sexta-feira, março 30, 2007

Que bem me vai saber o Fim-de-semana

Juan M. Valcarcel Obelleiro
El descanso

Óleo y collage sobre Tabla
http://www.jvalcarcel.com/2003/paginas/taller03.htm

Citação do dia

Podemos estrangular os clamores, mas como vingarmo-nos do silêncio?
Alfred de Vigny
Escritor francês (1797-1863)
www.citador.pt

quinta-feira, março 29, 2007

Coisas da vida

O que é que o desiludiu? Nada, respondi. E era verdade.

Nem sempre os nossos caminhos são o continuar de outros caminhos ao longo da estrada da vida.
Nem sempre os nossos passos percorrem as mesmas estradas, ano após ano, mês após mês, dia após dia.
Nem sempre os nossos pés absorvem a mesma poeira, o mesmo calor, a mesma chuva, a mesma aragem, o mesmo vento.
Nem sempre os nossos momentos são fruto das mesmas famílias, das mesmas equipas, dos mesmos grupos, dos mesmos colectivos.

Por isso, às vezes os nossos caminhos são diversos daqueles em que iniciámos a jornada e daqueles com quem partimos.
Por isso, às vezes os nossos passos percorrem estradas estranhas, em etapas diferentes.
Por isso, às vezes os nossos momentos são fruto de gente que não sabemos, em espaços desconhecidos, em tempos ainda não descobertos.

Mas, quer queiramos ou não, muito embora todos os imponderáveis, todos os acasos ou não acasos, todos os nossos desejos ou anseios, o nosso ser, apesar de tudo, continua a ser o nosso ser.

Por isso, quando me perguntaram o que me tinha desiludido, para não pisar os mesmos rituais da vida, apenas pude responder: nada. E era mesmo verdade.

quarta-feira, março 28, 2007

terça-feira, março 27, 2007

A Comédia (divina) de Dante


“Ó cega cobiça, ó ira louca,
que nesta vida efémera nos incitas,
para nos banhar tão mal assim na eterna!”

Canto Décimo Segundo
(Sétimo Círculo)

segunda-feira, março 26, 2007

Citação do dia

Raramente conhecemos alguém de bom senso, além daqueles que concordam connosco
François, Duque de La Rochefoucauld
www.citador.pt

sábado, março 24, 2007

sexta-feira, março 23, 2007

Temporalidades

No silêncio das palavras que não se pronunciam
Escuta-se o som das vozes que não se calam.

No ar respira-se o alento que desejamos
E provocamos até que as forças nos abandonem.

Este é o tempo dos que conhecem o longe
E que sonham horizontes de perenidades.

quinta-feira, março 22, 2007

Pensamentos subversivos XVIII

Quando queremos que algo não se faça, basta reunirmos uma dúzia de pessoas para o fazerem.

Sobretudo, marcando pelo menos uma dúzia de reuniões com mais umas meias dúzias de uma dúzia de pessoas diferentes.

E se juntarmos a isto tudo uma meia dúzia de almoços e uma dúzia de jantares com todas estas pessoas, então – Oh deuses! – é a ineficácia total.

quarta-feira, março 21, 2007

terça-feira, março 20, 2007

Uma questão de respeito

Embora discorde frequentemente (vezes demais porventura) com ela, tenho por Maria José Nogueira Pinto o maior respeito. Como mulher, como cidadã, como política, até.

Por isso não posso deixar de sentir que
isto tudo o que se viu e passou nos últimos dias foi, para ela, uma grande injustiça. Que não mereceu, de todo.

Na verdade, há regressos que mais valia serem de partida.

Momentos íntimos (I)

Se te sentes
Como um barco a quem
Cortaram as amarras
Numa noite de tempestade
Lembra-te que aquele mar
Que ruge ao teu redor
É também o mesmo mar
Que te acaricia com suavidade
Quando o calor te afoga.

segunda-feira, março 19, 2007

Pensamentos subversivos XVII

Dizia antes que parece que temos mesmo homem. Só que também me parecia que de Espírito, nem novas nem velhas.

Agora, cada vez mais me vai parecendo cá a mim que ainda haveremos de ver um dia destes, aí por qualquer local, um “autozito de fé”, ou, no mínimo, umas “bruxazitas” a serem chamuscadas.

sábado, março 17, 2007

É Fim-de-Semana

Lorenzo Gonzalez Chavajay
Descansando (Resting)
Oil on canvas. 1992
http://www.artemaya.com/galgch.html

sexta-feira, março 16, 2007

Boa, BENFICA!

E ainda dizem que sou eu que tenho os meus “amores” de estimação (II)

Ontem, esperava uma noite tranquila. Como tantas outras que já tivemos, naquele rectângulo, onde uma bola serve para nos reconciliarmos com a própria vida.

E, vá lá, ontem até cumpriram aquilo que era o dever mínimo que à equipa se exigia: passar aos quartos de final. Com todas as contingências que o futebol tem, é evidente.

Mas, caramba, será que o Senhor Engenheiro – por quem tenho muito respeito, como homem – saberá bem o que é um guarda-redes?

quinta-feira, março 15, 2007

Sempre que me quiserem

Sempre que me quiserem desperto
Saibam que posso continuar adormecido.

Sempre que me quiserem aberto
Saibam que posso continuar hermético.

Sempre que me quiserem sentado
Saibam que posso levantar-me e partir.

Sempre que me quiserem de pé
Saibam que posso acomodar-me e ficar.

Sempre que me quiserem
Saibam que posso ser, enfim.

quarta-feira, março 14, 2007

Denominador comum

“(…) Agora que se fazem balanços dos anos de governo e presidência, confesso que para mim o melhor balanço foi mesmo aquele que vi no programa do "Gato Fedorento". Porque me acordou para essa imagem cada vez mais igual de todos os políticos - e ao mesmo tempo me lembrou que, para o bem e para o mal, Jorge Sampaio foi o último presidente de "rosto humano" que tivemos, como presumivelmente António Guterres terá sido o derradeiro chefe de governo a mostrar sentimentos, cumprindo a assinatura de Edson Athayde: "Razão e coração".O tempo agora, na política, como em quase tudo, é de pragmatismo e frieza. Não significa que seja melhor - mas em princípio será mais eficaz. Resta saber quanto tempo dura esta moda até o eleitor, o consumidor, o cidadão, se fartar desta régua e esquadro e desejar novamente uma lágrima ao canto do olho. Ou um grito de revolta. Já vimos de tudo nas últimas décadas. Vamos voltar a ver.”
Pedro Rolo Duarte
Diário de Notícias, 14.03.2007

Deixem-me lá ver se percebi bem: As tareias devem ser sempre mais que duas

O Tribunal da Relação do Porto (TRP) absolveu, no passado mês de Fevereiro, um homem acusado por um crime de maus tratos à mulher e condenado no Tribunal de Peso da Régua por dois de ofensa à integridade física simples. Como este crime depende de queixa particular, o arguido argumentou que a mulher não a apresentou um tempo útil. E os juízes desembargadores também consideraram que o indivíduo não cometeu um crime de maus tratos, porque bateu na mulher "apenas duas vezes".
Diário de Notícias, 14.03.2007

terça-feira, março 13, 2007

Não há nada que o tempo não venha a desvendar…

"O sueco Hans Blix, que chefiou a diplomacia de Estocolmo em 1978 -79, não tem dúvidas: a invasão do Iraque foi "claramente ilegal". Tivesse sido dado mais tempo - "alguns meses" bastavam - à equipa de inspectores da ONU que chefiava e o mais provável é que a "tragédia" iraquiana a que assistimos desde 2003 não teria acontecido. Blix dixit, ontem, em entrevista à Sky News."
Diário de Notícias, 13.03.2007

Dúvidas subversivas V

segunda-feira, março 12, 2007

Lugares vazios

Há um lugar vazio
No vazio do nosso espaço.

Trouxeram as letras do teu desejo
E o som do teu querer que alguns não ouviram.
Porque ausente em tempos de lonjura
De esquecimento foram os dias deste tempo.
E vazio ficou, assim, o lugar em julgamento.

Há um lugar vazio
No vazio que se criou no meio de nós.

sexta-feira, março 09, 2007

Enriquecimentos e empobrecimentos

Acordo dá à Teixeira Duarte mais de 12,6 milhões pelo abandono da Cidade Judiciária
Público, 09.03.2007

Como se diz – e muito bem – no Câmara Corporativa, “Não sei se há o tal enriquecimento injustificado que reclama o Dr. Marques Mendes, mas tenho a certeza de que o empobrecimento dos cidadãos contribuintes é mesmo injustificado”.

Mas, vá lá, vá lá, para salvar as contas públicas, já se tomaram algumas medidas: reduzem-se as férias e aumentam-se os horários dos funcionários públicos e mandam-se muitos deles embora. Por outro lado, encerram-se por aí umas escolazitas e umas unidadezitas de saúde. Enfim, o Estado tem que ser pessoa de bem

A Comédia (divina) de Dante


“Mas porque a fraude é pecado próprio do homem,
mais desagrada a Deus, e os fraudulentos
estão mais baixos e são lançados a maior dor.

Canto Décimo Primeiro
(Ainda o Sexto Círculo: Heréticos)

quinta-feira, março 08, 2007

Acasos da vida

Há convites que servem apenas para podermos dizer não.
Há convites que servem apenas para se saber o que se quer. Ou não quer.
Há convites que servem apenas para que não nos possam acusar de esquecimento.
E há, por isso, também, palavras que apenas significam as letras que as compõem.
Por mim, respondo-me como sou.
Tranquilo e sossegado.
Em paz com todos. E, sobretudo, comigo próprio.

Olhares [de hoje]

Lívio de Morais
Mulheres da Ilha de Moçambique
Óleo sobre tela
http://www.portugal-linha.pt/arte/lmorais/index.html

quarta-feira, março 07, 2007

Sei que sou

Não sei quem sou
Não sei donde vim
Não sei para onde vou

Sei quem me gerou
Não sei quem me criou

Só sei que sou

terça-feira, março 06, 2007

Afinal temos homem

E ainda dizem que sou eu que tenho os meus “amores” de estimação

Hoje, mais uma vez, lá fui ao hospital, ao serviço de imunohemoterapia, para as minhas análises, praticamente mensais, para que o sangue que me corre nas veias tenha a fluidez necessária à válvula mecânica com que me ornaram o coração. Coisa normal na vida de qualquer um que se preze.

Hoje, estive (e como eu, outros mais) no hospital mais de três horas, para fazer uma coisa que podia ser feita, calmamente, em trinta minutos. E já estou a ser bem tolerante.

Como “calmante”, que não pedi ao médico que me atendeu, em espanhol, a correr, diga-se, registei que, hoje, apenas um clínico ali estava ao serviço. Claro que o meu protesto não era para ele, que ali estava, afinal, fazendo, talvez, o seu melhor.

E depois não querem que fique apreensivo quando oiço e vejo o que está à vista de toda a gente: hospitais, urgências e maternidades encerradas, centros de saúde reduzidos e afastados dos que os utilizam. Ah, e para não falar nas taxas moderadoras e mais aquele famigerado conceito de “utilizador – pagador”.

Já agora, cá para mim, parece-me que saúde, educação, habitação, trabalho, são direitos fundamentais do ser humano. Sem os quais não pode haver dignidade na vida humana. Parece-me. Se estou enganado, peço desculpa.

domingo, março 04, 2007

Pensamentos subversivos XVI

Ao olhar o que nos estão a fazer (por ex. entrada anterior), quer-me cá parecer a mim, que um dia destes ainda vamos acabar por só podermos respirar se pagarmos o próprio ar que respiramos.

É preciso ter [lata] criatividade…

“A curiosidade das Finanças não tem limites. O fisco quer saber quanto dinheiro os pais dão aos filhos, quanto é que os maridos dão às mulheres e pretende cobrar imposto de selo nas doações entre irmãos. E vai começar a fiscalizar tudo.”

Miguel Ganhão
Sábado, “Trocos”, 01.03.2007

Leituras de fim-de-semana

  1. “A Câmara de Lisboa continua a triturar vereadores, Marques Mendes foge para os pescadores de Esmoriz, mas Carmona Rodrigues promete manter-se no lugar. O poder parece ter cola…”
    .
  2. “Há os que não fazem, os que fazem mal e os que não sabem o que fazem. Mas só há um que consegue juntar as três qualidades: Correia de Campos. (…)”

    Gonçalo Bordalo Pinheiro
    Sábado, “Primeiro Plano”, 01.03.2007

sexta-feira, março 02, 2007

Cuidado, que ele vem aí!

“Ele vai voltar. Nunca tivemos dúvidas, claro. Como nunca tivemos dúvidas de que Soares, o Mário, voltaria - mesmo se ele, acredita--se, acreditou que não, até lhe apetecer voltar. Como não temos dúvidas de que Santana Lopes vai, tarde ou cedo, dar mais um ar da sua (falta de) graça. (…)

Mas a direita liberal e desempoeirada sempre esteve lá, afinal. A hibernar, à espera do seu momento, da aclamação possível, do golpe oportuno. Like a virgin, agora em "moderno", em cinéfilo maneirista, um pouco mais loiro e talvez até laico-calmo, Portas regressa ao ringue. Os tempos são outros, ele também não.”

Fernanda Câncio
"Rocky Portas, a sequela, parte 4"
Diário de Notícias, 02.03.2007

quinta-feira, março 01, 2007

Olhares subliminares

Jose Goncalves
"Cadeiras Pequenas - Small Chairs"
acrylic on canvas
http://www.judirotenberg.com/images.asp?id=59&pg=8&type=1