação de mandatos dos autarcas. O PS queria a aprovação de uma proposta que abrangesse todos os titulares de cargos políticos executivos. O PSD, mais reticente na matéria, pretendia apenas a limitação das funções dos autarcas. Agora, após três meses de negociações, os socialistas cederam (…)”
Correio da Manhã, 2005.07.29
E podia ter-se feito alguma coisa de jeito. Esperava-se que, da parte daqueles que nos representam, da parte daqueles que se consideram os pensadores deste país, que se consideram os fiéis do garante dos governos (nacionais, regionais e locais), esperava-se bem mais do que o “doce-nada” acabado de ser gerado. “Doce-nada” que, afinal, nada mais é do que o “basicamente possível”, como eles dizem.
Tanto tempo de discussões, de polémicas, de acusações, de defesas da honra, de críticas políticas, para, em esforço sobre-humano aquela assembleia ser capaz de gerar o quase des-gerado. Tanto tempo, tanta palavra, tanta tinta corrida, tantas páginas, tantas notícias, afinal, para ficarmos na mesma. Bem, quase na mesma. O futuro vai dizer-nos isto mesmo.
Obrigado, Senhores deputados! Ficamos eternamente agradecidos pela vossa ousadia.
Já agora, e a brincar, porque é que não ficamos, afinal, como estávamos? Pelo menos, seria muito mais sério e honesto. Muito mais coerente, seguramente.
Mas continuo a não perceber muito bem porque é que apenas o Presidente da República pode ter os seus mandatos limitados? Piquinhices minhas, naturalmente…
quinta-feira, julho 28, 2005
quarta-feira, julho 27, 2005
Uma palavra para Manuel Alegre
Como poeta (maior), como escritor, estamos conversados.
Na nossa vida colectiva, na política portuguesa, também me fui habituando a não ficar indiferente perante este homem que leva a sua liberdade de pensar e de agir a expoentes raramente notados noutras latitudes.
E nestes últimos tempos, muito me tem aproximado desta figura incontornável e incómoda. Como ele, sou pela unidade. Não gosto, nem sou pela unicidade (aliás, rejeitada, e bem, já noutras épocas). Como ele, também não aprecio unanimismos, nem salvadores da pátria. (E apetece-me abrir aqui um parêntesis para lembrar um amigo que, quando A. Guterres ganhou um congresso do PS, com 95% dos votos, logo afirmou, incomodando muita gente, que, afinal, o Partido estava salvo: ainda havia 5% que não tinham votado Guterres. E com isto, nem estou a tentar beliscar ou menosprezar a pessoa e a figura do ex-Primeiro Ministro e, agora e bem, Alto Comissário da ONU para os Refugiados.)
Por isso, saudei a disponibilidade e a vontade manifestada por Manuel Alegre quando se candidatou à liderança do Partido.
Por isso, saudei a sua disponibilidade e a sua vontade em se candidatar às próximas eleições presidenciais, quando se verificava o vazio de candidaturas existente (para não dizer de ideias). Mesmo que, como parece agora, se vá verificar que não será, afinal e contra a sua vontade, o candidato do PS a Belém.
Por isso, porque acredito na sua grandeza de alma e de homem, quero aqui e desde já, com toda a minha humildade, manifestar a minha homenagem sincera a este homem grande, livre e bom. Afinal, a este poeta maior da nossa praça.Mas que foi bom sonhar, lá isso foi. Uma Presidência Poética!
terça-feira, julho 26, 2005
Presidenciais – Mário Soares
Tenho por Mário Soares muito respeito. É verdade que nem sempre concordei com ele. Com as suas decisões. Com as suas análises. Com a sua maneira de agir nos cargos que ocupou. Ou, porventura, nem sempre compreendi as suas posições políticas. Mas, ao longo do tempo, fui sendo capaz de olhar para ele com olhos cada vez mais benignos. Talvez porque também para mim a idade se foi manifestando.
Tenho por Mário Soares, de facto, muito respeito. Hoje, olho para ele como “um mais velho”. Sinto-o como um dos “anciãos” da nossa comunidade. Onde repousa o saber (e o sabor) do tempo. É uma honra para ele. É uma honra para nós. Como se dizia antes e como se diz agora, Mário Soares é um dos Senadores da República.
Por tudo isto, não estou muito seguro que gostaria de ver agora Mário Soares candidato à Presidência da República. Porque o respeito muito. Porque me parece, até, que é uma maldade o que lhe estão a fazer. Por muito, até, que ele tenha a tentação de dizer que quer voltar a ser Presidente de todos os portugueses.
Mas, para que fique claro, e para que não restem quaisquer dúvidas, se ele for candidato, será naturalmente o meu candidato. Com todo o meu empenho. E, estou certo, será o próximo Presidente da República.Que a fortuna o proteja.
segunda-feira, julho 25, 2005
Presidenciais
Se à direita, e segundo o “comentador” da RTP, Marcelo Rebelo de Sousa, o caso parece estar resolvido com a convicção de que Cavaco Silva irá mesmo avançar para Belém, à esquerda, parece estarmos em plena confusão, voando cada qual para seu lado e disparando à esquerda e à direita. Alguns até já se atingiram a si próprios, tal é o fervor demonstrado em irem anulando o que lhes faz frente, o que lhes tapa o espelho da fama.
À direita, e apesar das profundas convicções do apoiante nº 1 de Cavaco, ainda estou para ver se se concretiza essa candidatura. A ver vamos, portanto. E já agora, se vier, que venha por bem.
Sobre Cavaco Silva, cá voltaremos, se o homem se assumir.
À esquerda, que é, afinal, a parte que mais me interessa – e porque, digo-o já, para não restarem dúvidas, não votarei em Cavaco Silva – parece-me que continuamos todos a brincar com coisas sérias. Cada um por si, que é o mesmo que dizer que nos estamos a marimbar para quem ganha. É indiferente.
sexta-feira, julho 22, 2005
Silêncios
E de escutarem
As suas próprias palavras.
Para eles, os fabricadores das palavras
O silêncio é um anátema.
Usam as palavras com sofreguidão
Como se delas dependesse
A sua própria existência.
(Março – 1999)
quinta-feira, julho 21, 2005
A reflexão do dia
Se penso, existo; se falo, existo para os outros, com os outros.
A necessidade é o lugar do encontro. Procuro os outros para me lembrar que existo. E existo, porque os outros me reconhecem como seu igual. Por isso, a minha vida é parte de outras vidas, como um sorriso é parte de uma alegria breve.
Breve é a vida e o seu rasto. A posteridade é apenas a memória acesa de uma vela efémera. Para que a memória não se apague, temos que nos dar uns aos outros, como elos de uma corrente ou pedras de uma catedral.
A necessidade de sobrevivência é o pão da fraternidade.O futuro é uma construção colectiva.
António Arnaut, in "As Noites Afluentes"
quarta-feira, julho 20, 2005
Há coisas que nos fazem (pelo menos) pensar...
Há cerca de um ano um amigo meu que trabalhava honestamente como porteiro numa escola, aguardando assim a sua aposentação foi alvo da maior calúnia que se pode fazer a uma pessoa: uma acusação de abusos sexuais a uma criança de 3 anos!
Para além das ofensas verbais, essa pessoa foi também agredida pelo pai da criança dentro do recinto escolar, pelo que recebeu tratamento no Hospital Garcia de Orta.
Depois de efectuados os respectivos exames médicos e de DNA e os inquéritos judiciais, quer ao lesado quer ao menino (que no fundo foi uma vítima da sua mãe), a conclusão foi a seguinte: o menino estava cheio de parasitas interiores (vulgo lombrigas) e era alvo de maus hábitos higiénicos. Desta forma o menino queixava-se de dores na região anal, tendo dito que teria sido picado por uma abelha. O irmão mais velho desse menino, que com certeza ouvia-o queixar-se, decidiu então inventar toda esta triste história, ou seja, de que teria visto o porteiro a encostar a "pilinha" no irmão!
A mãe, acto contínuo, gravou uma cassete, dissimulando o rosto, com a voz dela e o falso depoimento do filho, a qual a TVI passou por várias vezes no telejornal em horário nobre sem sequer se preocupar primeiro em verificar a veracidade ou aguardar o desfecho dos factos. O jornal correio da manhã também divulgou a notícia.
Quanto ao irmão da criança dita lesada (lesada sim mas pela própria mãe), a conclusão dos inquéritos judiciais foi a seguinte: "O (........) revelou-se uma criança muito fantasiosa (mentirosa), tendo inventado toda esta história e desmentido tudo e dito a rir que tinha sido só uma brincadeira".
Deste modo o processo foi encerrado. No entanto, o "acusado" esteve vários dias sem querer sair de casa, por vergonha de encarar o mundo exterior devido a esta monstruosa acusação. Esteve também à beira duma depressão, tendo pensado inclusivamente em pôr termo à sua vida, pois trata-se duma pessoa que sempre viveu a sua vida honesta e honradamente. Sofre também desde essa altura de hipertensão arterial crónica e nunca mais poderá ter uma vida normal.
O caso está agora a seguir os trâmites legais. No entanto nenhum dos órgãos de comunicação social que o lesou se lhe dirigiu, antes ou depois da conclusão do processo. A verdade não deveria ter sido reposta?! Lesa-se deste modo a vida das pessoas para sempre e fica-se impune?! A justiça tem de actuar para que casos destes não voltem a suceder.
Se assim desejarem enviem as vossas opiniões ou ideias, porque isso ajuda, para charlesjrm@hotmail.com, porque todos os que lesaram esta pessoa continuam de "cabeça erguida".Enviem este e-mail a todas as pessoas que puderem p. f.
segunda-feira, julho 18, 2005
Justiça à portuguesa
As queixas apresentadas no Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) sobre a actuação de magistrados estão em risco de prescrição. O órgão disciplinar da Procuradoria-Geral da República não reúne desde Janeiro e o estatuto dos magistrados do Ministério Público (MP) estipula um prazo de 90 dias para a instrução do processo disciplinar."
Diário de Notícias, 2005.07.18
Depois de termos vindo a ver a gloriosa luta dos senhores da Justiça, na defesa das suas legítimas aspirações, é gratificante verificar esta brilhante manifestação de respeito à causa pública.
Souto Moura a Procurador-Geral por mais 10 anos, já!
Se calhar ainda um dia destes vou ver que, afinal, o culpado disto tudo é o meu “pulguinha”.
sexta-feira, julho 15, 2005
A hora do medo
quarta-feira, julho 13, 2005
IVG – Tribunal de Setúbal
Afinal, parece que o Tribunal não encontrou motivos (provas) que fundamentassem a acusação. Parece, até, que o próprio Procurador (acusação) terá pedido igualmente a absolvição para aquelas mulheres.
Ainda bem. Do mal, o menos. Mas é com agrura, com tristeza, quase com raiva, que o digo. Ainda bem. Pelo menos, parece-me que o bom senso ainda não desapareceu de todo. Ainda bem.
Já agora, e não querendo, aqui e agora, fazer qualquer defesa de posição sobre o assunto em questão (posição que, obviamente, tenho, firme e concreta), porque é que não nos deixamos todos – mas mesmo todos – de andar para aqui a “brincar” com tudo isto e não resolvemos de uma vez por todas esta questão? Com ou sem referendo. Mas, certamente, pondo um ponto final neste assunto. (E já vai tarde, certamente.)
É que há demasiada gente a sofrer, e muito, com esta questão. Sobretudo as mulheres. (Que me desculpem as feministas mais dogmáticas e fundamentalistas, mas creio que esta é uma questão que diz respeito a todos: mulheres e homens. Com as devidas e óbvias proporções.)
Mas sinceramente, ver os Tribunais (com tudo o que os envolve, juízes, procuradores, advogados, funcionários judiciais…) servirem para tão tristes figuras, parece-me demais. Tenho demasiado respeito pela Justiça Portuguesa. Talvez seja hora de também os juízes (e já agora os outros intervenientes judiciais) poderem exercer o seu direito de objecção de consciência, que neste caso se poderia chamar o direito de defesa do bom senso. Afinal da Justiça, ela própria.
segunda-feira, julho 11, 2005
domingo, julho 10, 2005
Meu caro João Soares
João Soares, "O Independente", 2005.07.08
sexta-feira, julho 08, 2005
O espectro da Morte
Mais um. Depois de Nova Iorque, Madrid e, agora, Londres. Pelo meio, vários outros, talvez não com tanto impacto, mas igualmente destruidores e mortais.
Muito se diz em situações destas, muito se discute, muito se reflecte, mas o que acaba, sempre, por ficar é o espectro da morte a pairar sobre as cabeças das mulheres e dos homens que teimam em (sobre)viver neste espaço comum que é o planeta Terra. No fundo, é o espectro da morte a pairar sobre nós todos.
Quem faz destes actos – do terrorismo – seu modo de vida, não tem pela vida, de certeza, o amor e o respeito que ela merece. Pelo contrário é como se odiassem a própria vida.
Por isso, também eu estou de luto. “Disse o vice-presidente da Comissão Europeia ao referir-se ao sucedido como um ataque «ao coração da Europa». Diz bem: onde morrem inocentes, é aí que está o nosso coração. Também somos nós em King´s Cross, Liverpool Street, Aldgate East; em Edgware Road, Tavistock Square, Russell Square, Moorgate. Dizemos os nomes como homenagem.” (1)
“Não vale a pena procurar culpados para além da culpa. E esta é só uma – a dos que colocam as bombas. O resto são pormenores perante a morte, como qualquer morte é um pormenor perante outra igual. A vingança está nas ruas, mesmo que alguns lhe chamem justiça, e aí irá permanecer. Tirar a vingança das ruas é mais difícil que tirar a alma de dentro dos homens”. (2)
(1) Jacinto Lucas Pires, “Contra o terror”, in A Capital, 2005.07.08
(2) Miguel Romão, “O terror outra vez”, ibidem
quarta-feira, julho 06, 2005
Tão amigos que nós somos
Bem me parecia, afinal, que Carmona Rodrigues tem tudo a ver com esta gestão camarária, por muito que agora o queira esconder.
De facto, como o próprio disse há tempos, Santana Lopes anda mesmo por aí…
terça-feira, julho 05, 2005
A Capital – Fim de um ciclo
A Capital foi ao longo destes últimos tempos o meu jornal preferido. Porque me pareceu ser, nos dias que correm, uma lufada de ar fresco no meio da comunicação social.
Luís Osório e Rogério Rodrigues, cada um à sua maneira, foram obreiros desta maneira de estar. Desta maneira de encarar a profissão de jornalista.
Tenho pena de já lá os não encontrar. Porque gostava da forma como eles construíram estas páginas.
Porque é que sinto que vou perder qualquer coisa?
segunda-feira, julho 04, 2005
Uma pequena linha
Que se empinava sorrateiramente
Por cima de um papel ainda virgem.
E essa linha sabia bem
O quanto o vazio do papel
Poderia ser o vazio
Da sua própria vida.
(Setembro – 1998)
sexta-feira, julho 01, 2005
Pena de Morte
Portugal aboliu a Pena de Morte há 138 anos (Lei de 1 de Julho de 1867).
(Miguel Torga, colóquio internacional comemorativo do centenário da abolição da pena de morte, Coimbra, 1967)
"...E acaso o criminoso não poderá ascender à maioridade que não tem? Suprimi-lo é suprimir a possibilidade de que o absoluto conscientemente se instale nele. Suprimi-lo é suprimir o Universo que aí pode instaurar-se, porque se o nosso "eu" fecha um cerco a tudo o que existe, a nossa morte é efectivamente, depois de mortos, a morte do universo".
(Vergílio Ferreira, Ibidem)