quinta-feira, janeiro 31, 2008

Se calhar até eu apostava…

É certo que o esperam 71 virgens no Paraíso, mas aposto que, para morrer num hospital português, o terrorista fica em lista de espera até as virgens serem septuagenárias, altura em que a virgindade perde muito do seu encanto.
Ricardo Araújo Pereira
Terrorismo é uma coisa, estupidez é outra
Visão, 31.01.2008

Leituras de hoje

«(…) Correia de Campos cometeu um erro que podia, e devia, ter evitado. De facto, a concentração de serviços em nome da racionalidade, e o consequente encerramento de outros, só pode ser feita com segurança se existir a garantia do transporte dos doentes em boas condições e em tempo útil. É fácil perceber que quando se deslocalizam serviços se modifica a relação de proximidade física do cidadão, seja ao centro de saúde, ao SAP ou ao bloco de partos, gerando inevitavelmente sentimentos de incerteza e de insegurança. (…)»
Maria José Nogueira Pinto
POLÍTICA E SAÚDE
Diário de Notícias, 31.01.2008

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Relação breve

Descobrimo-nos.
Abraçámo-nos.
E chegámos.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Os meus olhares


Ó lá, lá…

Remodelação: ministros da Saúde e da Cultura de saída do Governo
Público, 29.01.2008

Confirmado aqui

A ver se nos entendemos…

«(…) Sim, a gente sabe que há normas de segurança para serem cumpridas e que convém não brincar com o terrorismo. Mas não é por isso que a coisa deixa de ser deprimente. Evacuar uma estação de metro inteira por causa de um saco embrulhado num "lenço árabe" e depois fazê-lo explodir sob o olhar atento de dezenas de polícias é deveras embaraçoso. Vejamos: um saco embrulhado num "lenço árabe"? Mas se algum fundamentalista islâmico quisesse rebentar com uma carruagem embrulhava as bombas no lenço do Arafat? E de caminho, já agora, afixava nas portas do metro uns posters do Ben Laden. Por favor.»
João Miguel Tavares
FALTA DE AMBULÂNCIAS E EXCESSO DE TERRORISTAS
Diário de Notícias, 29.01.2008

“HAIKU” [VIII]

De gengivas irritadas,
Meu bebé morde o mamilo –
Neblina no céu.

SUJITA HISAJO (1890-1946)

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Dixit

«(…) Acresce que o Ocidente (ou a sua intelectualidade bem pensante) ainda gosta de se culpabilizar pela situação que o mundo vive. Tudo junto, isto resulta nesta espécie de esquizofrenia em que vivemos: temos medo deles, mas não sabemos exactamente como prevenir esse medo, senão reforçando a nossa segurança e a nossa desconfiança.
Aos poucos tornamo-nos mais securitários, mais adeptos do fecho das fronteiras, mais adeptos da vigilância electrónica, mais adeptos de uma série de medidas que contradizem a enorme marcha da nossa civilização para uma sociedade mais livre.
Essa é a guerra que estamos a perder. Em nome da nossa segurança e por via da nossa incapacidade derrotamo-nos a nós próprios. E eles, para quem a morte é a glória, sabem-no muito bem.»
Henrique Monteiro
A guerra que andamos a perder
Expresso, 28.01.2008

domingo, janeiro 27, 2008

Dixit

Escusado será dizer que não há aqui qualquer escolha. Menezes e Santana representam, no essencial, o mesmo: um PSD que só pode ter futuro em condições que nem ele, nem o regime podem prever ou controlar; um PSD aventureiro e berlusconiano, com uma ideia vaga das instituições; um partido ressabiado e vingativo para com alguns dos seus que o país respeita; e uma tribo que se galvaniza no propósito de vingar memórias e matar fantasmas exclusivamente seus. Ao amigo que me perguntou se, no caso, eu não "estava com Santana", continuo a dizer: "A cem por cento. O que não tem - nem para mim, quanto mais para os outros - a mais pequena importância."
Nuno Brederode Santos
VISTO DA MARGEM
Diário de Notícias, 27.01.2008

Quem fala assim…

Citação do dia

É fácil apagar as pegadas; difícil, porém, é caminhar sem pisar o chão
Lao-Tsé
China Antiga, [-570--490], Sábio
Citação
daqui

sábado, janeiro 26, 2008

Os meus olhares

[As minhas origens]

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Citação do dia

Não corras atrás da glória, porque só ela é que pode correr atrás de ti.
Vergílio Ferreira
, Escritor Português (1916-1996)
[Via Destak, 23.01.2008]

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Os meus olhares


Bem dito

«(…) Note-se que esta podia e devia ser uma boa lei. Todos percebem que fumar faz mal e ninguém, verdadeiramente, se insurge contra medidas que desencorajem práticas que lesam a saúde própria e de terceiros. Mas não sendo crime fumar, sendo livre a venda do tabaco da qual o Estado, aliás, arrecada grossas receitas e registando Portugal uma elevada taxa de alcoolismo e toxicodependência, a ferocidade com que o legislador saltou sobre os fumadores obrigava-o a fundamentar esta medida de em princípios transparentes de razoabilidade e equidade.
É tudo isto que vai retirando legitimidade a essa lei "clara nos objectivos, mas de difícil leitura", para citar as palavras de Francisco George. Porque não é só a leitura que é difícil, a mente do legislador também está confusa e a equidade comprometida. Esta lei não é dura. É uma anedota.»
Maria José Nogueira Pinto
DURA LEX SED LEX?
Diário de Notícias, 24.01.2008

Contaram-me de ti

Contaram-me do orvalho
Nos teus olhos silenciosos
E da tua figura agastada.
A inquietação perturbou-me.
De não ter olhado o teu rosto
De não ter sentido as tuas mãos inquietas
De não ter falado as palavras
Que esperavas e não pedias.

Contaram-me dos teus olhos
Perdidos na névoa sombria
De momentos que te feriram.
E eu envolto em nuvens
De coisas bem feitas e frágeis.

Contaram-me da tua chegada
Sem passos de caminhada
E eu tão longe já partido.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Ora ainda bem que cá temos os bons exemplos da iniciativa privada!

Há pessoas que esperam três horas para serem atendidas nas urgências do Hospital da Luz, embora esta instituição privada garanta que o tempo médio de espera não chega a uma hora
Sol, 23.01.2008

‘Estória’ de não saber

Não sei de José nem de João, nem mesmo sei se se chamam João e José. Não sei nada sobre as suas vidas, como não sei o que fazem, o que pensam, o que dizem. Até mesmo o que escutam. De quem passa ou não passa perto das suas vidas.

Não sei de José nem de João. Nem mesmo sei como apareceram por ali. Como não sei também se se conhecem, ou se estão ali os dois como se não estivessem os dois ali junto um do outro. Por acaso, até nem sei se o José se chama, afinal, João, ou vice-versa. Ou, por ventura, Manuel, Tiago, Luís, Alfredo, ou António.

Não sei de José nem de João. Nem devo saber se mais alguém desconhece a sorte ou a má sorte destes João e José. Como também não sei se vivem, ou sobrevivem, ali ou apenas se ali se deixam estar.

Não sei muita coisa, das muitas coisas que a vida nos traz.

O que sei é o que vi. Dois cobertores tapando dois corpos, ali mesmo junto à porta de uma das Igrejas que abrigam preces nesta nossa Lisboa tão espiritual e tão mística. Não sei se eram o José e o João. Nem sei tão-pouco o porquê de estarem ali. Sei que a noite já estava. Eles também.

Não sei o depois. Nem sei como terá sido o antes.
Sei que por ali passa gente. Como eu.

terça-feira, janeiro 22, 2008

“HAIKU” [VII]

Ao longo da noite,
Uma mulher a dormir
Qual bicho-da-seda.

TAKESHITA SHIZUNOJO (1887-1951)

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Dixit [Indignações]

«(…) Não sei se Paulo Teixeira Pinto foi ou não um bom administrador do BCP. Admito que sim. Conheci-o quando secretário de Estado de Cavaco Silva e tive de várias fontes a opinião de que se tratava de alguém muito empenhado e competente no seu trabalho. Não me admiro de que, à luz das regras em vigor no banco de Jardim Gonçalves, seja inteiramente merecedor dos 10 milhões de euros que, segundo o 'Público', recebeu à cabeça para sair do BCP. E dos 500 mil euros anuais que assegurou de reforma (para o casal, explicita o jornal), traduzindo-se isto em 35 mil euros mensais. Mais ou menos o equivalente a cem pensões de reforma das mais baixas. Não é de bom tom falar em público do dinheiro que cada um ganha ou deixa de ganhar e, muito provavelmente, haverá no BCP e noutras empresas casos similares, ou até bem mais chocantes. Mas, ainda que se trate de um banco - e de um banco privado - a um país que quase só trabalha para engordar os bancos sobra, pelo menos, aquele direito de que em tempos falava o ex-Presidente Mário Soares: o direito à indignação.»
Fernando Madrinha
Jogo de enganos
Expresso, 21.01.2008

Gente sem memória, é gente sem futuro

Didáctica, a série “Conta-me como foi”, que tem estado a ser exibida na RTP1, aos Domingos.

sábado, janeiro 19, 2008

Dixit

«(…) Em Portugal, quando se olha para as promessas incumpridas dos políticos, jogos obscuros na banca, subterfúgios à procura da localização de aeroportos, uma política de saúde que fecha maternidades e urgências e descura pobres e velhos, o caos na justiça, um leque salarial gritantemente indecoroso, previsões inverdadeiras da inflação e outras infindas manobras com corrupção activa e passiva à mistura, tem-se a sensação de que se avança em terreno minado pela mentira, com uma democracia perplexa, triste e quase impotente. Quando os portugueses têm direito à verdade.»
Anselmo Borges
MENTIRA E DIREITO À VERDADE
Diário de Notícias, 19.01.2008

Outros olhares

Carmela Corsitto
Imagem daqui

sexta-feira, janeiro 18, 2008

A ler [a crónica toda]

Neste País, prometer raramente significa cumprir. O «prometer» à portuguesa dura o tempo que se demorar a arranjar uma boa desculpa para esquecer
Miguel Carvalho
A Devida Comédia
Visão, 18.01.2008

Santas e sagradas … imoralidades!

O ex-presidente da comissão executiva (CEO) do Banco Comercial Português (BCP), Paulo Teixeira Pinto, saiu há cinco meses do grupo com uma indemnização de 10 milhões de euros e com o compromisso de receber até final de vida uma pensão anual equivalente a 500 mil euros.
Público, 18.01.2008

Dúvidas subversivas (XXIX)

Quando se faz por fazer… [Ou: o que torto nasce, tarde ou nunca se endireita…]

Discotecas ficam fora da proibição de fumar
Diário de Notícias, 18.01.2008

Outros olhares

Mary E. Morris
Josefina
Imagem daqui

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Pensamentos subversivos (LVII)

Lá fora, como cá dentro, são sempre os mais pequenos a servirem de exemplo.
[Pelo menos, será sempre a maneira mais fácil…]

‘Estória’ de chegar

Chegou como chegam todas as coisas que acabamos por aceitar e gostar.
No espaço que desde sempre conhecemos como o espaço onde fatalmente nos chegamos, mesmo que nem sempre o saibamos reconhecer, encontrou um lugar onde pudesse repousar a cabeça. E o corpo todo, já agora, que nem sempre é apenas a cabeça o motivo dos cansaços que nos tolhem o movimento.

Chegou como chegam todos aqueles que acabamos por receber com a naturalidade do estar e do permanecer.
No tempo que desde sempre aprendemos a conhecer como tempo de serena tranquilidade, propiciadora de novos quereres, retemperadora de novas energias, apaziguadora de forças aquecidas por tempestades bem carregadas, encontrou novo tempo de re-aprender a sonhar, porque da vida talvez apenas pudesse respirar o sonho.

Chegou, afinal, como chegam todos aqueles que chegam. Sem mais.
E aqui, onde me encontro, onde nos encontramos, apenas somos capazes de ver, de escutar, de apreender, de abarcar, de ousar, tudo aquilo que fica para lá dos que chegam. Os que chegam como chegam. Sem mais.

Porque, talvez, ficar, estar, permanecer, como quem fica, está, permanece, se calhar só está ao alcance daqueles que são capazes de chegar como chegam todos aqueles que chegam. Sem mais.

Provérbios

A vida é um empréstimo que temos a pagar em data incerta
Citação daqui

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Dixit

«(…) Mas este é o discurso do poder e os seus ecos mais condenáveis. Perdeu-se o sentido das proporções, e a ética foi torpedeada por uma democracia administrativa que protege e premeia quem a defende e vitupera e persegue quem a critica. Não há grande variação das formas da palavra. Entre os que decidem, os que se submetem e os que reivindicam existe o domínio de classe que tende a confundir a generalidade e o interesse geral.
Quem nos acode?»
Baptista-Bastos
OS 'GÉNIOS' E OS OUTROS
Diário de Notícias, 16.01.2008

Porque é que dou por mim a pensar que isto já nem é notícia?…

Função pública deve perder poder de compra pelo nono ano
Público, 16.01.2008

Boa malha!

«Admirou-me a cabazada: 98 a 2! Um resultado que só acontece de millennium em millennium
Ferreira Fernandes
Diário de Notícias, 16.01.2008

Temporalidades

O tempo está tão cheio de poeira
Que nos leva a baixar a cabeça
Como se desce o sentimento.

Abrem-se à nossa frente janelas
Franqueadas em gestos largos e manchados
Pela humidade que nos medra nos olhos.

A nossa casa tem sido quase sempre
A sensação de querer mais e poder menos
O desejo de ansiar e a vontade de ousar.

E porque apenas conhecemos o que está perto
Descuramos com a indiferença dos fracos
Os longes que se desejam aqui bem perto.

É verdade que não somos capazes de olhar
E o ver está tão afastado de nós
Como do fariseu a compaixão se perdeu.

O tempo está tão cheio de poeira
Como enevoado se descobre, afinal,
A minha distância para a vida.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Os meus olhares


Dixit

«(…) Foi criada, em Paris uma nova dupla de confusão política e ideológica, quando o que se impõe é clareza nas ideias e nos princípios: a dupla, Nicolas Sarkozy/Tony Blair, em nome da modernidade. Que modernidade? Obviamente a que agrada ao grande capital, que é velha e está muito desgastada pelas promessas não cumpridas. Os tempos agora são diferentes. Há clarificações que estão a ocorrer, por força das circunstâncias. Contudo, a dupla pode fazer alguns estragos. Blair, recém-convertido ao catolicismo, consultor político do banco norte-americano J. P. Morgan, ainda fala da "terceira via", apesar de desacreditada. Espero que não consiga convencer nenhum socialista consciente. Depois do Iraque e da Cimeira dos Açores, o mundo está noutra...»
Mário Soares
NOTAS SOBRE 2008
Diário de Notícias, 15.01.2008

Edificante…

BCP envolto em conversas de "sarjeta"
Diário de Notícias, 15.01.2008

“HAIKU” [VI]

Provando a dureza –
Um vaso de sempre-noiva
Bem no meio da neve.

DEN SUTEJO (1633-1698)

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Vale a pena ler

AVC’s [e outros enfartes] clubísticos [2]

Que é que querem?
É o clube do meu coração no melhor de toda a sua “normalidade”.

E já agora, até na realeza somos bem mais pequeninos que aqui ao lado. É que nem o nosso 'Donzinho' consegue dar a 'el-presidente' o seu mais veemente “porque não te calas?”.

domingo, janeiro 13, 2008

sexta-feira, janeiro 11, 2008

A ler

Os meus olhares


quinta-feira, janeiro 10, 2008

E porque não pegar nele e ler?




Vates A.G.B.
Ana Margarida Oliveira

Ed. Verso da Kapa

.



  • «A verdade é que já Camões conferiu ao povo português, n’Os Lusíadas um carácter messiânico, um povo eleito que dá mundos ao Mundo. (…) E tal como agora, também então vivemos, como diz Fernando Pessoa, na “mágoa de um presente infeliz, a saudade imensa de um futuro melhor”. Acreditamos num “Encoberto” e, ao longo da História, acreditámos em vários. Esse é o nosso mito: não ter um mito para além de nós próprios, e é isso que nos une.» (Pág. 293)

  • «Na verdade, ao longo dos séculos fomos descobrindo o Mundo e esquecemo-nos de nos descobrir a nós. Abrimos as portas ao Mundo e fechámo-las a nós. Nós podemos ser o nosso próprio Encoberto.» (Pág. 294)

Em Janeiro de 1608, em pleno reinado de D. Filipe II, a nau Santo Agostinho sai de Goa para mais uma viagem de volta ao reino. Dentro desta nau estão as enigmáticas Trovas do Bandarra.

No século XXI, uma jornalista, ao preparar um artigo sobre Fernando Pessoa, apercebe-se que algo de estranho se passa com as Trovas do Bandarra.

Entre as dificuldades da viagem na nau do século XVII e as descobertas arqueológicas do século XXI, desenrolam-se duas fascinantes e tumultuosas histórias de amor e ainda a perigosa tarefa de decifrar as Trovas do Bandarra.

No fundo, Ana Margarida Oliveira, o que nos veio oferecer foram duas histórias de amor, numa única história de querer bem. De querer bem a um destino que de pessoal, se transforma necessariamente em colectivo. E, por isso mesmo, comum. E que, inexoravelmente, se tem [terá] de cumprir.

E isto não é, com toda a certeza, o menos importante.


“Vejo o mundo em perigo,
Vejo gentes contra gentes;
Já a terra não dá sementes,
Senão favacas por trigo
Já não há nenhum amigo,
Nenhum tem o ventre são,
Somos já vento soão,
Que não tem nenhum abrigo “
Citação daqui

Imagem daqui

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Espaços amigos

Mão amiga me levou a este espaço.
Por lá andei e gostei. E lembrei o tempo em que por “lá” fui respirando.
Por isso, aqui fica o registo:
..

Será que só sabemos andar bem depois de levarmos um bom puxão de orelha?

Governo volta atrás e paga aumento extraordinário das pensões de uma vez só
Público, 09.01.2008

Pensamentos subversivos (LVI)

É pá, porreiro pá: Lá conseguimos cumprir os nossos objectivos. E mais: a coisa vai ser votada por mais de 50% do colégio eleitoral. Com eficácia, portanto.

“HAIKU” [V]

Sozinha na cama,
Um mosquito macho entoa
Um triste sussurro.

KAWAI CHIGETZU (1634?-1718)

terça-feira, janeiro 08, 2008

Dúvidas subversivas (XXVIII)

P’era lá, a ver se entendo a coisa: então o que se quer pagar ao longo de 2008 não era relativo a 2007 [Dezembro e subsídio de Natal]?
Não será também para se poder dizer depois, lá mais para o final do ano, que o aumento foi superior?...

Outros olhares

ANTICO
Venus Felix
c. 1495, Bronze, partly gilded
Kunsthistorisches Museum, Vienna
Imagem daqui

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Pensamentos subversivos (LV)

A ver se percebi bem a coisa: então “o Banco de Portugal tinha obrigação de saber o que se passava no BCP”, e “se não sabia é grave”! Mas, no meio disto tudo, o homem deve, no entanto, manter-se no cargo? É boa!

AVC’s [e outros enfartes] clubísticos

Ora bolas! Eu também não morro lá muito de amores pelo homem. Mas aqui, não sei, não, se ele não terá alguma pontinha de razão.

Senão, vejamos [é preciso não ter a memória curta, e ter alguma calma a ver as coisas]: Até hoje não tínhamos ouvido falar de qualquer destes jogadores por estas razões. Mais até, qualquer deles era pedra bem importante, para não dizer essencial, na estrutura da equipa. Que se saiba, como jogadores e como pessoas. Aliás, se calhar ninguém era capaz de dizer com convicção que algum deles fosse capaz disto.

Mas o que aconteceu, aconteceu. Não poderia nunca acontecer. Esteve bem o treinador ao fazer o que fez. Também esteve bem o presidente ao fazer o que fez. Vamos ver o que vai dar, no final disto tudo.

Mas, desculpem lá a maldade, não se me tira da cabeça que o principal culpado de tudo isto não está em nenhum dos dois…

Vale a pena ler

domingo, janeiro 06, 2008

"Meditabundando"

Sobre a Descoberta
Ninguém nos pode privar da alegria do primeiro momento de consciência, ou seja, da descoberta. Mas, se reclamamos as respectivas honras, a alegria corre grave risco de se desfazer. Porque na maior parte dos casos não somos os primeiros.
O que é a descoberta? E quem pode dizer que descobriu isto ou aquilo? Que grande loucura é afinal alardear prioridades nesta matéria. Porque não querer confessar abertamente o plágio é arrogância e inconsciência.
Há dois sentimentos que são os mais difíceis de ultrapassar: o que resulta de descobrir uma coisa que já foi descoberta e o que decorre de se não ver descoberto aquilo que se devia ter descoberto.
Johann Wolfgang von Goethe, in 'Máximas e Reflexões'
Citação
daqui

sábado, janeiro 05, 2008

Ainda há vozes proféticas

«(…) "Quando o salário de uma pessoa é suficiente para financiar mais de cem postos de trabalho e ao mesmo tempo os empregos são eliminados para cortar gastos, isso acaba com toda noção de justiça" (…)»
Bispo Wolfgang Huber, Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana na Alemanha (EKD), ao jornal Bild am Sonntag, [Alemanha]
Via
Diário de Notícias, 05.01.2008

Os meus olhares

Outeiro Pequeno, Torres Novas
[Aqui me sonharam e me descobriram, um dia.]

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Bem dito

«(…) O pior de tudo isto, porém, não é o péssimo exemplo que o dirigente da ASAE, grande inquisidor da colher de pau e da bola de berlim, deu ao país todo na matéria do cigarro, numa espécie de licença tácita para abandalhar. Nem a descredibilização do seu papel e do da entidade que chefia. Nem o facto de vermos deputados a terem de "analisar" uma lei que aprovaram, a ver se a percebem (e a exigirem ao director-geral da Saúde que os esclareça, que lata), ou um casino a tentar não pagar uma multa. O pior de tudo isto é a pacovice provinciana de um país que, cinco meses e meio após a aprovação da lei, acorda para a realidade como se lhe tivessem decretado de surpresa as novas regras e como se leis como esta - e mais rigorosas que esta - não estivessem em vigor, há anos, noutros países, onde, diz-se, parece que também há casinos, e discotecas, e restaurantes, e cafés, e pubs e, imagine-se, fumadores. E onde, consta, ninguém foi à falência ou se suicidou.»
Fernanda Câncio
O INSPECTOR, A LEI, A CIGARRILHA, O CASINO E O PAÍS PACÓVIO
Diário de Notícias, 04.01.2008

Dixit

“Portugal vive um momento difícil, de transição. Pedem-se sacrifícios a uma parte importante da classe média e a uma determinada geração, que tem entre 45 e 65 anos. Ou seja, a geração do 25 de Abril e da consolidação da democracia. Se esses sacrifícios são pedidos, é indispensável que isso se faça com menos arrogância e mais humildade.”
Eduardo Ferro Rodrigues
Entrevista à Revista Visão, 03.01.2008

Poema políticamente incorrecto

Protesto com fumo
(Há tempos, no Aeroporto de Singapura, na sala do fumo...)

Fumador inveterado e bem obstinado
Me afirmei com todas as forças que descubro

Querem-me escondido e esquecido
Em espaços obscuros e esconsos
Como se de peste me vestisse

E apertam-me e empurram e afastam
E me despem friamente do que sou

Encurralado e acossado em nome
De verdades bem vistosas e condignas
Oferecem-me piamente a solidão

Proíbem-me e inibem-me sabiamente
E comercializam, ao meu lado, o meu pecado

Declaração de interesses:
Presentemente, sou não fumador convicto, até porque de sustos já chega.
Mas sou igualmente não pactuante com a estúpida intolerância dos “tolerantes”.
[Para não dizer mais…]

quinta-feira, janeiro 03, 2008

“HAIKU” [IV]

Ela já desponta
Mesmo antes da floração –
Violeta brava.

SHIBA SONOME (1664-1726)

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Dixit

«(…) É hábito perguntarem-me sobre os meus desejos para o ano novo. Disse, por exemplo, ao Correio da Manhã, a frase fácil: "Que o PS fosse socialista." É fácil, mas é o que penso. Embora avisados "politólogos" me advirtam de que é impossível o Partido Socialista ser socialista, não só pela simples razão de nunca o ter sido, como pela lacónica circunstância de nunca o ter querido ser. Aliás, o desenvolvimento, a civilização, o mercado livre impedem a realização desse infausto anacronismo. Já não há socialistas; há pragmáticos: a maravilha elástica que ministra intensas alegrias aos abjurantes do esquerdismo e aos comunistas contritos, alvoroçadamente convertidos aos prestígios do capitalismo. (…)»
Baptista-Bastos
TALVEZ TERNURA
Diário de Notícias, 02.01.2008

E não é que já cá estamos?

E cá estamos.
Na verdade, a certeza que mais vamos tendo, é a de que tudo passa. E passa mesmo.
Passam os dias e passam as horas.
Passam os momentos e passam as sensações.
Na verdade, cada vez mais, vamos acabando por descobrir que muito, mas mesmo muito, pouca coisa vai permanecendo imutável. Mas, não tenhamos dúvida, vai permanecendo imutável.

E cá estamos.
Na verdade, até os anos passam.
Por isso mesmo, cá estamos em 2008. Inexoravelmente. Com toda a irreverência de uma criança que começa a dar os primeiros passos.

E cá estamos.
Na verdade, passámos de ano. 2007 adormeceu o sono permanente e 2008 acordou para a caminhada que se mostra aberta.
Mas também descobrimos a nossa certeza possível. Descobrimos que, pelo menos, ainda respiramos. E, para já, é o que mais importa. Talvez, se calhar, a única coisa que importa.

Que, no entardecer de 2008 possamos descobrir, com serenidade, que valeu a pena participar na caminhada.