quinta-feira, outubro 30, 2008

Jornadas entardecidas

Quase sempre deixamos que o caminho
Se perca na distância
E tardamos na jornada

Quase sempre permitimos a confusão
Na clareza que se espera
E tardamos na jornada

Quase semre nos ficamos e tornamos
Mudos, surdos e cegos
E tardamos na jornada

Quase sempre acabamos assim
Entardecidos na rota desconhecida
E tardamos na jornada

Quase sempre nos tardamos
Na vontade de chegar no tempo
E a jornada cumpre-se, mesmo assim

quarta-feira, outubro 29, 2008

Outros olhares

José Malhoa, 1855-1933
Outono

1919, óleo sobre madeira
Museu do Chiado, Lisboa, Portugal
Imagem
daqui

terça-feira, outubro 28, 2008

Crónica de nada

Há dias assim. Começamos as nossas andanças sem outro rumo que o não saber por onde ir. É como olhar em frente e somente se aperceber que apenas o vazio se realça.

Abrimos os olhos e nada enxergamos. Também mais parece que não queremos mesmo ver para além do que não se vê. E quando, por acaso, acabamos por descobrir que ainda somos capazes de ver alguma coisa, fechamos os olhos com a convicção que o que se vê não tem nada a ver connosco próprios.

Há dias assim. Em que apenas vamos descobrindo que de pequenos nadas se vão fazendo as nossas horas, os nossos dias.

Há dias assim. Em que apenas nos descobrimos no nada das coisas que acabam fatalmente por não acontecer.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Revelações

Por mais que o queiramos esconder
Há sempre um sentimento latente
Que se liberta e autonomiza

E quando menos damos por isso
Quando já nem queremos mesmo saber
O inesperado revela-se à nossa frente

domingo, outubro 26, 2008

“HAIKU” [XXXIII]

Um monte nevado
E outro monte sem neve
Parecem à mesma altura.

INAHATA TEIKO (n. 1931)

sábado, outubro 25, 2008

Os meus olhares

Santarém
Seminário, Painéis de Azulejos [pormenor]

terça-feira, outubro 21, 2008

Momentos íntimos

Sei que sou
Sou quem sei
E quase sempre
Sei que quem sou
É o que sou
Desde que sei

domingo, outubro 19, 2008

sexta-feira, outubro 17, 2008

Outros olhares

Eduardo Nascimento
Série: Monges

quinta-feira, outubro 16, 2008

Inquietações

Quando as palavras se tomam em demasia
Quase sempre ficam os conceitos por dizer

Nem sempre o falar, como falam os faladores
Significa conversar

quarta-feira, outubro 15, 2008

Momentos íntimos

Se muitas vezes somos confrontados no espelho da vida
Dúvidas constantes
Descobrimos que o nosso tempo é o tempo da certeza da espera

terça-feira, outubro 14, 2008

Outros olhares

Alexander Sadoyan
Blossom
Oil/Canvas
Imagem
daqui

segunda-feira, outubro 13, 2008

“HAIKU” [XXXII]

Cigarras da tarde –
Rostos que passam e cruzam
Sem dizer palavra.

ISHIBASHI HIDENO (1909-1947)

sábado, outubro 11, 2008

Divagações [5]

Nas ondas do mar
Vagueiam os meus anseios

Nas ondas do mar
Confundem-se os meus sentimentos

Nas ondas do mar
Revelam-se os meus sonhos

quinta-feira, outubro 09, 2008

Cantiga para um herói apressado

Mesmo antes de chegar se ouvem
As trombetas a anunciar o já desvendado

Chega sempre em alaridos cacofónicos
Que duram apenas a brevidade da poeira

Nas chegadas rápidas e sonoras
Antecipa com mestria a partida súbita

A sua hora é a hora da pressa
O seu tempo a azáfama de não estar

A sua coroa é a do espectáculo permanente
Que se esfuma na história que não aprende

terça-feira, outubro 07, 2008

Momentos íntimos

Estranhos sentimentos me trouxeram quando chegaram
Perfeitos desconhecidos
Na minha cidade abalaram certezas talvez impostas